Estação Arqueológica da Fonte Santa
Freguesia/Concelho: Freguesia do Torrão / Alcácer do Sal.
Localização: Espaço envolvente da Escola E.B.. 38º 17’ 28.94” N; 8º 13’ 28.15” O. C. M. P. 1:25.000, folha 487.
Cronologia: Séculos I /V d. C.
Descrição: No século XIX foi identificada por Leite de Vasconcelos no lugar denominado de Fonte Santa “... uma pequena construcção romana, feita de opus signinum, e que talvez fosse depósito de ágoa; em volta, muitos fragmentos de tegulas …” (Vasconcelos, 1989 p. 60) (Fig. 1).
Durante as escavações arqueológicas efetuadas com a construção do novo centro escolar da Vila do Torrão foram colocados à vista um conjunto de tanques (Fig. 2 e 3),tanto de formato rectangular como quadrangular de dimensões variáveis e a descoberta de parte de um mosaico (Figs. 4 e 4a). Ainda não escavado na íntegra, o motivo visível corresponde a uma banda de perfil geométrico a preto e branco, integrável em cronologia do século I d.C.
É de salientar o aparecimento de três enterramentos (Fig. 5) no interior de um dos tanques. Corresponde a uma prática bastante frequente depois do abandono de um espaço. Uma vez desativadas as funções iniciais para que era utilizada a estrutura, a sua construção e formato levou a que fossem reutilizadas enquanto área sepulcral.
A hipótese interpretativa colocada aponta para a existência na Vila do Torrão de um complexo termal, associado a uma villa romana com uma ocupação entre os séculos I e V d.C.
Espólio:O espólio exumado até ao momento é composto por moedas, terra sigillata, cerâmica comum e de construção.
Nas proximidades da área desta villa romana, no denominado Penedo Minhoto, foram descobertas duas sepulturas. Correspondem a inumações já com escassos vestígios ósseos. A sua estrutura é formada por tegulae e lateres vulgares dispostos de modo vertical sem cobertura, a base é argilosa.
O espólio recolhido é constituído dois púcaros, um pratel em cerâmica comum e oito pregos em ferro por sepultura o que parece indicar que o corpo, em ambas as sepulturas, foi depositado em caixão de madeira. A sua cronologia aponta para finais do século II d.C. (Figs. 6 e 7).
Síntese de intervenções: Estudada sumariamente por Leite de Vasconcelos no início do século XX, esta estação foi objecto de duas campanhas de escavações em 2009 e 2010, realizadas pelas arqueólogas Ana Catarina Cabrita e Marisol Ferreira.
Estado de conservação: Razoável
Referências bibliograficas
AZEVEDO, P. A. de (1903) - Extractos archeologicos das ‘Memórias Parochiaes de 1755’. O Archeólogo Português, 8, S. 1, p. 214-235.
FARIA, J. C. & FERREIRA, M. A. (1989) - Descoberta de duas sepulturas romanas na vila do Torrão. Movimento Cultural, 5. Setúbal: AMDS, p. 29-35.
VASCONCELOS, J. Leite de (1898) - Excursão Arccheologica ao sul de Portugal. O Archeólogo Português, 4, S. 1., p. 103-116.
VASCONCELOS, J. Leite de (1927) - Excursão ao sul de Portugal, de terra em terra. O Archeólogo Português, 2, p. 47-60.
Marisol Ferreira
Fig. 1 – Localização na C.M.P., esc. 1:25 000, folha 487, da Villa romana da Fonte Santa (1) e da necrópole romana do Penedo Minhoto (2).
Fig. 2 – Fonte Santa. Vista geral da escavação.
Fig. 3 – Fonte Santa. Tanque com degrau, revestido em opus signinum.
Fig. 4 e 4a – Fonte Santa. Vista parcial de mosaico (séc. I d.C.).
Fig. 5 – Fonte Santa. Enterramento no interior de tanque.
Fig. 6 – Penedo Minhoto. Púcaro em cerâmica comum (necrópole romana).
Fig. 7 – Penedo Minhoto. Pratel em cerâmica comum (necrópole romana-).
Add new comment