Inventário do Património Histórico-Cultural do Concelho de Santiago do Cacém

Compilação de Fernanda do Vale e Paula Covas

 a partir de www.monumentos.pt e do Relatório do Património Cultural e Natural da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

1 - Da Idade Média a finais do século XIX

Arquitectura militar:

Freguesia de Santiago do Cacém

Castelo

Localização: 38º00'52.54''N.; 8º41'53.47''W. R. de Santiago, Santiago do Cacém. (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Séculos XIII - XX

Descrição: A construção do castelo remonta originalmente à ocupação muçulmana desta zona do Alentejo.

Na sua actual tipologia, o castelo apresenta a forma de um paralelograma envolvido por cinco torres semicirculares e quatro cubelos – a décima torre foi destruída em 1796, quando se reedificou a igreja matriz – que pertenciam a um conjunto de doze, cujas denominações eram as seguintes: torre de S. Brás, Torre do Sol, Torre Meã, Torre do Mar (também denominada Torre da Atalaia e de S. Torpes), Torre de Sines, Torre do Homem Morto ou do Dependurado, Torre do Rei (também chamada Torre Real), Torre da Vila e Torre do Anjo. Por outro lado, o pano de muralha conserva ainda vestígios da construção islâmica ou, reutiliza materiais líticos da antiga urbs de Miróbriga, que podem ser detectados em partes de muro do perímetro amuralhado, sem esquecer, no entanto, as várias estelas medievais insculpidas e esculpidas, localizadas nos cunhais dos dois últimos cubelos (sudoeste e sul) da muralha.

O acesso ao interior da fortaleza fazia-se, até ao final do século XVIII, por uma porta situada na zona onde foi reedificada a igreja matriz, abertura onde estavam colocados – da direita para a esquerda – o “…habito de Sanct-Yago conchado; … o escudo das armas portuguesas, sobresahidas as quatro pontas da cruz de Aviz, como se usou no tempo de D. João I; e … um escudo com seis fachas, três ao comprido e três ao largo” – e, simultaneamente, por uma outra porta, a única subsistente, onde se pode observar um conjunto brasonado que ostenta a cruz da bandeira ou estandarte da Ordem de Santiago, a cruz espatária e um escudo de cavaleiro com as cinco quinas do reino.

O interior do castelo é dominado pelas ruínas do antigo espaço da alcaidaria ou alcaçar, a residdencia do comendador ou alcaide da Ordem de Santiago, construção com origem nos séculos XIII/XIV e que foi remodelada nos séculos XV/XVI.

Segundo a descrição oitocentista de padre Macedo e Silva, as casas do comendador “… tinham a sua entrada no interior do castello, por uma porta de cantaria, muito forte, de 10 palmos de grossura, dando para um pateo de 24 passos de comprimento e 15 delargura, e tendo no meio uma espaçosa cisterna. As paredes externas deste alcaçar são ameadas, e as do lado oriental tem 40 palmos de altura; n’esta estão duas poternas, que foram tapadas há poucos annos.

Por um balcão de dois lanços de escadas, situado no fundo do pateo, se subia para as casas, que constavam de oito grandes salas de aboboda, com janellas nas suas três faces parao pateo, e algumas para a muralha do lado da villa. A ultima sala á esquerda, entrando n’este alcaçar, communicava com a torre de menagem ou albarrãa, de 98 palmos de altura, comduas cobertas, e por cima um terraço, d’onde se gozava o horizonte mais dilatado e magnifico de todo o Alentejo. Para a parte da villa lhe serviam de cantoneiras os dois baluartes da muralha, em um dos quaes esteve o relógio, que depois se mudou para uma torre que para esse fim se fez na villa, no anno de 1667”.

A partir de inícios do século XVI, o castelo começa a perder a antiga função defensiva para que fora dotado, facto que acelerou a sua degradação. Em 1605 este já não era habitado, o que o degradava ainda mais, circunstância que levou a que no ano de 1700 já se encontrasse em adiantado estado de ruína. Desta maneira, em 1838, a Câmara Municipal escolheu o seu interior para receber o cemitério municipal.

A partir dos anos 30 do século XX o castelo sofreu grandes restauros efectuados pela Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais. Estas mesmas proporcionaram-lhe a actual configuração.

Está classificado como Monumento Nacional pelo Decreto de 16/06/1910, com a delimitação da zona de protecção, publicada no D. G., 2ª ser., nº265 de 15/11/49

Arquitectura militar, gótica e revivalista. Castelo de montanha, trapezoidal, com barbacã muito baixa e panos de muralha rectilíneos reforçados por cubelos circulares e quadrangulares, provido de alcáçova com vãos quebrados e em asa-de-cesto e uma cisterna abobadada.

Castelo de planta trapezoidal irregular, com cortinas reforçadas em redor por 4 cubelos quadrangulares e 5 circulares, circundado por barbacã baixa que acompanha em denteados rectangulares salientes os corpos dos cubelos, apenas se interrompendo no canto SO., S. e SE. onde se implanta a Igreja, uma porta na ligação a esta. Pelas faces internas da barbacã e das muralhas correm os respectivos adarves protegidos por merlões paralelepipédicos, alternadamente vazados por pequenas seteiras, e os cubelos são providos de terraços. Do lado E. a cortina central é vazada por uma janela de duplo arco quebrado e outra de arco rebaixado, ambas de molduras facetadas, pertencentes à alcáçova. A entrada faz-se por porta única em arco quebrado rasgada a E., à dir. da Igreja, encimada por duas pedras de armas: a da esq. com duas insígnias da Ordem de Santiago da Espada (uma cruz com vieiras e uma espada) e a da dir. com brasão real de Portugal Antigo; ao lado dir. da porta uma lápide epigrafada comemorativa dos centenários. O interior do recinto é ocupado pelo cemitério, com talhões divididos por sebes de buxo e parcialmente arborizado com ciprestes, uma pequena capela rectangular e um edifício baixo, longitudinal, de serviços administrativos, arrumos e sanitários. A E. localizam-se as ruínas da alcáçova, de planta trapezoidal irregular, composta por parte dos muros mestres com porta em arco rebaixado a O., um cubelo circular a NO., algumas paredes divisórias, e um pátio central com cisterna de poço quadrangular com ferragens.”

Bibliografia:BARATA, M. F. dos Santos (1993) - Resenha Histórico - Urbanística de Santiago do Cacém, Santiago do Cacém; BARBOSA, I. de Vilhena (1862) - As Cidades e Villas da Monarchia Portugueza que teem Brazão D’Armas, 3. Lisboa: Tip. do Panorama; BENTO, S. P. (1988) - A Tulha do Pátio do Castelo de Santiago do Cacém (Notícia de uma Sondagem Realizada em 1986). Sep. dos Anais da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, 2, S. 2. Santiago do Cacém; Cor. BASTOS (1971) - Castelo de Santiago do Cacém. In Diário de Notícias, 1971.08.?;(1758) - Memórias paroquiais do Arquivo Nacional da Torre do Tombo - NA/TT. Dicionário Geográfico de Portugal, 9, mem. 187, fs. 1215-1221. Lisboa; FALCÃO, J. A. (1990) - Nomenclatura das Torres do Castelo de Santiago do Cacém. In Noticias de Beja, 3120. Beja; FALCÃO, J. A. & FERREIRA, J. M. R. (1984) - Informação sobre o Estado de Conservação do Castelo da Vila de Santiago do Cacém no Ano de 1605. Sep. do Livro do Congresso – segundo Congresso sobre Monumentos Militares Portugueses, 2, Lisboa, 14 a 19 de Junho de 1983. Lisboa; FALCÃO, J. A. M. (1977) - O Castelo de Santiago do Cacém. In Distrito de Setúbal; FALCÃO, A. & FERREIRA, J. M. (1984) - Informação sobre o estado do castelo da vila de Santiago do Cacém, no ano de 1605. Lisboa; MOREIRA & SILVA, A. de Macedo e (1943) - O Castelo de Santiago do Cacém. In Panorama, p. 121; MURALHA, P. (s./d.) - Álbum Alentejano. Apêndice à Província do Baixo Alentejo, T. 4; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém – Breve Inventário. Lisboa: Edições Colibri e CMSC; PINHO LEAL, A. S. A. B. de (1880) - S. Tiago de Cacém. In Portugal Antigo e Moderno, 9. Lisboa: Ed. Livraria editora de Mattos Moreira e Companhia; SILVA, Padre A. de Macedo e (1866) - Annaes do Municipio de Sanct – Yago de Cassem. Beja: Typ. Sousa Porto e Vaz; SILVA, M. João da (1992) - Toponímia das Ruas de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém: Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; ALMEIDA, J. A. F. (1976) - Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa: Selecções do Reader´s Digest; VÍTOR, I. & GONÇALVES, L. J. (1993) - Castelos e Fortalezas da Costa Azul. Setúbal: Ed. Região de Turismo da Costa azul.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Isabel Mendonça,1992 / Lina Oliveira, 2005

Figs. 1-21 – Castelo (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Arquitectura religiosa:

Freguesia de Vila Nova de Santo André

Igreja Paroquial de Santo André

Localização: 38°3'12.47"N; 8°45'6.96"W. Largo da Igreja, Santo André (C.M.P. nº 505).

Cronologia: Primeiro quartel do século XVI.

Descrição:A igreja paroquial de Santo André tem existência confirmada pelo menos desde o primeiro quartel do século XVI, altura em que o manuelino se afirmava nas construções nacionais.

A sua arquitectura destaca no exterior a fachada principal, com a sua torre sineira e o seu frontão barroco tardio, e, no interior, o portal do baptistério – peça manuelina que ostenta o brasão da Ordem de Santiago e a cruz de Santo André e o retábulo do altar-mor, de influência tardo-rococó.

Arquitectura religiosa, rococó, pombalina. Igreja paroquial que segue os esquemas da arquitectura Chã animados por elementos de gosto rococó já bastante tardio, como as empenas polilobadas, as molduras de cantaria dos vãos de perfil elaborado ou o retábulo de talha dourada e policromada, com elementos decorativos assimétricos, de conchas, asas de morcego, flores, etc. A clareza do conjunto, de gosto bastante despojado mas de clara concepção erudita, remete para um gosto pombalino.

