O Museu Mineiro do Lousal. Mina de Ciência — Centro Ciência Viva
Museu Mineiro do Lousal
Localização: 38°2'11.24"N; 8°25'34.57"W. Lousal. (C.M.P. 1:25.000; folha 518).
Cronologia:Inauguração da primeira fase do projecto de musealização, em Maio de 2001.
Centro Ciência Viva do Lousal
Localização: 38°2'8.30"N; 8°25'33.11"W. Lousal - Freguesia de Azinheira de Barros. (C.M.P. 1:25.000; folha 518).
Cronologia: Inaugurado a 30 de Junho de 2010.
Após um período de intensa actividade, o Lousal sofreu com o encerramento das minas, no ano de 1988, uma rápida desertificação e degradação ambiental.
Com o objectivo de inverter esta tendência e de viabilizar economicamente a antiga mina, a Sapec (empresa do grupo concessionário) e a CMG (Câmara Municipal de Grândola)1 desenvolveram o programa de Revitalização e Desenvolvimento Integrado do Lousal (RELOUSAL).
O projecto incluía a musealização da mina e a criação de infraestruturas turísticas (hotelaria, espaços de lazer, campismo, turismo rural e restaurantes), espaços para formação profissional, micro empresas e equipamentos culturais, prosseguindo como objectivo o envolvimento da população local.
Nesse contexto, em 1996, a SAPEC e a CMG solicitaram à Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI) um estudo prévio para a instalação do “Complexo Museológico” do Lousal.
O programa apresentado propôs a criação de um museu polinucleado, de execução faseada. Na primeira fase seria criado o Centro de Acolhimento e recuperada a Central Eléctrica. Na segunda fase seriam criados os Núcleos de Geologia e Central e recuperadas as Casas das Máquinas, dos Malacates e o Paiol ou Armazém de Explosivos.
O património mineiro seria preservado e valorizado através da reutilização de instalações, equipamentos e objectos da antiga mina, e com o desenvolvimento de diferentes temáticas abordadas em núcleos distintos.
A implementação do projecto teve início com a realização de algumas obras infraestruturais de apoio aos visitantes, nomeadamente a criação do Centro de Artesanato (onde se localizavam os antigos escritórios da mina, o gabinete da Administração, a farmácia e o posto médico), e a recuperação do Armazém Central, situado no edifício da antiga Central a Vapor, para instalação de um restaurante.
Em 20 de Maio de 2001, foi inaugurada aprimeira fase do Museu Mineiro do Lousal, constituída pelos Centro de Acolhimento e Núcleo da Central Eléctrica.
O Centro de Acolhimento, actualmente em remodelação, localizava-se no antigo edifício do Ponto, e aí funcionavam os serviços de recepção, informação geral do público, e loja.
Numa sala anexa, eram apresentadas (antes das actuais intervenções) duas maquetas, uma da região mineira e outra da sobreposição das galerias subterrâneas de exploração do minério. No espaço adjacente, encontra-se um auditório (espaço que será mantido no projecto actual) com equipamento audiovisual, utilizado para eventos culturais, onde os visitantes podiam visualizar filmes realizados nas décadas 50 e 60 (séc. XX), relativos ao percurso da pirite, desde a extracção à transformação.
Na antiga Central Eléctrica foram recuperadas as máquinas, geradoras e compressores, responsáveis pelo fornecimento de energia e iluminação à mina e à povoação. Este espaço é, ainda, utilizado para a realização de exposições temáticas, onde são exibidas as peças que se encontram em reserva, e às quais os visitantes não têm, normalmente, acesso.
Até ao momento, foram realizadas duas exposições na Central Eléctrica. A primeira, sobre Energia e Minas, inaugurada no mesmo dia da Central, e a segunda, subordinada ao tema Modelos de Minas do Século XIX, que se encontra patente no museu.
Numa das salas anexas ao corpo principal da Central, foi reconstituído o escritório da mina, com peças originais dos antigos gabinetes de trabalho.
A 2º fase do projecto, como havia sido programada pela APAI, não viria a ser executada.
O projecto foi, posteriormente, objecto de reformulação pela Oficina de Arquitectura, que propôs duas novas fases para a conclusão do Projecto Museológico: segunda fase Mina Virtual; e terceira fase Museu Interactivo Descida à Mina.
