Resultados

Durante os trabalhos de campo para o presente Atlas foi possível identificar 35 espécies de lepidópteros, distribuídos por nove famílias, sendo duas delas de borboletas noturnas (Geometridae e Arctiidae). As espécies noturnas detetadas foram Lythria sanguinaria e Utethesia pulchella.

Da família Erebidae apenas foi detetada uma espécie (Cerocala scapulosa), enquanto para as famílias Hesperiidae e Papilionidae foram detetadas duas espécies de cada.

A família Nymphalidae foi a mais abundante e a mais diversa registada durante os trabalhos de campo, sendo as espécies Maniola jurtina (borboleta-loba) e Pararge aegeria (ariana) as que foram registadas num maior número de quadrículas, um pouco por toda a área de estudo. É ainda de referir para este grupo a observação da espécie Hyponephele lycaon, considerada moderadamente ameaçada. Com uma distribuição muito localizada em Portugal, esta borboleta não se encontrava referenciada para o sul do país, tendo sido observada a sul de Sines no decorrer deste Atlas.

Para a família Pieridae também se registou uma espécie moderadamente ameaçada: a cleópatra Gonepteryx cleopatra, normalmente associada a matas xerófilas. Dentro desta família foram registadas mais cinco espécies: Colias croceus, Euchloe belemia, Pieris brassicae, Pieris rapae e Pontia daplidice.

Durante os trabalhos de campo foram observadas sete espécies da família Lycaenidae, representada em Portugal por 36 espécies. Destas sete, seis foram registadas muito pontualmente, embora sejam comuns em Portugal, sendo a acobreada Lycaena phlaeas, a única que foi registada em mais quadrículas, sempre a norte da zona da Zambujeira do Mar. Por outro lado, na costa a norte de Sines, foi observada uma borboleta da espécie Polyommatus semiargus, considerada em perigo de extinção. De distribuição muito rara e localizada, estava descrita para a área do Sudoeste mas na região do cabo Sardão.

A família Nymphalidae tem espécies que habitam os mais diversos habitats, estando várias delas em risco de extinção. Para o presente Atlas foram registadas sete espécies desta família, sendo duas consideradas em perigo de extinção (Vanessa virginiensis e Danaus plexippus) e uma moderadamente ameaçada (Melitaea didyma). Estas três espécies tiveram registos muito pontuais na área de estudo. Já o almirante-vermelho Vanessa atalanta e a bela-dama Vanessa cardui foram as espécies detetadas em mais quadrículas, um pouco por toda a área de estudo.

Nas quadrículas em que se observaram borboletas, a diversidade de espécies variou entre 1 e 8, tendo o valor mais alto sido atingido na península de Troia. As restantes quadrículas com maior diversidade registada por estes trabalhos situam-se no Carvalhal, lagoa de Melides, São Torpes, Cabeça da Cabra, Almograve e Rogil.

A abundância de borboletas foi claramente superior durante a primavera, período em que se registaram indivíduos em cerca de 62% das quadrículas, em comparação com 37% no outono. De facto, enquanto na primavera se registaram no total 1676 borboletas, no outono registaram-se apenas 235. Durante a primavera, a abundância de borboletas foi mais elevada nas zonas de Sonega, Tanganheira, Porto Covo, São Torpes, Pinhal da Bêbeda, e Sardanito/Touril. No outono, os valores mais elevados de abundância foram registados na zona da Daroeira (cabo Sardão), vale do rio Mira (perto de Milfontes) e lagoa de Santo André.

Das 65 espécies de libélulas e libelinhas que estão referenciadas para Portugal, identificaram-se 11 durante os trabalhos para o presente Atlas.

As libélulas e libelinhas dependem do meio aquático, já que a maioria das espécies deposita os ovos em plantas aquáticas, ou que se encontram junto da água. Após a eclosão, as larvas permanecem durante um longo período na água até sofrerem a metamorfose que as transforma em adultos. Mesmo na fase adulta a maioria das espécies não se afasta muito da água.

Na área de estudo estes animais são observados em vários tipos de habitats aquáticos, incluindo as lagoas de água doce, cursos de água, charcos temporários, açudes e mesmo canais de rega. Algumas espécies podem ser observadas longe de zonas húmidas, chegando mesmo a ocorrer fenómenos migratórios em larga escala. Talvez o melhor exemplo deste fenómeno seja a passagem de muitos milhares de indivíduos de Sympectrum fonscolombii na zona de Sagres no outono. A lista de espécies identificadas foi a seguinte: Calopteryx haemorrhoidalis, Enallagma cyathigerum, Ischnura graellsii, Anax ephippiger, Anax imperator, Anax parthenope, Crocothemis erythraea, Diplacodes lefebvrii, Orthetrum cancellatum, Orthetrum chrysostigma, Sympectrum fonscolombii.