Planta longitudinal escalonada, composta por nave e capela-mor mais estreita a que se adossa à direita a sacristia e à esquerda a torre sineira, sobre o baptistério, escadas de acesso ao coro-alto e púlpito e uma dependência. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhado de duas águas para a nave e capela-mor e de uma água para a sacristia, dependência e escadas, cúpula bolbosa na torre sineira. Fachada principal a O. com soco de cantaria e pano único definido por cunhais pintados a azul, rematado por empena polilobada delimitada por cornija pintada a azul; portal de verga curva com moldura de cantaria com pequenas orelhas e chave saliente onde se destaca pátera, rematado por cornija, sobrepujado por janelão de verga curva com moldura de cantaria com chave saliente e pequenas orelhas, encimado por cornija; à esquerda adossa-se a torre sineira, ligeiramente recuada, de 2 registos, com soco saliente de argamassa, um pano definido por cunhais pintados a azul dividido em dois registos por moldura de argamassa pintada; o registo superior é rasgado por olhal em arco de volta perfeita com moldura de argamassa e rematado por cornija pintada; domo bolboso rematado por catavento de ferro assente em base de argamassa pintada. Fachada N. com a torre sineira de esquema idêntico ao alçado principal, apresentando no primeiro registo uma pequena janela parcialmente entaipada, com moldura de argamassa pintada; escadas de acesso ao coro-alto com um pano definido por cunhais e rematado superiormente por cornija e beirado; é rasgado por duas janelas altas, de verga curva, engradadas, com molduras de cantaria e uma porta com moldura de cantaria; dependência com um pano definido por cunhais e rematado superiormente por cornija e beirado, rasgado por duas janelas, a primeira com moldura de cantaria e a segunda com moldura de argamassa pintada, em segundo plano eleva-se a capela-mor com um pano definido por cunhais de argamassa pintada e remate superior em cornija e beirado, rasgado por janela com moldura de cantaria. Fachada E. com capela-mor com soco de argamassa pintada e um pano definido por cunhais de argamassa pintada, rematado por empena polilobada ladeada por urnas de argamassa que coroam os cunhais, janela engradada com moldura de cantaria; à esquerda adossa-se a sacristia, recuada, com soco de argamassa pintada, um só pano definido por cunhais de argamassa pintada e remate em empena, rasgado por porta com moldura de argamassa; à direita adossam-se as dependências de esquema idêntico à sacristia. Fachada S. com a nave de pano único, definido por cunhais de argamassa pintada, com soco pintado e remate superior em cornija pintada e beirado, portal lateral de verga curva, com moldura de cantaria de pequenas orelhas, ladeado a um nível superior por janelas engradadas de verga curva com moldura de cantaria de pequenas orelhas, sacristia com soco de argamassa pintada e um pano definido por cunhais, rematado superiormente por cornija e beirado, rasgado por janela engradada com moldura de cantaria; em segundo plano a capela-mor apresenta soco pintado e um pano definido por cunhais e rematado por cornija e beirado, rasgado por uma janela engradada com moldura de cantaria. INTERIOR: nave coberta por abóbada de berço que arranca de cornija; coro-alto alto assente em duas colunas pintadas, resguardado por balaustrada de madeira pintada; à direita de quem entra pia de água benta de cantaria; do lado da Epístola rasga-se porta lateral, tendo à esquerda pia de água benta, ladeada superiormente por duas janelas, capela lateral facial inserida em arco de volta perfeita, com moldura pintada a azul com chave saliente, assente em pilastras com base de cantaria, mesa de altar e banqueta de alvenaria e nicho em arco de volta perfeita com moldura de chave saliente assente em pilastras; do lado do Evangelho destaca-se o portal do baptistério, sob o coro-alto alto, em arco trilobado dado em toro, com alcachofras pendentes nos encontros, ligadas ao toro por cinta em torçal, coroado por cogulho formado por anel em torçal encimado por três romãs coroadas por uma alcachofra, ladeado por duas pedras de armas, a da esquerda com a cruz de Santo André e a da direita com a cruz de Santiago, o arco é acompanhado interiormente por grinalda de folhas de loureiro com anéis em torçal, apoia-se em colunéis com capiteis de turbante, acompanhados pela grinalda e assentes em bases troncocónicas escalonadas; púlpito com bacia de cantaria e caixa de madeira, capela lateral idêntica à do lado da Epístola; arco triunfal de volta perfeita com moldura de cantaria com chave saliente, assente em pilastras cujos capitéis estão alinhados com a cornija, ladeado por capelas colaterais colocadas a 45º idênticas às descritas. Capela-mor coberta por abóbada de berço assente em cornija, decorada com pinturas murais em grisalha de composição dividida em quatro campos preenchidos por padrão geométrico simulando estuques relevados, destacando-se ao centro um medalhão rectangular com a imagem de Santo André, junto da cornija simula-se uma platibanda; altar-mor precedido por três degraus de cantaria ladeados por presbitérios, com mesa de altar de alvenaria e retábulo de talha dourada e policromada com camarim central em arco de volta perfeita, com trono eucarístico, ladeado por duas mísulas sobrepostas de cada lado, enquadradas por pilastras, o arco é emoldurado e enquadrado por composição de volutas entalhadas e coroado por pintura em " grisaille " representação alegórica da " Fé " sentada num plinto ladeado por volutas; no compartimento situa-se atrás do retábulo está suspensa uma balança; na parede do lado da Epístola abre-se a porta de acesso à sacristia, encimada por janela e um nicho credência em arco de volta perfeita assente em cornijas, do lado do Evangelho repete-se esquema idêntico.”

Bibliografia:SILVA, Padre A. de Macedo e (1869) - Annaes do Municipio de Santiago do Cacem. Lisboa: Imprensa Nacional.

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Ricardo Pereira, 2000

Figs. 1-5 – Igreja Paroquial de Santo André. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Igreja de Nossa Srª da Graça

Localização: 38°2'36.87"N; 8°44'36.13"W. Entrada da Herdade da Badoca, Santo André (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Meados do século XVIII.

Descrição: A igreja de Nossa Sr.ª da Graça foi erguida em meados do século XVIII.

A sua arquitectura exterior destaca a galilé e o frontão apontado ao céu, enquanto no interior da sua única nave se pode ver um magnífico conjunto de azulejos de estilo rococó, com cenas da Anunciação e da criação de Adão por Deus Pai, que podem ser atribuídos à oficina do pintor Francisco Jorge da Costa. O retábulo policromado da capela-mor e a excelente imagem da Senhora da Graça, do século XVIII, constituem outro espólio importante da igreja.

Arquitectura religiosa, barroca, rococó, popular, vernácula. Pequeno santuário rural de peregrinação, de uma nave antecedida por nártex, totalmente abobadado, construído segundo a tipologia corrente de gosto popular, com uma forte autonomia de volumes funcionais e panos de parede brancos animados apenas por cunhais, socos e moldurações pintadas, no entanto destaca-se um gosto mais erudito na composição dos alçado principal, mais dinâmico e rico de pormenores decorativos, denotando uma vivacidade e elegância compositiva típica do rococó regionalmente implantado.

Planta longitudinal escalonada, irregular, composta por nártex, encimado por coro alto, nave e capela-mor mais estreita, a que se adossam à esquerda a sacristia e escadas de acesso ao púlpito e coro alto, no topo a casa do ermitão e à direita a casa dos romeiros. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhado de duas águas para a igreja, casa do ermitão e casa dos romeiros, e de uma água para a sacristia, escadas de acesso ao coro alto. Fachada principal virado a S. com soco pintado a azul, com um só pano definido por cunhais pintados, rematados por beirados encimados por urnas de argamassa, remate superior em empena polilobada, acompanhada por cornija e coroada por cruz; acesso ao nártex por arco ligeiramente abatido, com moldura de chave saliente assente em cornijas, resguardado por gradeamento baixo de ferro forjado e sobrepujado por janelão de verga curva com moldura de cantaria enquadrado por composição de volutas de desenho caligráfico, pintadas a azul. Alçado O. com o corpo da igreja com soco de argamassa pintada e um só pano definido por cunhais e rematado por cornija e beirado, rasgado por arco abatido com moldura de argamassa pintada, volume adossado das escadas, com soco de argamassa pintada e remate assimétrico com meia empena e beirado, sacristia mais saliente com soco de argamassa saliente e remate em beirado com janela de verga curva com moldura de cantaria e grade de ferro forjado, em segundo plano, sobre o corpo da igreja, eleva-se campanário em espadana, de cantaria, com olhal em arco de volta perfeita e remate em empena curva com cornija; na face S. da sacristia abre-se a porta decesso com moldura de cantaria; casa do ermitão recuada, com poial de cantaria aparente, e remate em beirado, com porta e janela, de verga curva e molduras de argamassa pintada, à direita eleva-se chaminé. Fachada N. com poial de alvenaria de pedra aparente, um pano rematado por empena assimétrica rematada por cruz e rasgado por nicho em arco de volta perfeita, à esquerda destaca-se um contraforte. Fachada E. com o corpo da igreja com soco de argamassa pintada e dois panos definidos por cunhais e pilastras, rematados por cornija e beirado, no primeiro pano rasga-se arco abatido com moldura de argamassa pintada, o segundo pano é cego; segue-se a capela-mor rematada por cornija e beirado e rasgada por janela engradada com moldura de cantaria; no segundo pano do corpo da igreja acossa-se a casa do ermitão com fachada virada a S. com soco pintado a azul e remate em beirado, com porta de verga curva e moldura de argamassa pintada; Fachada E. com soco e cunhais pintados e remate em empena; Fachada N. com soco e cunhais pintados, remate em beirado e janela de verga curva com moldura de argamassa pintada; outro volume da casa dos romeiros adossa-se à capela-mor e apresenta remate em beirado sendo rasgado por porta e janela com molduras de argamassa pintadas, à direita eleva-se uma chaminé; segue-se num plano recuado a casa do ermitão com poial de alvenaria de pedra aparente e remate em beirado, rasgado por duas janelas e dois pares de frestas, com molduras de argamassa pintada. INTERIOR: nártex lageado e coberto por abóbada de aresta, paredes laterais rasgadas por arcos abatidos onde se inserem poiais, os cantos são quebrados por poiais colocados a 45º; portal da igreja de verga curva com moldura de cantaria com orelhas, coroado por concha ladeada por grinaldas, enquadrado por janelas engradadas com molduras de cantaria. Nave coberta por abóbada de berço assente em cornija; à direita de quem entra destaca-se pia de água benta de cantaria e no vão da janela uma caixa de esmolas; coro alto resguardado por grade de madeira; lado da Epístola cego; do lado do Evangelho destaca-se o púlpito com bacia de cantaria e caixa de madeira apainelada entalhada, pintada e purpurinada, com porta de verga curva e moldura de cantaria; arco triunfal de volta perfeita com moldura de cantaria de chave saliente assente em pilastras, ladeado por mísulas; capela-mor coberta por abóbada de berço assente em cornija; altar-mor precedido por degrau, com retábulo de talha pintada e purpurinada com mesa de altar com banqueta, camarim em arco polilobado ladeado por colunas que suportam frontão em arco de querena onde se apoiam dois anjos que ladeiam uma estrela; do lado da Epístola o pano de parede é integralmente revestido por painel de azulejos, onde se integra a janela, com figuração da criação do Homem a azul e branco enquadrada por molduras polícromas e falsa porta; do lado do Evangelho segue-se esquema idêntico, sendo aqui a janela falsa e a porta a de acesso à sacristia. Sacristia com cobertura em abóbada de aresta, com nicho em arco de volta perfeita e arcaz na parede N. janela virada a O. e porta de acesso às escadas do púlpito, a S. seguida de porta de saída.”

Bibliografia: SILVA, Padre A. de Macedo e (1869) - Annaes do Municipio de Santiago do Cacem. Lisboa: Imprensa Nacional.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2000

Figs. 1-4 – Igreja de Nossa Senhora da Graça (Herdade da Badoca - Santo André). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia do S. Francisco da Serra

Ermida de Nossa Srª do Livramento

Localização: 38°6'29.15"N; 8°40'38.39"W. Sra. do Livramento, São Francisco da Serra (C.M.P. nº 506).

Cronologia: Construída em 1740.

Descrição: A Ermida foi construída em 1740, num local situado a 299 metros de altura, de onde se descobre completamente a serra da Arrábida. Os seus festejos realizavam-se em Setembro, aonde concorriam pessoas da freguesia e de outros lugares vizinhos.

Após a República, a sua cerca foi vendida a particulares, entrando a partir daí inevitavelmente em estado de ruína, tendo, no entanto, a imagem de Nossa Sr.ª do Livramento, datada do século XVIII, sido depositada na igreja paroquial de São Francisco da Serra.

O espaço envolvente da Ermida beneficiou de uma intervenção por parte da Junta de Freguesia de S. Francisco, que ali criou um parque de merendas e uma torre de observação da natureza.

O caminho de acesso em terra batida foi intervencionado e encontra-se em bom estado de conservação.

O acesso à Ermida e ao Parque de Merendas está extremamente facilitado, graças a uma boa rede de sinalização de orientação em meio rural, a partir da Cruz de João Mendes.

Arquitectura religiosa, popular, vernácula. Ermida de peregrinação, de razoáveis dimensões, dentro do contexto regional, de grande austeridade construtiva, com volumes diferenciados onde o pano liso da parede apenas é animado, no interior, por delicadas cornijas de argamassa, e no exterior por contrafortes.