A segunda fase de musealização encontra-se em curso, desde Agosto de 2006, com o projecto “Mina de Ciência Centro Ciência Viva”.
À semelhança de outros Centros Ciência Viva, inscritos na Rede Nacional, o Centro Ciência Viva do Lousal visa desenvolver a sua actividade no âmbito da divulgação e educação científica e tecnológica. Neste contexto, e de acordo com a temática e o enquadramento físico do Lousal, os conteúdos abordados estarão relacionados com a Geologia, a Engenharia de Minas, a Química, a Física, a Geofísica, a Biologia, a Ecologia, a Informática e as novas tecnologias da Comunicação e Imagem. A exploração dos conteúdos será efectuada através da realização de actividades interactivas, com recurso a metodologias que vão do manuseamento físico dos materiais, às modernas técnicas de aproveitamento da imagem nas versões 2D, 3D e realidade virtual.
O projecto Mina de Ciência encontra-se em implementação no edifício onde funcionavam o Gabinete de Geologia, o Armazém do Óleo, a Casa do Ponto, das Lanternas e dos Equipamentos de Trabalho, e o Balneário dos mineiros. Parte deste edifício já se encontrava parcialmente reabilitado, com a construção do Auditório e do Centro de Acolhimento.
O Átrio(antigo Centro de Acolhimento) irá manter a funcionalidade inicial, não só como local de recepção, mas também como espaço interpretativo da realidade mineira do Lousal. As maquetas aí existentes serão substituídas por novos modelos. A primeira, ilustrará a aldeia mineira à superfície, e a segunda, o Lousal subterrâneo, representado através de um painel de vidro, onde serão identificados todos os poços, galerias, chaminés e massas. Neste espaço será, também, efectuada a projecção de imagens e fotografias da população mineira.
A comunicação do Átrio com a Mina de Ciência é realizada através de um túnel escuro que representa uma galeria da mina.
Numa sala contígua, encontra-se o primeiro espaço expositivo, onde são apresentadas três viaturas VW carocha. Ao longo do percurso, os automóveis vão sendo despojados dos seus elementos constituintes (vidros, espelhos, pneus…) produzidos a partir de um determinado tipo de matéria-prima, extraída da crosta terrestre. Desta forma, o visitante é levado a reflectir sobre a importância dos recursos naturais, e sobre a necessidade da sua salvaguarda.
No espaço adjacente, situa-se a sala técnica, que funciona como apoio à sala dotada de um equipamento 3D, designado de Cave — Realidade Virtual, que se encontra instalado na sala anexa. Este espaço será utilizado como estrutura fundamental do Centro Ciência Viva, proporcionando uma viagem pelo interior de uma mina e pelos sistemas de mineração ao longo da História, com recurso a efeitos visuais e sonoros. Esta iniciativa visa atrair estudantes do Ensino Secundário e Superior de diversas áreas. Segundo os promotores, poderá ser, também, uma ferramenta para a indústria portuguesa, onde se poderão testar moldes à escala real, com recurso à computação gráfica virtual.
Na zona posterior do armazém, encontram-se os Balneários dos mineiros que, mantendo a forma original, serão utilizados como local de experiências interactivas, permitindo de forma lúdica, motivadora e educativa, explorar e divulgar temas da Ciência e Tecnologia.
Também na parte posterior do edifício principal, mas no piso superior, ao qual o visitante terá acesso através de escada ou elevador, encontra-se o miradouro. Deste espaço, será possível visualizar, através de uma luneta, imagens do presente (paisagem real) e do passado (o local em plena actividade produtiva) relativas ao percurso das vagonetas de minério até ao cais de desembarque.
A partir desta plataforma será, também, possível observar todos os elementos fundamentais do Lousal (Malacate do poço 1 e corta da mina).
No piso superior em anexo ao miradouro, encontra-se o segundo espaço expositivo “Ciências do Virtual”, que pretende conduzir os visitantes através da História das Técnicas e Tecnologias de Imagem. No mesmo piso, situa-se a sala destinada aos visitantes mais novos (com actividades orientadas especificamente para os escalões etários dos 2 aos 6 anos, e dos 7 aos 10 anos); o cyber café, onde os visitantes poderão ter acesso às tecnologias de informação; e o auditório, construído durante a primeira fase de musealização, e onde termina o percurso na Mina Ciência — Centro de Ciência Viva.