Planta longitudinal, orientada, composta por nártex, nave e capela-mor a que se adossa à direita a sacristia; volumes articulados. Fachada principal totalmente desaparecida. Fachada S. com um pano de parede do nártex, parcialmente arruinado, nave mais destacada de um pano encimado por marco geodésico, tendo adossado um contraforte largo e pouco saliente e vestígios de fundações de outras construções; sacristia mais destacada de pano único rasgado por porta. Fachada E. de um pano, com a sacristia à esquerda, mais baixa, e um contraforte rampeado à direita. Fachada N. com as fundações do nártex, nave de um pano, destacada, tendo à esquerda um contraforte, capela-mor mais recuada, de um pano rematado superiormente por cornija, com contraforte rampeado à esquerda, rasgado por porta e janela. INTERIOR: de uma só nave com vestígios do arranque de uma abóbada assente em cornija; vestígios muito arruinados do arco triunfal e capela-mor de testeira recta com vestígios do arranque de uma abóbada assente em cornija; nas paredes de cada lado abre-se uma porta e uma janela, ligando as da direita à sacristia, esta com porta exterior virada a S..”

Bibliografia:SOBRAL, C. M. (2003) - Duas obras de referencia para o conhecimento do Património Artístico das Freguesias do Concelho de Santiago do Cacém. In Gentes e Culturas – Freguesia de S. Francisco da Serra. Ed. Liga dos Amigos de Vila Nova de Santo André (LASA); SILVA, Padre A. de Macedo e (1869) - Annaes do Municipio de Santiago do Cacem. Lisboa: Imprensa Nacional.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2001

 

Figs. 1-6 – Ermida de Nossa Senhora do Livramento (São Francisco da Serra). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Igreja Paroquial de S. Francisco

Localização: 38°5'31.24"N; 8°39'42.82"W. Praça José Pedro Guerreiro Malhadais, São Francisco da Serra(C.M.P. nº 506).

Cronologia: Primeiro quartel do século XVI.

Descrição: A igreja de São Francisco da Serra é um edifício de nave única, remontando a sua construção provavelmente ao primeiro quartel do século XVI.

No entanto, a sua grande riqueza reside nos frescos dos séculos XVI e XVII, que podem ser observados, respectivamente, na edícula do altar-mor, com temática relacionada com a adoração do Santíssimo Sacramento – anjos com turíbulos, vestidos à moda de quinhentos, adoram o Santíssimo Sacramento –, e numa dependência do exterior, onde se observam um conjunto de imagens que fazem parte da temática da genealogia de Cristo, neste caso da figuração da Árvore de Jessé.

Arquitectura religiosa, quinhentista, setecentista, popular, vernácula. Igreja paroquial de possível construção medieval, de características populares, sem significativos elementos decorativos que permitam uma datação segura face ao gosto despojado da tradição popular regional, sendo de destacar a pia de água benta de claro gosto manuelino; abóbada de berço setecentista, cuja construção obrigou ao acrescento de grossos contrafortes e torre sineira já edificada no séc. 19, mas de clara filiação em modelos do barroco popular.

Planta longitudinal escalonada, orientada, composta por nártex, nave e capela-mor mais estreita a que se adossam no ângulo SO. a torre sineira com escadas exteriores muradas e uma dependência a S. junto da capela-mor, a N. adossam-se o baptistério, capela lateral e sacristia. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhados de duas águas, para nártex e nave, baptistério, capela lateral, e capela-mor, prolongando-se as suas abas pela cobertura da sacristia e dependência, cúpula na torre sineira. Fachada principal de um pano definido por cunhais pintados a azul, com soco pintado a azul e remate em empena, coroada por cruz latina de ferro forjado, arco de volta perfeita assente em cornijas e resguardado por gradeamento de ferro que encerra o acesso ao nártex; à direita adossa-se a torre sineira, de um pano definido por cunhais pintados a azul e rematado por cornija, rasgado por olhal em arco de volta perfeita com moldura de chave saliente assente em pilastras, cúpula rematada por pináculo bolboso assente em plinto cilíndrico, enquadrada por pináculos bolbosos assentes em plintos escalonados em dois registos, cúbico e cilíndrico, no coroamento dos cunhais. Fachada S. com o volume adossado da torre sineira, de esquema idêntico à da fachada O. com mostrador de relógio destacando-se sob o olhal e num plano inferior relógio de sol; a nave recuada é rematada por beirado e dividida em quatro panos por contrafortes rampeados, adossando-se no primeiro pano as escadas exteriores de acesso à torre resguardadas por muro onde se abre a porta de acesso precedida por três degraus; no quarto pano rasga-se portal lateral; segue-se o volume adossado das dependências, rematado por beirado e rasgado por uma porta encimada por cruz de argamassa relevada e pintada a azul e ladeada por duas janelas. Fachada E. de um só pano cego, rematada por empena assimétrica, tendo à direita a sacristia ligeiramente recuada, com fresta horizontal. Fachada N. dividida em três panos por contrafortes rampeados, com remate superior em beirado, adossando-se no terceiro pano o baptistério rematado por empena, capela lateral destacada, rematada por empena e rasgada por porta, sacristia destacada, rematada por beirado. INTERIOR: nártex coberto por abóbada de berço, assente em cornijas, ladeado por poiais; na parede N. abre-se um nicho em arco de volta perfeita e na parede E. o portal de acesso à Igreja; nave única coberta por abóbada de berço que arranca de cornija; do lado do Evangelho destaca-se púlpito com caixa de madeira apainelada, onde se insere cartela polilobada com a cruz dos espatários entalhada, assente em bacia se cantaria pintada e com escadas de madeira à esquerda, segue-se arco de asa de cesto resguardado por grade de madeira pintada que dá acesso ao baptistério, capela lateral enquadrada por arco de volta perfeita, emoldurado e assente em pilastras; do lado da Epístola destaca-se pia de água benta de cantaria, portal lateral seguido por pia de água benta de cantaria lavrada decorada, capela lateral enquadrada por arco de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras. Arco triunfal com moldura de chave saliente assente em pilastras; capela-mor coberta por abóbada de berço que arranca de cornija, altar-mor antecedido por dois degraus, retábulo de argamassa pintada, com duas pilastras suportando uma cornija curva, que emolduram pintura mural representando a adoração do Santíssimo Sacramento, com custódia rodeada por querubins, ladeada por anjos em adoração e encimadas por pomba do Espírito Santo enquadrada por resplendor de raios setiformes, sacrário de talha dourada e mísulas laterais de madeira; do lado do Evangelho abre-se a porta de acesso à sacristia; do lado da Epístola a porta de acesso à dependência. Sacristia com lavabo de cantaria. A capela lateral do lado do Evangelho tem nas suas traseiras um compartimento com acesso pelo exterior, com cobertura em abóbada de berço decorada por pinturas murais representando Nossa Senhora da Conceição, de pé sobre um crescente lunar suportado por dois anjos e do lado oposto dois anjos músicos, na parede fundeira é parcialmente visível uma " Árvore de Jessé ".”

Bibliografia:SOBRAL, C. M. (2003) - Duas obras de referencia para o conhecimento do Património Artístico das Freguesias do Concelho de Santiago do Cacém. In Gentes e Culturas – Freguesia de S. Francisco da Serra. Ed. Liga dos Amigos de Vila Nova de Santo André (LASA).

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2000

Figs. 1-8 – Igreja Paroquial de São Francisco da Serra. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de Santa Cruz

Igreja de Santa Cruz

Localização: 38°3'4.54"N; 8°42'30.16"W. Largo da Igreja, Santa Cruz (C.M.P. nº 505).

Cronologia: Primeiro quartel do século XVI.

Descrição: Já existia no primeiro quartel do século XVI, tendo sofrido as consequências devastadoras do terramoto de 1755 e do terramoto de 1858, sismo que por sua vez a deixou profundamente arruinada.

No seu interior podem ser observadas algumas imagens setecentistas de boa qualidade – como o menino Jesus do século XVIII, de grande afeição popular –, os magníficos estuques oitocentistas da abóbada da capela-mor e o excelente Cristo crucificado do altar-mor, escultura em pedra dos finais do século XV ou de inícios de XVI – que glosa a denominação do orago –, da autoria de um escultor português que trabalhava à maneira nórdica ou de um escultor nórdico, eventualmente flamengo, que trabalhou em Portugal durante a época dos Descobrimentos.

Arquitectura religiosa, popular, vernácula. Inserida numa tipologia tradicional nas pequenas igrejas paroquiais do Baixo Alentejo que vem do gótico, este edifício possui um carácter quase atemporal, de forte feição regionalista.

Planta longitudinal, composta por nave e capela-mor, mais estreita, a que se adossam, do lado esquerdo, o baptistério, as dependências anexas e a sacristia. Volumes articulados. Coberturas diferenciadas em telhado de duas águas no corpo da igreja e anexos e em domo no baptistério. Fachada principal orientada a O., de um pano rematado por empena triângular, sobrepujada por cruz de cantaria assente em plinto. Portal de verga recta com moldura de cantaria, ladeado por poiais. A esquerda eleva-se campanário com olhal em arco de volta perfeita, rematado por empena curva com cornija. Alçado S. de um pano rematado por beirado e rasgado por portal de verga recta com moldura de cantaria, ladeado por poiais. Alçado E. rematado por empena triângular e rasgado por fresta. Alçado N. de um pano rematado por beirado e rasgado por duas portas, chaminé e nicho em arco de volta perfeita. INTERIOR: nave única coberta por tecto de duas águas com forro de madeira. A direita de quem entra, sobressai uma pia de água benta de cantaria. Do lado da Epístola, ao meio da nave, abre-se o portal lateral, tendo à direita de quem entra uma pia de água benta com decoração vegetalista, de cantaria; segue-se um altar lateral de alvenaria, com maquineta envidraçada. Do lado do Evangelho abre-se um arco de volta perfeita, de acesso ao baptistério, com cobertura em cúpula assente em trompas e onde se conservam duas fontes baptismais de cantaria; ao meio da nave destaca-se o púlpito com escada e balaustrada de madeira, assente em bacia de cantaria policromada, simulando brecha da Arrábida; segue-se uma capela lateral enquadrada em arco de volta perfeita, emoldurado e assente em pilastras de cantaria, com nicho. Acesso à capela-mor por arco triunfal de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras e degrau. Capela-mor coberta por abóbada de berço que arranca de cornija, decorada por estuques relevados com símbolos eucarísticos. Altar-mor de alvenaria a que se acede por dois degraus, com retábulo de estuque com nicho central em que se inscreve imagem do Senhor Crucificado em pedra policromada, ladeado por mísulas com imagens. Do lado Evangelho abre-se porta de acesso à sacristia, a que corresponde, do outro lado, uma porta falsa. Sacristia com lavabo de cantaria.”

Bibliografia:FALCÃO, Bernardo, pub. (1931-32) - Memórias da Antiga Miróbriga (segundo manuscrito do século XVIII). In Nossa Terra, nºs 10, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 23, 28; SILVA, A. de Macedo e (1869) - Annaes do Município de Sant'Iago de Cacém, 2ª. ed., Lisboa.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira,1997

Figs. 1-7 – Igreja de Santa Cruz. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de S. Bartolomeu da Serra

Igreja de S. Bartolomeu da Serra

Localização: 38°1'6.28"N; 8°36'51.46"W. Beco 1º de Maio, São Bartolomeu da Serra (C.M.P. nº 517).

Cronologia:Séculos XV/XVIII.

Descrição: De fundação muito antiga, a igreja da aldeia de São Bartolomeu da Serra revela-se hoje com características setecentistas, das quais se salientam a torre sineira e o alçado lateral direito, com as suas portas e frestas.

No interior descobre-se a sepultura em campa rasa do padre André Luís Beltrão, freire do hábito de Santiago, que faleceu em 1649, o arco cruzeiro com a sua iconografia medieval (uma vieira e um cordão de hábito religioso), um conjunto de imaginária, datada maioritariamente do século XVIII e distribuída pelos vários altares laterais, e o interessante retábulo da capela-mor, executado no ano de 1791, por vontade do pároco José da Silva Frias e do capitão da companhia da freguesia Manuel Gonçalves Serrão. Entalhado por um mestre da região, foi concebido dentro do estilo Neoclássico. Para a sua estrutura o mestre entalhador traçou um esquema composto por três registos, divididos pela zona da predela e baqueta, pela zona central e pela área superior, correspondente ao ático, nestes locais dispôs séries de apainelados tão característicos do estilo, flores e folhagens de acanto e algumas conchas, falsos nichos laterais enquadrados em pilastras, um largo camarim destinado a S. Bartolomeu, angulosas volutas e um frontão conopial para remate do tímpano, por sua vez decorado com os principais atributos do Apóstolo: a Bíblia (volumen) com que difundiu o Cristianismo na Arábia, Mesopotâmia e Arménia e a faca, de grandes dimensões, com que foi esfolado vivo.

No entanto, a marca de maior antiguidade do templo encontra-se precisamente na primitiva imagem do orago – São Bartolomeu. A imagem gótica de São Bartolomeu terá sido lavrada, por uma pequena unidade eborense, num bloco de pedra calcária, com a altura de 824 milímetros. A escultura apresenta a cabeça desligada do corpo e a secção posterior encontra-se apenas desbastada e alisada de forma grosseira, por se destinar a ser colocada sobre um altar, encostada à superfície do fundo, ou dentro de um nicho.

A estátua mantém alguns traços da policromia antiga. Representa o apóstolo São Bartolomeu, envergando túnica verde e manto azul, que segura na mão esquerda o uolumen e uma candeia que acorrenta um diabo, anichado junto aos seus pés, e apontando para este com a outra mão. A cabeça mostra cabelos longos, penteados ao meio, olhos rasgados e tranquilos, nariz direito, boca cerrada e barba composta que terminava em bico mas está mutilada. Por seu turno, o demónio tem uma forma híbrida, com corpo e cabeça simiescos e hirsutos e asas membranosas de dragão, sendo de destacar a boca rasgada em trejeito de escárnio, o gesto enraivecido de agarrar a cadeia com a mão direita e as longas orelhas de coelho ou de podengo.

A escultura foi datada como sendo de meados do século XIV.

Arquitectura religiosa, popular, vernácula, barroca. Igreja paroquial que segue o esquema comum nas pequenas igrejas rurais da Ordem de Santiago de Espada e que se caracteriza pela grande austeridade e pela funcionalidade construtiva. A estrutura de base é enriquecida por elementos barrocos, já de uma fase avançada do séc. 18, como se torna patente na torre sineira e no retábulo da capela-mor, este já denotando contaminações pontuais da linguagem neoclássica, como as gregas do remate.

Planta longitudinal, orientada, composta por nave e capela-mor mais estreita, tendo à direita as escadas exteriores de acesso à torre sineira, a torre sineira e a sacristia, e à esquerda o baptistério e as dependências. Volumes articulados; cobertura diferenciada em telhado de duas águas na igreja e em cúpula bolbosa na torre sineira. Fachada principal rematada por empena assimétrica, coroada por cruz de ferro forjado; portal simples, ladeado por poiais e encimado por nicho em arco de volta perfeita. Alçado S. de um pano, rematado por beirado, a que se adossa o volume das escadas exteriores de acesso à torre, resguardadas por murete e assentes sobre arco de volta perfeitas que enquadra portal lateral; segue-se a torre sineira, de um pano definido por cunhais, dividido em dois registos por cornija, o registo superior é rasgado por olhal em arco de volta perfeita, emoldurado e assente em pilastras; remate superior em cornija e cúpula bolbosa sobrepujada por catavento; segue-se o volume saliente da sacristia, de um pano definido por cunhais, rasgado por porta com moldura de argamassa, antecedida por degrau formado por lápide sepulcral epigrafada, com o soco pintado e remate em beirado; volume da capela-mor recuado, rasgado por pequena fresta e rematado por beirado, tendo no ângulo que faz com a sacristia um fragmento de fuste de cantaria com uma inscrição. Alçado E. cego, rematado em empena sobrepujada por cruz de ferro forjado, tendo adossado cruz de cantaria com plinto e dístico; à esquerda, recuada, adossa-se a sacristia, rasgada por fresta, e à direita uma dependência, com esquema idêntico. Alçado N. de quatro panos definidos por contrafortes, rematados por beirado; no primeiro pano rasga-se uma porta, precedida por degrau; no segundo e quarto panos abrem-se frestas. Interior de uma nave coberta por tecto de madeira de três planos. Do lado da Epístola destaca-se uma pia de água benta em cantaria; portal lateral com pia de água benta de cantaria à direita; capela lateral enquadrada por arco de volta perfeita com moldura de cantaria assente em pilastras; retábulo de alvenaria rebocado e caiado, com nicho central ladeado por duas mísulas. Do lado do Evangelho rasga-se um arco de volta perfeita resguardado por grades de madeira que dá acesso a uma dependência; arco de volta perfeita de acesso ao baptistério onde se conserva fonte baptismal de cantaria, de planta circular; púlpito com bacia de cantaria assente em mísula de pedra e gradeamento de madeira; capela lateral enquadrada por arco de volta perfeita com vestígios de pintura mural, emoldurado e assente em pilastras; retábulo de alvenaria rebocada e caiada, com nicho central ladeado por mísulas. Arco triunfal de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras de cantaria com arestas chanfradas; chave de cantaria com a cruz dos espatários, relevada, e cronograma " [...] Z ANOS ". Capela-mor coberta por abóbada de berço que arranca de cornija; retábulo de talha dourada e policromada com camarim, trono e sacrário, ladeados por mísulas enquadradas por pilastras e remate superior mistilíneo onde se inserem os atributos do apóstolo São Bartolomeu ( volumen e cutelo ). Na parede do lado da Epístola abre-se a porta da sacristia e um nicho-credência, sendo a parede oposta de esquema idêntico e apresentando, abaixo da credência, uma lápide com uma inscrição. Sacristia com lavabo de cantaria e arcaz de madeira.

Descrição Complementar:

INSCRIÇÕES: 1. Inscrição funerária gravada numa lápide que serve de degrau; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: AQUI ESTA SEPULTADO O CAPITÃO MANUEL GONÇALVES SERRÃO QUE FALECEU EM 26 DE AGOSTO DE 1798. 2. Inscrição funerária gravada num fragmento de um fuste; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: ESTA CAPELA E SACRISTIA FORAM FEITAS DE NOVO POR ASTÚCIA DO PADRE JOSÉ DA SILVA FRIAS PRIOR DESTA FREGUESIA SENDO JUÍZ O CAPITÃO SERRÃO NO ANO DE 1791. 3. Inscrição comemorativa da consagração de um altar e de uma capela gravada numa lápide; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: A DEUS NOSSO SENHOR EM HONRA DE SÃO BARTOLOMEU APÓSTOLO FORAM DEDICADOS ESTE ALTAR E CAPELA NOVOS SENDO PRIOR O REVERENDO PADRE JOSÉ DA SILVA PRESTES POR DILIGÊNCIA SUA SENDO JUÍZ O CAPITÃO MANUEL GONÇALVES SERRÃO EM O ANO DE MDCCXCI.”

Bibliografia:PEREIRA, F. A. B. & FALCÃO, J. A. (1996) - A Imagem Gótica da Igreja de São Bartolomeu da Serra (Santiago do Cacém). In Monografias do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja; SOBRAL, C. M. (2001) - Ao Encontro do Nosso Património, S. Bartolomeu da Serra. In Informação Municipal, 14. Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOBRAL, C. M. (2003) - São Bartolomeu da Serra. In Gentes e Culturas – Freguesia de S. Bartolomeu da Serra. Ed. Liga dos Amigos de Vila Nova de Santo André (LASA).

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1999 / Filipa Avellar, 2005

Figs. 1-5 – Igreja de São Bartolomeu da Serra (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de Santiago do Cacém

Capela de S. Pedro

Localização: 38°0'57.00"N; 8°41'58.62"W. Rua dos Romeirinhas, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XVI.

Descrição:O templo foi construído no século XVI, desconhecendo-se até ao momento a data do início das obras.

Com o terramoto de 1755, o templo ficou arruinado e não foi imediatamente reconstruído pois não tinha “ Ren-/ dimento algum mais que as esmollas dos fieis, que por ser a / pobreza muita não podem contribuir com ellas”.

A capela apresenta uma fachada de linhas muito simples, portal em cantaria e óculo no frontão, definindo um corpo de planta rectangular, coberto por um telhado de duas águas, e uma cabeceira composta por sacristia e capela-mor, esta com cobertura de cúpula hemisférica. A sacristia serve de contraforte à capela principal.

No interior da nave, abobadada em berço, conservam-se a antiga pia de água benta e a peanha que suportava o púlpito, além de um registo de azulejo com a imagem de João Paulo II, da década de oitenta do século XX, da fábrica de Sant’ana.

Na capela – mor, o interesse recai sobre o pesado arco - cruzeiro de volta perfeita; sobre o nicho emoldurado onde está exposta a imagem setecentista do orago S. Pedro, em madeira e datada da segunda metade do século XVIII e sobre o intradorso da cúpula, espaço decorado com a cruz grega e com os atributos mais frequentes de S. Pedro: as duas chaves do Paraíso.

A capela integra a Zona de Protecção do Castelo, como está publicado no D.G. 2ª ser., nº 265, de 15/11/49, e é considerada como Imóvel de interesse Público, pelo Despacho de Janeiro de 1985, de acordo com a ficha patrimonial da D.G.E.M.N.

Arquitectura religiosa, maneirista, popular, vernácula. Pequena capela rural, com nave abobadada e capela-mor cupulada que segue a tipologia mais comum no Baixo Alentejo na centúria de Quinhentos, para as ermidas rurais e que se caracteriza pela austeridade formal e robustez construtiva. O nártex, outrora coberto, constitui uma reminiscência da tradição construtiva de Quatrocentos. A cobertura em domo é um elemento próprio da época maneirista, ainda que o esquema geral da ermida enfileire claramente numa sintaxe de carácter popular / vernáculo.

Planta longitudinal, composta por nártex, nave de planta rectangular, capela-mor de planta quadrada e sacristia adossada a NO., de planta quadrada. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhado de 2 águas sobre a nave, de 1 sobre a sacristia, em cúpula rematada por pináculo truncado sobre a capela-mor, inexistente no nártex. Fachada principal a E. de pano único rematado em empena e rasgado por arco de volta perfeita com moldura pintada de azul; em plano recuado o alçado da nave, rematado em empena coroada por cruz de ferro forjado; portal de verga recta com moldura de cantaria sobreposto por óculo engradado com moldura de argamassa pintada a azul. Alçado lateral N. de 4 panos definidos por contrafortes em talude, sendo os 2 primeiros, correspondentes ao nártex, rasgados por arcos de volta perfeita ligeiramente apontados; no 1º pano a NE. sineira em arco de volta perfeita rematada por empena curva; os restantes panos, correspondentes à nave e à sacristia, saliente, são cegos com remate em beirado. Alçado S. de 4 panos definidos por contrafortes em talude, sendo os dois primeiros, correspondentes ao nártex, rasgados por arcos de volta perfeita ligeiramente apontados; o 2º, correspondente à nave, cego e o 4º, correspondente à capela-mor, recuado, com janela quadrada, central, entaipada. Alçado O. de dois panos, o correspondente à sacristia rasgado por fresta com grades, o da capela-mor cego com remate em cornija. INTERIOR: nártex com poiais envolventes forrados a tijoleira e pavimento em calçada. Nave com cobertura em abóbada de berço; à direita de quem entra pia de água benta de cantaria; alçado do lado da Epístola cego; do lado do Evangelho púlpito com bacia de cantaria e balaustrada em madeira. Arco triunfal de alvenaria rebocada, de volta perfeita sobre pilastras e capitéis pintados a cor azul claro, com acesso por degrau. Capela-mor coberta por cúpula sobre pendentes colocados na horizontal, com perímetro da circunferência pintada a óxido de ferro e marcação de cruz tendo no centro as chaves do orago, ma mesma cor; altar de alvenaria e retábulo-mor em nicho de alvenaria, em arco de volta perfeita emoldurado por retábulo mural em trompe l'oeil, de volutas e ramagens, assinado e cronografado "Ramalho / 85"; o nicho alberga a imagem de São Pedro, com as insígnias papais; pequeno registo recente em azulejo, representando o Papa Paulo VI; do lado da Epístola porta de acesso á sacristia e nicho para galhetas”.