Neste espaço serão exibidos filmes com temas relacionados com a Ciência e com a laboração da mina durante os anos 50 e 60 (Séc. XX).
A par deste projecto, foi efectuada no ano transacto, a limpeza da barragem da ribeira do Epinhaço de Cão, com o objectivo de , a curto prazo, ser construída numa das áreas envolventes da albufeira, uma praia fluvial, para a prática de actividades náuticas.
Na terceira fase de musealização, que aguarda financiamento comunitário, será desenvolvido o projecto principal, “A Descida à Mina”. Aos visitantes será então oferecida a possibilidade de realizarem um percurso in situ ao longo de uma galeria subterrânea, no poço Valdemar. No seu interior será reconstituído o ambiente vivido durante a realização do trabalho na mina — perfuração, extracção, carregamento e transporte, com utilização da maquinaria e dos objectos apropriados.
No antigo edifício da trituração e escolha do minério, ficará instalado o Núcleo de História Mineira e da Mineração do Lousal, onde se pretende criar uma panorâmica da História Local.
As duas últimas fases de musealização são consideradas, pelos promotores do projecto, as peças decisivas para a requalificação e desenvolvimento do Lousal, visto constituírem um verdadeiro pólo de atracção turística.
Para além do que foi referido, acredita-se que o programa em curso irá possibilitar a agregação da população residente, através da sua integração pro-fissional nas diferentes estruturas museológicas e contribuir para a salvaguarda da memória colectiva desta comunidade mineira.
Bibliografia
Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (1998) - Museu Mineiro do Lousal — Programa Museológico, Lisboa.
Oficina de Arquitectura (2005) - Proposta Final de Programa da Mina de Ciencia — Centro de Ciência Viva do Lousal “Explorar Ciência, Extrair Saber”.
Oficina do Risco (2008) - Projecto de reabilitação e alteração dos edifícios da geologia, armazém do óleo, auditório e edifício dos balneários para as futuras instalações da Mina de Ciência - Centro Ciência Viva.
Carmen Carvalho
1No ano de 1997, a Câmara Municipal de Grândola e a Sapec constituíram a Fundação Fréderic Velge promotora do projecto Relousal.
Fig. 1 - Mapa geral do Lousal.
Fig. 2 – Restaurante (Armazém Central).
Fig. 3 – Centro de Artesanato.
Fig. 4 – Centro de Acolhimento.
Fig. 5 – Núcleo da Central Eléctrica.
Fig. 6 – Núcleo da Central Eléctrica.
Fig. 7 – Núcleo da “Mina de Ciência – Centro de Ciência Viva”.
Fig. 8 – Núcleo da “Mina de Ciência – Centro de Ciência Viva”. Planta do piso 0, cedida pela Oficina do Risco.
Fig. 9 – Núcleo da “Mina de Ciência – Centro de Ciência Viva”. Planta do piso 1, cedida pela Oficina do Risco.
Fig. 10 – Galeria da mina (OFICINA DE ARQUITECTURA, Proposta Final de Programa da Mina de Ciência, Centro de Ciência Viva, “Explorar Ciência, Extrair, Saber”, 2005).
Fig. 11 – Átrio – Entrada e recepção (OFICINA DE ARQUITECTURA, Proposta Final de Programa da Mina de Ciência, Centro de Ciência Viva, “Explorar Ciência, Extrair, Saber”, 2005).
Fig. 12 – Equipamento 3D – Cave Realidade Virtual (OFICINA DE ARQUITECTURA, Proposta Final de Programa da Mina de Ciência, Centro de Ciência Viva, “Explorar Ciência, Extrair, Saber”, 2005).
Fig. 13 – Balneário – “Banho de Ciência” (OFICINA DE ARQUITECTURA, Proposta Final de Programa da Mina de Ciência, Centro de Ciência Viva, “Explorar Ciência, Extrair, Saber”, 2005).
Fig. 14 – Alçado posterior do edifício “Mina de Ciência – Centro Ciência Viva” (OFICINA DE ARQUITECTURA, Proposta Final de Programa da Mina de Ciência, Centro de Ciência Viva, “Explorar Ciência, Extrair, Saber”, 2005).
Fig. 15 – Limpeza da barragem da ribeira de Espinhaço de Cão.
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