Bibliografia: ANJOS, C.º A. Rebelo dos (1933) - A igreja Matriz de Sant’Iago de Cacém (Apontamentos Histórico – Litúrgicos). Santiago do Cacém: Tip. A Gráfica; DUARTE, A. (1993) - Igrejas e Capelas da Costa Azul. Setúbal: Ed. Região de Turismo da Costa Azul; NA/TT – Dicionário Geográfico, vol. 9, mem. 187, 1758, fs. 1215 – 1221; PINHO LEAL, A. S. A. B. de (1880) - S. Tiago de Cacém. In Portugal Antigo e Moderno, 9. Lisboa: Ed. Livraria editora de Mattos Moreira e Companhia; SILVA, Padre A. de Macedo e (1866) - Annaes do Municipio de Sanct – Yago de Cassem. Beja: Typ. Sousa Porto e Vaz; SILVA, M. João da (1992) - Toponímia das Ruas de Santiago do Cacém, Santiago do Cacém, Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém – Breve Inventário. Lisboa: Edições Colibri e CMSC.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Isabel Mendonça, 1992 / José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Fig. 1 – Capela de São Pedro (Santiago do Cacém). 2009. Foto da Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Figs. 2-3 – Capela de São Pedro (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Fig. 4 – Capela de São Pedro (Santiago do Cacém). Junho de 2010. Foto da Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Figs. 5-7 – Capela de São Pedro (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Igreja da Misericórdia de Santiago do Cacém

Localização: 38°0'55.86"N; 8°41'47.43"W. Rua da Misericórdia, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Finais do século XV.

Descrição:A igreja da Misericórdia foi fundada e construída nos finais do século XV ou nos inícios de XVI.

Na segunda metade do século XVII (1678), o templo sofre a sua primeira reedificação, seguindo-se-lhe uma segunda, após o terramoto de 1755.

No conjunto da sua frontaria, onde antigamente estava situada a antiga capela-mor manuelina, a igreja apresenta um alto portal e janelão barroco, onde foi colocada uma cruz de trevo e um medalhão com as cinco chagas de Cristo, a par de uma desenvolvida e larga escadaria, lajeada com vários fragmentos de lápides sepulcrais.

No alçado lateral esquerdo, foram construídos três interessantes arcobotantes, dois dos quais servindo de moldura a um ornamentado portal manuelino, que, em conjunto com o lintel da fenestração lateral da capela – mor, evidencia motivos vegetalistas marcados pela forte presença de alcachofras, um dos símbolos vegetalistas que representa a ressurreição de Cristo.

O principal recheio do interior da igreja compreende o retábulo da capela – mor, estrutura de cariz arquitectónico onde predominam nichos, marmoreados, símbolos da iconografia cristã, imagens de santos e muitas formas neoclássicas, realizada pelo entalhador António da Fonseca, o altar e a maquineta com a imagem de Nossa Senhora das Dores, sendo de destacar o lenço que a imperatriz do Brasil lhe ofereceu, o altar e a maquineta com a imagem do Senhor dos Passos, peça articulada do tipo de roca, provavelmente da primeira década do século XVIII.

Arquitectura religiosa, manuelina, barroca, ecléctica. Da campanha de obras manuelina subsistem o portal lateral e a verga de uma das janelas da capela-mor. A estrutura geral do edifício, já fini-seiscentista e setececentista, é claramente o resultado de uma interpretação regional da sintaxe barroca, como se depreende da planimetria e da composição dos alçados muito austeras e de eminente corte funcionalista, ainda fiel ao espírito do estilo chão. Destacam-se, pela sua exuberância e desenho mais erudito, o portal principal e o janelão que o sobrepuja, assim como a pintura do tecto do baptistério. A grande reforma realizada no séc. 19 deixou as suas marcas eclécticas nos retábulos, onde se misturam influências neoclássicas e neobarrocas, e na ornamentação dos estuques da capela-mor.

Planta longitudinal escalonada, composta por nave e capela-mor, mais estreita, a que se adossam, do lado direito, a sacristia, a capela do Senhor Jesus dos Passos, a Sala do Consistório, as dependências anexas e o baptistério. Volumes articulados. Coberturas diferenciadas em telhado de duas águas para a nave e capela-mor e de uma água para a sacristia, a capela do Senhor Jesus dos Passos, as dependências anexas e o baptistério. Fachada principal orientada a E., de um pano rematado por empena triângular com cornija e beirado, sobrepujada por cruz de cantaria assente em plinto. Portal de verga curva adintelada, de cantaria, sobrepujado por janelão de verga curva com moldura de cantaria encimada por medalhão enquadrado por volutas com as armas da Santa Casa da Misericórdia, rematado por cruz. Alçado lateral S. de quatro panos separados por arcobotantes em arco de volta perfeita, o primeiro dos quais possui uma lápide epigrafada, e rematados por beirado. O primeiro pano é rasgado por janela de verga recta rematada por arco de querena ladeado por arcos de volta perfeita em cujos encontros se suspendem pinhas; no terceiro pano, precedido por dois degraus enquadrados por frades de cantaria, abre-se o portal lateral em duplo arco polilobado ladeado por colunas de bases compósitas e capitéis de turbante, que se prolongam em molduração de arco de querena ladeado por arcos de volta perfeita e rematado por cogulho; o quarto pano apresenta uma fresta entaipada. Alçado O. cego, rematado por empena triangular. Alçado lateral N. em que se destaca o volume da Sala do Consistório e dependências anexas, de dois pisos, tendo no piso térreo uma porta e uma janela e no piso superior duas janelas e uma fresta. No ângulo NO. eleva-se pequeno campanário de cantaria com olhal em arco de volta perfeita e remate em arco de querena. Articulação exterior / interior desnivelada por amplo escadório com degraus de cantaria, guarnecido por murete revestido de tijoleira com aplicações de cantaria nas extremidades, e patamar. INTERIOR: nave coberta por abóbada de berço que arranca de cornija. Guarda-vento e coro alto com balaustrada de madeira, apoiado em colunas de madeira. A direita de quem entra destaca-se uma pia de água benta, de cantaria. Os alçados laterais são rasgados por três arcos abatidos, emoldurados e assentes em pilastras. Do lado da Epístola, no primeiro arco, abre-se a porta de acesso ao baptistério, resguardada por grade de madeira; no segundo, sobressai o púlpito, com caixa de madeira entalhada, dourada e policromada, e bacia de cantaria, a que se segue uma porta; e no terceiro inscreve-se um arco de volta perfeita com moldura de cantaria assente em pilastras que dá acesso à capela do Senhor Jesus dos Passos, com altar e retábulo de talha dourada e policromada e maquineta com imagem de roca. Do lado do Evangelho, no segundo arco, abre-se o portal lateral, tendo à direita de quem entra uma pia de água benta de cantaria; no terceiro inscreve-se a capela facial de Nossa Senhora das Dores, com altar e retábulo de talha dourada e policromada e maquineta com imagem de roca. Acesso à capela-mor por arco triunfal de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras e degrau, ladeado por nichos com mísulas. Capela-mor coberta por abóbada de berço que arranca de cornija, revestida por estuques dourados e policromados com símbolos eucarísticos. Altar-mor precedido por três degraus e com retábulo, camarim e trono eucarístico de talha dourada e policromada. Do lado da Epístola abrem-se uma janela, um nicho e a porta para a sacristia e do lado do oposto uma janela e um nicho. Sacristia com lavabo de cantaria e arcaz de madeira com elementos de talha dourada. Baptistério coberto por abóbada de arestas com composição mural simulando embutidos florentinos ao centro e nicho emoldurado; fonte baptismal com pia circular de gomo, pé de secção octogonal sobre base quadrada e tampa de talha dourada.”

Bibliografia: ANJOS, C.º A. Rebelo dos (1933) - A igreja Matriz de Sant’Iago de Cacém (Apontamentos Histórico – Litúrgicos). Santiago do Cacém: Tip. A Gráfica; BARATA, M. F. dos Santos (1993) - Resenha Histórico - Urbanística de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém; BARBOSA, I. de Vilhena (1862) - As Cidades e Villas da Monarchia Portugueza que teem Brazão D’Armas, 3. Lisboa: Tip. do Panorama; DUARTE, A. (1993) - Igrejas e Capelas da Costa Azul. Setúbal: Ed. Região de Turismo da Costa Azul; (1758) - Memórias paroquiais do Arquivo Nacional da Torre do Tombo - NA/TT. Dicionário Geográfico de Portugal, 9, mem. 187, fs. 1215-1221. Lisboa; FALCÃO, Bernardo (1931-32) - Memórias da Antiga Miróbriga (segundo manuscrito do século XVIII). In Nossa Terra, nºs 10, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 23, 28; FALCÃO, J. A. (1986) - Pintores que trabalharam para a Santa Casa da Misericórdia de Santiago do Cacém (1707-1708, 1710-1711). Sep. de Armas e Troféus, 1-3. S. 5, T. 6. Lisboa; FALCÃO, J. A. (1995) - Achega para o Estudo da Actividade do Entalhador António da Fonseca em Santiago do Cacém: A construção do retábulo-mor da Igreja da Misericórdia em 1742. Santiago do Cacém; PINHO LEAL, A. S. A. B. de (1880) - S. Tiago de Cacém. In Portugal Antigo e Moderno, 9. Lisboa: Ed. Livraria editora de Mattos Moreira e Companhia; SILVA, Padre A. de Macedo e (1866) - Annaes do Municipio de Sanct – Yago de Cassem. Beja: Typ. Sousa Porto e Vaz; SILVA, M. João da (1992) - Toponímia das Ruas de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém: Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOARES, C. (1987) - Santa Casa da Misericórdia de Santiago do Cacém. Breves Notas para a sua História. Santiago do Cacém; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém – Breve Inventário. Lisboa: Edições Colibri e CMSC.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1997 / Rosário Gordalina, 2003 / Filipa Avellar, 2005

Figs. 1-5 – Igreja da Misericórdia (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Capela das Almas

Localização: 38°0'53.98"N; 8°41'46.85"W. Rua Padre António de Macedo, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: 1630.

Descrição:O templo foi fundado em 1630, pelo padre Sebastião de Matos, pároco de Santo André e freire da Ordem de Santiago.

A frontaria da capela, de ligeira inspiração vertical, apresentando um portal de moldura rectangular, seguido de uma janela de iluminação e de um frontão angular interrompido, com remate em cruz latina, espaço onde também foram colocadas duas urnas e um campanário de uma ventana.

No alçado lateral direito, desenvolveu-se por sua vez, a horizontalidade, orientação que apenas foi interrompida por uma única fresta gradeada, por uma janela de iluminação e pelo rebaixamento da capela – mor, coberta, à semelhança da única nave, com um telhado de duas águas.

O corpo da capela, revestido por um tecto de maceira, por sua vez, desenvolveu, logo à entrada, um pequeno coro-alto policromado com marmoreados de tons rosa, verde e dourado, e posteriormente, a entrada de uma dependência, onde foi colocada uma mísula com a imagem da Virgem com o Menino, obra da primeira metade do século XVII.

Na cabeceira do templo, destaca-se a sepultura em campa rasa do beneficiado Manuel de Oliveira Bello, datada de 1742, benfeitor da Confraria das Almas, a pequena sacristia, contigua à capela – mor, e seu lavabo setecentista, rematado por um cruzeiro, a pia de água benta, em brecha da Arrábida, e, por fim, na perspectiva do enquadramento feito pelo grande arco-cruzeiro, a arquitectura do magnifico retábulo pombalino da capela-mor, estrutura retabular policromada, com marmoreados e elementos rococós, que privilegiou uma tribuna ou camarim, com a enorme imagem de Cristo crucificado inserido num cenário em tromp-l’oeil, onde se dispuseram, sobre plintos, dois tondos, um com um cálice eucarístico e outro com o coração de Jesus, e uma abside imaginária coberta por abóbada de concha. A ladear a grande imagem do Salvador, foram ainda dispostas duas imagens de madeira da segunda metade do século XVIII: Santa Barbara e Santo Estêvão. No último registo, o entalhador optou por construir um ático que enquadrasse o enorme resplendor dourado, que envolve um coração grafado com as abreviaturas I.N.R.I.

Arquitectura religiosa, maneirista, barroca. A capela constitui um notável exemplar da tipologia arquitectónica do Estilo Chão no Baixo Alentejo, como é patente na planimetria, na composição dos alçados e no desenho do portal e de outros elementos em cantaria. O retábulo do altar-mor e o lavabo da sacristia são de clara feição tardo-barroca, assinalando a transição para o formulário do rococó.

Planta longitudinal escalonada, composta por nave e capela-mor, a que se adossam, do lado esquerdo, a sacristia e as dependências anexas. Volumes articulados. Coberturas diferenciadas em telhado de duas águas na nave e dependências anexas e na capela-mor e na sacristia, mais baixo. Fachada principal orientada a S., de um pano rematado por empena triângular interrompida, com cornija e beirado, sobrepujada por cruz de cantaria, com urnas sobre plintos nos acrotérios; sobre o lado esquerdo eleva-se campanário de olhal em arco de volta perfeita com moldurações de argamassa, rematado por empena curva. Portal de cantaria de verga recta encimado por janelão de cantaria de verga curva, engradado. Soco pintado a ocre. Alçado E. de um pano rasgado por duas janelas engradadas e rematado por cornija e beirado. INTERIOR: nave com cobertura em forro de madeira em três planos. Guarda-vento de madeira, tendo do lado do Evangelho uma escada de acesso ao coro alto, resguardado por balaustrada de madeira policromada. Do lado da Epístola, a meio da nave, rasga-se janela engradada. Do lado do Evangelho, abre-se porta de acesso às dependências anexas. Acesso à capela-mor por arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras e emoldurado, em cantaria, e degrau. Capela-mor coberta por abóbada de berço que arranca de cornija, apresentando ao centro a figuração de um serafim em baixo-relevo. Altar e retábulo de talha dourada e policromada, com camarim onde se conserva a imagem do Senhor Jesus do Bonfim, ladeado por mísulas com as imagens de Santa Bárbara e de São Lourenço. Do lado do Evangelho abre-se a porta de acesso à sacristia, de cantaria, tendo do lado direito de quem entra uma pia de água benta de cantaria; do lado da Epístola um armário e uma janela engradada; no pavimento uma tampa de sepultura epigrafada; Sacristia e dependências anexas cobertas por abóbada de berço com lavabo de cantaria”.

Bibliografia: DUARTE, A. (1993) - Igrejas e Capelas da Costa Azul. Setúbal: Ed. Região de Turismo da Costa Azul; (1758) - Memórias paroquiais do Arquivo Nacional da Torre do Tombo - NA/TT. Dicionário Geográfico de Portugal, 9, mem. 187, fs. 1215-1221. Lisboa; PINHO LEAL, A. S. A. B. de (1880) - S. Tiago de Cacém. In Portugal Antigo e Moderno, 9. Lisboa: Ed. Livraria editora de Mattos Moreira e Companhia; SILVA, Padre A. de Macedo e (1866) - Annaes do Municipio de Sanct – Yago de Cassem. Beja: Typ. Sousa Porto e Vaz; SILVA, M. João da (1992) - Toponímia das Ruas de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém: Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém – Breve Inventário. Lisboa: Edições Colibri e CMSC.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1997 / Filipa Avellar, 2005

Figs. 1-2 – Capela das Almas (Santiago do Cacém). Abril de 2010. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Capela de S. Jorge

Localização: 38°0'53.43"N; 8°41'52.68"W. Tap. do Palacete dos Condes de Avillez, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XIX.

Descrição: “Arquitectura civil, ecléctica, tardoromântica, neogótica, neobarroca. Edifício exemplo da amálgama de influências que caracteriza a arquitectura regional na transição do séc. 19 para o 20, aglutinando os arcos ogivais e os vitrais de tradição goticizante com uma planimetria e uma composição dos alçados de feição classicizante, além de reminescências das artes decorativas barrocas, tudo isto integrado numa «pequena escala» de pendor monumental miniaturizado.

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor, a que se adossa, do lado esquerdo, a sacristia e a escada de acesso ao púlpito e às torres sineiras, e, do lado direito, uma dependência e a escada de acesso ao coro alto. Volumes articulados. Coberturas diferenciadas para a nave, a capela-mor, a sacristia e a dependência, em telhado de duas águas, e para as torres sineiras, em coruchéu octogonal. Fachada principal orientada a E., de três panos definidos por pilastras e soco de embasamento pintado a óxido de ferro. O pano central é rasgado por portal ogival com moldura de argamassa, encimado por lápide sobrepujada por janelao ogival com caixilharia de ferro forjado que apresenta vestígios de vitrais, e rematado por cornija e gradeamento de ferro forjado, tendo ao centro a pedra de armas dos Condes de Avillez, em cantaria. Os panos laterais prolongam-se de modo a formarem as torres sineiras, com olhais em arco ogival, sobrepujadas por frontao rasgado por óculo semi-circular e coruchéu rematado por catavento. Alçado lateral N. de dois panos separados por pilastras, correspondendo o primeiro à torre sineira, de esquema idêntico à do alçado principal, e o segundo rasgado por duas pequenas janelas ogivais e rematado por beirado. Alçado O. de um pano, cego, rematado por empena triangular. Alçado lateral S. de esquema idêntico ao do alçado N. INTERIOR: nave única, a que se acede por dois degraus de cantaria. Cobertura em abóbada de berço quebrada revestida por composiçoes molduradas de estuques policromados e parcialmente dourados, que se prolongam pelas paredes, envolvendo todo a superfície visível. Espaço central pavimentado em soalho, separado dos corredores laterais, pavimentados com lages de pedra, por teia de madeira com balaustres torneados. De cada lado da porta principal existem vestígios de uma pia de água benta, de cantaria. Coro-alto em madeira, apoiado em mísulas e com balaustres de talha dourada e policromada. Do lado da Epístola rasga-se um arco ogival com pequena capela lateral com mesa de altar e nicho ogival, seguido por nicho envidraçado onde se conservava a imagem de Nossa Senhora das Dores. Do lado do Evangelho abre-se um arco ogival, idêntico ao que lhe fica fronteiro, seguido pelo púlpito. Acesso à capela-mor por arco triunfal ogival, assente em pilastras e emoldurado, ladeado por dois nichos ogivais e sobrepujado pelo brasão de armas dos condes de Avillez. Retábulo de talha dourada e policromada com camarim, a que se acede por dois degraus de cantaria. Do lado da Epístola rasga-se arco ogival de acesso à sacristia, sobrepujado por varandim. Do lado do Evangelho rasga-se um arco de esquema idêntico, sobrepujado por varandim”.

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Igreja Matriz

Localização: 38°0'49.94"N; 8°41'52.01"W. Rua de Santiago, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XIII.

Descrição:O templo foi construído pelos cavaleiros espatários, no decurso do século XIII.

As primeiras obras de beneficiação do templo foram iniciadas na primeira metade do século XIV.

Na primeira metade do século XVI, concretamente no ano de 1530, a igreja voltou a sofrer nova reedificação, desta vez sob a comendadoria de Alonso Peres Pantoja.

No início do século XVIII (1704), o templo foi novamente reedificado, intervindo em tal acção o requerimento do provedor Gaspar Lopes Machado e a provisão de D: Pedro II, que ordenava o pagamento das obras à custa da comenda da vila, então nas mãos do Marquês de Fontes.

O terramoto de 1755 provocou enormes estragos no monumento, o que motivou a transferência da paróquia para a igreja de Nossa Senhora do Monte, local onde permaneceu até 1830, depois de a matriz ter sido sujeita a trinta e quatro anos de obras de reconstrução, que acabaram por lhe alterar a orientação, a antiga capela-mor passou a situar-se na porta principal, e as dimensões que até então detinha, 62 pés de comprimento e 42 pés de largura. Porém, e apesar das obras, que foram dirigidas pelo prior Bonifácio Gomes de Carvalho e pelo beneficiado José Caetano da Fonseca, o culto voltou a oficiar-se em 1800, altura em que o bispo de Beja, D. Frei Manuel do Cenáculo Villas – Boas, sagrou o altar do edifício religioso.

No final do século XIX, concretamente no dia 9 de Março de 1895, a igreja foi consumida pelo fogo, o incêndio destruiu totalmente os madeiramentos e danificou as cantarias. Com o restauro de 1933, procurou-se renovar todo o espaço da capela – mor e os altares laterais, bem como alguns arranjos na fachada, espaço circundante e torre sineira.

No exterior do complexo religioso, iniciado por uma portentosa escadaria onde se dispuseram quatro fechos de abóbadas manuelinas iconografados com grande parte dos atributos de Santiago, desenvolveu-se uma fachada de imponentes linhas barrocas tardias, dirigidas por uma orientação verticalista, que privilegiou a marcação externa das naves, e, simultaneamente, dispôs as fenestrações e as portas, ambas em número de três, na mesma orientação. Ao passar para o segundo registo, que corresponde a um movimentadofrontão de cariz cenográfico, com referências aos atributos do apóstolo Santiago (bordão e cabaça, folha de palma, chapeirão e volumen) e às volutas e aletas que o apoiam, a verticalidade das pilastras ganhou vida nas urnas apontadas, quase fogaréus em chamas (em número de quatro), e terminou na carena de cornija do frontão.

No alçado lateral Sul destacou-se, entre o jogo de saliências e reentrâncias do corpo da igreja, um notável portal gótico dos séculos XIII/XIV, emoldurado por um gablete de disposição muito aguda onde se desenvolveram três arquivoltas ogivais descarregadas em capitéis / impostas esculpidos com representações muito próximas do naturalismo. O portal, denominado de Porta do Sol, apresenta dois tipos de figurações simbólicas: a zoomórfica (constituída por pavões afrontados, pequenas aves, uma cabeça de morcego (?), um leão a segurar ou a devorar um pequeno animal, um touro ou um boi, e, possivelmente, uma pantera a segurar ou a devorar algo) e a zoo - fitomórfica (constituída por uma cabeça de morcego (?), dois pássaros, folhas de hera de videira e, provavelmente, de figueira).

O interior do templo desenvolveu uma nave central abobadada em meio – canhão, praticamente o dobro e duas naves laterais, suportadas por arcos formeiros aviajados assentes em mísulas da época da intervenção manuelina, desdobrando-se o seu corpo em seis tramos, os quais são demarcados por dez arcadas quebradas, algumas das quais assentes em colunas oitavadas, exceptuando as últimas, que foram demarcadas por arcos de pleno centro.

A antiga cabeceira, actualmente camuflada pela frontaria, encerra uma peça escultórica de grande importância na arte portuguesa medieval, ou seja, a antiga capela – mor e o alto-relevo de Santiago Combatendo os Mouros.

A antiga capela – mor, transformada em coro – alto, apresenta ainda parte da orientação rectangular que a caracterizava, a par da cobertura abobadada em cruzaria de ogiva, por sua vez ramificada por liernes e pontuada por chaves decoradas com elementos heráldicos vegetalistas e cristocêntricos.

O alto-relevo gótico, oferta da princesa bizantina e donatária de Santiago do Cacém, D. Vataça Lascaris. A peça, actualmente adossada à parede sul do subcoro, medindo 1,65 por quase 2,50 metros, conseguiu equilibrar a estaticidade – Santiago manejando a espada e segurando a flâmula no seu corcel de guerra - com o movimento – o turbilhão dos guerreiros mouros que fogem a cavalo ou ficam prostrados e feridos em terra.

Na Nave lateral norte desenvolveu-se o baptistério, o altar do Santo Lenho, onde se destaca o relicário de três chaves e a tela oitocentista Santa Helena Segurando a Vera Cruz, e o altar de Nossa Senhora da Conceição, adoptou uma estrutura retabular típica das últimas décadas do século XVIII e princípios do século XIX, construções onde predomina a utilização das ordens clássicas e os mármores fingidos, policromados em verde, azul e rosa.

Na nave lateral sul, o altar de Nossa Senhora do Carmo, a capela do Santíssimo Sacramento, a antiga capela de Santo Estêvão, onde se encontra uma tela representando a Última Ceia e um silhar de azulejos de produção industrial do século XIX / XX, ao altar de Nossa Senhora do Rosário, e, por último, à antiga capela de Nossa Senhora da Conceição.

O espaço entre cada altar e capela, exceptuando a antiga capela do Santo Lenho cujo revestimento foi realizado em azulejos de padronagem policroma seiscentista, denominada de tapete, foi preenchido por um rico silhar de azulejos seiscentista, em azul e amarelo, onde predomina a figuração da rosa.

Ainda na nave lateral norte, mas já no seu exterior, descobre-se uma porta de acesso à antiga cabeceira constituída por um vão em arco quebrado, suportado por muitas aduelas.

A igreja detinha um enorme número de sepulturas no seu pavimento. Deste conjunto, salientamos a sepultura gótica de Álvaro Mendes Brito e seus herdeiros, a lápide sepulcral de João falcão Murzelo de Mendonça e de sua mulher, D. Francisca Teresa Nobre Pacheco e a sepultura seiscentista (1652) do padre Gomes Falagre Vargo e de seus descendentes.

As Confrarias do templo, organizadas em torno das invocações dos altares e capelas, congregavam várias associações de confrades: Sacramento, Santo Lenho e Nossa Senhora do Rosário.

A Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais tem vindo, nos últimos anos, a beneficiar esta igreja com sucessivas obras de conservação e restauro.

A Igreja Matriz alberga o núcleo museológico do Tesouro da Colegiada onde se pode ver o relicário do Santo Lenho – uma obra notável que também pertencia a D. Vetaça Lezcaris – e um espólio riquíssimo destinado a servir sobretudo cerimónias litúrgicas.

A igreja está classificada como monumento Nacional pelos Decretos de 167671910 e de 30/11/1922, enquanto a zona de protecção, em conjunto com a do castelo, foi estabelecida no D.G., 2ª ser., nº265 de 15/11/49.

Arquitectura religiosa, gótica, manuelina, barroca, pombalina. Igreja de ordem militar, progressivamente aumentada e alterada, com vestígios de várias épocas: gótico - 4 tramos da nave central e laterais, separados por arcos quebrados sobre pilares octogonais de capitéis cúbicos; Porta do Sol com arquivolta quebrada, inscrita em gablete, e capitéis com animais afrontados, numa decoração naturalista característica da transição do séc. 13 para o Séc.14; alto-relevo no sub-coro; manuelino - estrutura da primitiva cabeceira (hoje incluída no corpo da nave), com abóbada rebaixada de cruzaria de ogivas e estrelada, com fechos decorados, assente em capitéis cónicos com torsais; barroco - fachada cenográfica com remate de linhas ondeantes, com abertura cenográfica para a escadaria fronteira. Altares e púlpito em talha polícroma, pombalina; revestimento azulejar de padronagem seiscentistas no baptistério e altares laterais; azulejos oitocentistas no primitivo absidíolo N. e na Capela do Santíssimo Sacramento estes últimos de inspiração seiscentista.

Planta longitudinal, composta pela justaposição do rectângulo das naves e do rectângulo de menores dimensões da capela-mor, a O., a que se adossam, a N. e S., a sacristia, várias capelas e a torre sineira. Volumes articulados, massas dispostas na vertical, cobertura diferenciada em telhado cerâmico de 2 águas sobre a nave principal e capela-mor, de 1 água sobre sobre as naves e capelas, 4 águas cimentadas sobre a torre sineira. Fachada principal a E., de 3 panos definidos por pilastras e cunhais rematados por fogaréus; 3 registos sendo os inferiores rasgados por portas e janelões de verga curva; ao centro o portal com tímpano contacurvado; remate em cornija arquitravada a que se sobrepõe frontão em arco de carena flanqueado de aletas; no tímpano abre-se grande óculo. Na fachada N. ressalta a torre sineira, a seguir à porta lateral. Na fachada S. rasga-se a Porta do Sol, apresentando decoração zoomórfica ( pavões afrontados, pequenas aves, felinos ) e zoo-fitomórfica ( pássaros, fohas de hera, videira, etc. ), inscrita em gablete triangular, vão em arco quebrado enquadrado por uma arquivolta assente em colunas cilíndricas. INTERIOR: três naves, de 9 tramos, a central, com abóbada de berço sobre sanca envolvente, comunicando com as laterais, cobertas por abóbada de berço rebaixada amparada por arcos aviajados assentes em mísulas esculpidas, por 4 arcos quebrados assentes em pilares octogonais e 1 arco redondo de maior vão. A E., no prolongamento das naves, abrindo-se por arcos quebrados, o corpo mais baixo da primitiva cabeceira, com ábside (na qual se inscreve hoje o coro-alto) e absidíolos intercomunicantes, de 2 tramos cobertos por abóbada de nervuras e abóbada estrelada, com chaves decoradas de elementos heráldicos, vegetalistas e cristocêntricos; no espaço da antiga capela-mor, adossado à parede S. do sub-coro, monumental alto-relevo ( 1,65m x 2,47m ) figurando "Santiago combatendo os Mouros"; o degrau que dá acesso à entrada da igreja é uma tampa sepulcral epigrafada quinhentista reaproveitada. Na nave lateral N.: o Baptistério ( antiga Capela do Santo Lenho ), sob a torre sineira, revestido a azulejos de tapete, polícromos, com cercadura; o altar do Santo Lenho, onde se destaca relicário de 3 chaves e uma tela figurando "Santa Helena Segurando a Vera Cruz"; o altar de Nossa Senhora da Conceição, com retábulo de mármores fingidos, policromados em verde, azul e rosa, no pavimento uma tampa sepulcra armoriada e com inscrição cercada por uma estrutura de ferro solta que a protege; a Sacristia, no prolongamento do corredor de acesso à escadaria do campanário. Na nave lateral S.: o altar de Nossa Senhora do Carmo; a Capela do Santíssimo Sacramento ( antiga Capela de Santo Estevão ) onde se encontra tela figurando "A Última Ceia" e silhar de azulejos de produção industrial de motivos geométricos e fitomórficos; o altar de Nossa Senhora do Rosário; a Capela de Nossa Senhora da Conceição ( que serve de casa de arrumos ) onde se encontra uma pintura mural encoberta pelo reboco; junto à Porta do Sol, no pavimento, a servir de degrau uma tampa sepulcral. Os espaços entre os altares e capelas, bem como na abóbada do 1º tramo da nave lateral direita ( primitivo absídiolo ), são preenchidos por silhar de azulejos de tapete e cercadura, azuis e amarelos, onde se repete o motivo floral da rosa. Púlpito de talha. Capela-mor com abóbada de lunetas à mesma altura da nave central, com ela comunicando por arco triunfal pleno sobre pilastras; retábulo-mor de talha. Fenestração: 3 janelões e óculo a E., janelas no tramo junto à capela-mor, também rasgada por lunetas *1.

Descrição Complementar:

INSCRIÇÕES: 1. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura deslocada do local original e actualmente a servir de degrau na entrada principal da igreja; sem moldura nem decoração; tem encaixado um ferro curvo, de correr a porta, que cortou algumas letras do texto; calcário vermelho; Dimensões: (não são as originais por ter sido cortada quando foi adaptada a degrau) 218,5x118,5; Tipo de Letra: gotica minúscula de forma com inicial em capitular carolino-gótica; Leitura: Esta sepultura é de álvaro mendes de brito cavaleiro de linhagem e para todo(sic) seus herdeiro(sic) a qual mando(sic) fazer joane mendes de brito seu filho e s[eu] neto álvaro mendes de brito aqui principal(?). 2. Inscrição comemorativa da sagração da igreja gravada numa lápide; sem moldura nem decoração; vestígios de tinta preta nas reentrâncias das letras; visíveis linhas auxiliares e de delimitação da caixa do texto; mármore; Dimensões: 50,5x64x1,5; Tipo de Letra: capital actuária com alguns "u" minúsculos cursivos; Leitura: ESTA MATRIZ FOI SAGRADA NO PRIMEIRO DOMINGO DE SETEMBRO DE 1800 E PELO EXCELENTÍSSIMO E REVERENDÍSSIMO SENHOR DOM FREI MANUEL DO CENÁCULO VILAS BOAS BISPO DIOCESANO SENDO O PRIOR E JuÍZ DA ORDEM BONIFÁCIO GOMES DE CARVALHO QUE A REEDIFICOu, E ACRESCENTOu, COMO SE VÊ DO LIVRO DAS VISITAS, EM DECLARAÇÃO DO DITO EXCELENTÍSSIMO SENHOR; 3. Inscrição comemorativa da reedificação da igreja gravada numa lápide presa nos cantos por cravos de metal; sulcos das letras preenchidas com argamassa preta; mármore; Dimensões: 50x64x1,7; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: INCENDIADA EM 9-3-<18>95 REEDIFICADA À CUSTA DO POVO DESTA FREGUESIA EM 1902; 4. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura deslocada do local original e actualmente a servir de degrau na entrada da "porta do sol"; fracturada na base e muito deteriorada nos flancos; calcário; Dimensões:142,5x68; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: SEPULTURA DO PADRE GOMES TALAGRO VARGO E DE SEUS DESCENDENTES FALECEU A 26 DE JUNHO DE 1652; 5. Inscrição funerária gravada nos dois terços inferiores de uma tampa de sepultura em campo epigráfico rebaixado e delimitado por uma moldura simples de cantos convexos; a encimá-la, ocupando o terço superior uma pedra de armas; Descrição Heráldica: escudo de ponta de tipo inglês de azul, com três bordões de ..., postos em pala e alinhados em faixa - Falcão; ornatos exteriores: elmo com colar com insígnias da ordem de Santiago e paquife; timbre: um falcão com um bordão do escudo no bico e no pé direito; protegida por estrutura de ferro solta; sulcos das letras preenchidos com argamassa preta, estando alguma a soltar-se; Dimensões: 202,5x90; moldura: lado esq.: 6,5; lado dir.: 6,8; topos: 6,5; brasão: 99,8x70; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: AQUI JAZ JOÃO FALCÃO MURZELO DE MENDONÇA, E SUA MULHER, DONA FRANCISCA TERESA NOBRE PACHECO, AQUELE FALECIDO EM 11 DE AGOSTO DE 1801, E ESTA EM 23 DE JULHO DE 1833. JACINTO FALCÃO MURZELO DE MENDONÇA SEU FILHO, MANDOU POR-LHE ESTA CAMPA EM RESPEITO, E VENERAÇÃO PELA MEMÓRIA DE AMBOS 1835. 6. Inscrição comemorativa de obras gravada numa lápide encastrada na parede do lado do epístola da capela-mor; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: SACRO DECURRENTE XIX HUMANI GENERIS REDIMPTIONIS CENTENARIO PRAESULE PACENSIS DIOECESEOS EXCMO AC REVDMO DOMNO IOSEPHO A PATROCINIO DIAS PAROECIAM HANC REGENTE ARCHIDº ANTONIO REBELO DOS ANJOS HOC TEMPLUM SEMEL ATQUE ITERUM SCELESTE SUCCENSUM DENUO RESTAURATUM EXSTAT CURA RECTORIS ET OPE RELIGIOSORUM INCOLARUM HUUIS PRAECLARISSIMI OPPIDI SANCTI IACOBI DE CACEM ANNO DOMINI MCMXXXIII LAUS DEO.”

Bibliografia: ALMEIDA, J. A. F. (1976) - Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa: Selecções do Reader´s Digest; ANJOS, C.º A. Rebelo dos (1933) - A igreja Matriz de Sant’Iago de Cacém (Apontamentos Histórico – Litúrgicos). Santiago do Cacém: Tip. A Gráfica; BARATA, M. F. dos Santos (1993) - Resenha Histórico-Urbanística de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém; BARBOSA, I. de Vilhena (1862) - As Cidades e Villas da Monarchia Portugueza que teem Brazão D’Armas, 3. Lisboa: Tip. do Panorama; DIAS, P. (1994) - A Arquitectura Gótica Portuguesa. Ed. Estampa; DUARTE, A. (1993) - Igrejas e Capelas da Costa Azul. Setúbal: Ed. Região de Turismo da Costa Azul; (1758) - Memórias paroquiais do Arquivo Nacional da Torre do Tombo - NA/TT. Dicionário Geográfico de Portugal, 9, mem. 187, fs. 1215-1221. Lisboa; FALCÃO, J. A. & FERREIRA, J. M. R. (1987) - Marcas Lapidares da Igreja Matriz de Santiago do Cacém. Anais da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, 1, S. 2. Santiago do Cacém; PEREIRA, E. & RODRIGUES, G. (1912) – Portugal. Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, 6. Lisboa; PEREIRA, F. A. B. (1990) - Alto-relevo Gótico de Santiago do Cacém. In A Ordem de Santiago – História e Arte (Catálogo da Exposição “O Castelo e a Ordem de Santiago de Palmela”); PEREIRA, F. A. B. & FALCÃO, J. A. (1988) - Pintura Maneirista do Distrito de Setúbal. Duas Adorações da Igreja Matriz de Santiago do Cacém Atribuídas a José de Escovar. Anais da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, 2, S. 2. Santiago do Cacém; FALCÃO, J. A. & FERREIRA, J. M. R. (1987) - Marcas lapidares da Igreja matriz de Santiago do Cacém. Anais da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, 1, S. 2. Santiago do Cacém; MURALHA, P. (s. d.) - Álbum Alentejano. Apêndice à Província do Baixo Alentejo, T. 4; PINHO LEAL, A. S. A. B. de (1880) - S. Tiago de Cacém. In Portugal Antigo e Moderno, 9. Lisboa: Ed. Livraria editora de Mattos Moreira e Companhia; SILVA, A. de Macedo e (1843) - O Castello de Santiago de Cacém. In O Panorama; SILVA, Padre A. de Macedo e (1866) - Annaes do Municipio de Sanct – Yago de Cassem. Beja: Typ. Sousa Porto e Vaz; SILVA, M. João da (1992) - Toponímia das Ruas de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém: Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém – Breve Inventário. Lisboa: Edições Colibri e CMSC.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Isabel Mendonça, 1992 / Filipa Avellar, 2005

Figs. 1-21 – Igreja Matriz (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Igreja do Espírito Santo

Localização: 38°0'56.33"N; 8°41'48.15"W. Praça Conde do Bracial, nº 3; Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XIV.

Descrição:O Templo foi fundado, provavelmente, no século XIV ou princípios do século XV, e reconstruído no século XVIII, altura em que a Misericórdia de Santiago do Cacém, até então administradora do espaço, cedeu a igreja, por concordata realizada em 1752, aos Irmãos Terceiros de S. Francisco.

Na sua tipologia, a igreja apresenta a fachada principal emoldurada por duas esguias pilastras em alvenaria, ligeiramente avançadas sobre o pano mural, além de uma “ linha de céu” sobejamente movimentada, na continuidade das pilastras laterais, segue-se um frontão que ostenta uma cartela de emolduramento barroco, em cujo campo foram gravados os atributos da Ordem terceira de S. Francisco: o braço de Cristo cruzado em aspa com o de S. Francisco e a cruz do Calvário, finalmente, a meio da frontaria, a abertura de uma fenestração para a iluminação da única nave, onde se destacou, sobre o lintel, um elegante concheado de recorte rococó.

Encontra-se dentro da ZEP do Pelourinho de Santiago do Cacém.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém; (1758) - Memórias paroquiais do Arquivo Nacional da Torre do Tombo - NA/TT. Dicionário Geográfico de Portugal, 9, mem. 187, fs. 1215-1221. Lisboa; PINHO LEAL, A. S. A. B. de (1880) - S. Tiago de Cacém. In Portugal Antigo e Moderno, 9. Lisboa: Ed. Livraria editora de Mattos Moreira e Companhia;SILVA, Padre A. de Macedo e (1866) - Annaes do Municipio de Sanct – Yago de Cassem. Beja: Typ. Sousa Porto e Vaz; SILVA, M. João da (1992) - Toponímia das Ruas de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém: Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém – Breve Inventário. Lisboa: Edições Colibri e CMSC.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Figs. 1-5 – Igreja do Espírito Santo (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Capela de S. Sebastião

Localização: 38°1'11.22"N; 8°41'21.48"W, junto à antiga Estrada Real (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XVI.

Descrição:Capela construída no século XVI.

A data da sua construção teria sido no século XVI situada no alto de uma encosta, a poente do lugar das Cumeadas. É de construção nave única e sacristia adossada à capela-mor e uma cúpula hemisférica. Foi muito danificada pelo sismo de 1969 que obrigou à reconstrução da fachada principal.

Arquitectura religiosa, maneirista, popular, vernácula, ecléctica. O edifício desenvolve-se dentro de uma tipologia comum no contexto regional, durante o séc. 16, para as ermidas rurais, com nave única e capela-mor coberta por cúpula, tipologia que se caracteriza pela sua austeridade formal e robustez construtiva. A cobertura em domo é um elemento próprio da época maneirista, se bem que o esquema geral da ermida enfileire claramente numa sintaxe de carácter popular / vernáculo. A fachada principal, refeita no séc. 20, remete para um imaginário neo-rococó, específico do eclectismo arquitectónico dos meados desta centúria.

Planta longitudinal escalonada composta por nave e capela-mor, a que se adossa, do lado direito, a sacristia. Volumes articulados. Coberturas diferenciadas em telhado de duas águas na nave, em domo na capela-mor e em telhado de uma água na sacristia. Fachada principal orientada a O., de um pano com soco e molduração pintados a azul, rematado por empena polilobada com volutas e sobrepujada por cruz latina; portal de verga curva com moldura de argamassa pintada a azul sobrepujado por óculo circular engradado e com moldura de argamassa pintada a azul. Alçado N. de dois panos cegos, com soco pintado a azul, rematados por beirado duplo. Alçado E. de um pano cego. Alçado S. com o volume da nave rasgado por portal lateral de verga recta com bandeira em arco de asa de cesto, com molduras de argamassa pintadas a azul, soco pintado a azul e remate superior em beirado duplo; volume adossado da sacristia, de um pano, rasgado por janela de verga recta engradada e com moldura de argamassa pintada a azul, soco pintado a azul e beirado. INTERIOR: nave com cobertura de forro de madeira em três planos. Do lado da Epístola, a meio da nave, rasga-se portal lateral. Acesso à capela-mor por arco abatido assente em pilastras, emoldurado e pintado de ocre, e degrau. Capela-mor coberta por cúpula apoiada em trompas, com moldura pintada a ocre e marcação de cruz da mesma cor. Altar em forma de urna, precedido por degrau, e nicho de alvenaria em arco semi-circular e com moldura pintada a azul. Do lado da Epístola abre-se a porta de acesso à sacristia.”

Bibliografia:FALCÃO, Bernardo (1931-32) - Memórias da Antiga Miróbriga (segundo manuscrito do século XVIII). In Nossa Terra, nºs 10, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 23; SILVA, A. de Macedo e (1869) - Annaes do Município de Sant'Iago de Cacém, 2ª. ed.. Lisboa.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Figs. 1-7 – Capela de São Sebastião (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de São Domingos

Igreja de São Domingos

Localização: 37°55'48.19"N; 8°32'21.99"W. Rua 1º de Maio, São Domingos (C.M.P. nº 527).

Cronologia:Séc. XV (Provável construção).

Descrição:A igreja de S. Domingos é considerada um templo do género rural manuelino, conserva ainda no portal principal e na janela de iluminação do coro alto (ambos em arco quebrado desprovido de decoração) as marcas da influência do estilo gótico.

O terramoto de 1755 danificou muito a igreja que ficou por recuperar muitos anos.

A Igreja apresenta no seu interior o corpo duma única nave de tecto em madeira com quatro altares laterais do período setecentista sendo dois deles saídos do corpo do templo como se estivesse a simular o transepto duma igreja em forma de cruz grega.

Do seu recheio destacam-se muitas imagens dos séculos XVII e XVIII, a pia manuelina da água benta, os altares laterais do período setecentista, os relevos rococós da caixa de madeira do púlpito e o interessante retábulo da capela-mor.

Para a execução do retábulo da capela – mor foi contratado um mestre entalhador de nome ainda por conhecer, enquanto para a obra da pintura foram provavelmente contratados os serviços do pintor João Filipe da Fonseca, residente em Vila Nova da Baronia, o qual estava a trabalhar no templo paroquial no ano de 1765.

A organização da estrutura foi traçada de acordo com os modelos utilizados na época. Assim, foi construída na parte inferior da máquina retabular, uma comprida predela, dominada ao centro pelo sacrário decorado com símbolos eucarísticos, com um efeito de movimento ondulante e com uma decoração plena de concheados, formas auriculares e quartelões quase fitomórficos.

A esta zona seguiu-se o grande andar central, com o seu alto camarim de boca rendilhada e trono piramidal, ladeado por colunas com capitéis compósitos e nichos protegidos por panejamentos baldaquinos, onde se vêm as imagens de S. Domingos e da Virgem.

A última fiada do retábulo revelou-se a parte mais imponente e movimentada de toda a composição, visto que a decoração do seu ático deu lugar a um ritmo assimétrico e alucinante, com que à manipulação das formas da natureza, ao qual a nossa visão não consegue ficar alheia. Assim, às cartelas retortas de concheados, às representações de algas marinhas afirmaram-se floridas grinaldas, às sobrecarregadas consolas depararam-se asas de morcego, à cartela principal, qual molusco marinho, sobrepuseram-se os ritmos dos cadilhos da sanefa colocada em majestade.

Arquitectura religiosa, popular, vernácula, barroca. Igreja paroquial que segue o esquema comum nas pequenas igrejas rurais da Ordem de Santiago de Espada e que se caracteriza pela grande austeridade e pela funcionalidade construtiva. A estrutura de base é enriquecida por elementos barrocos, já de uma fase avançada do séc. 18, como se torna patente na torre sineira e no retábulo da capela-mor, este já denotando contaminações pontuais da linguagem neoclássica, como as gregas do remate.

Planta longitudinal, orientada, composta por nave e capela-mor mais estreita, tendo à direita as escadas exteriores de acesso à torre sineira, a torre sineira e a sacristia, e à esquerda o baptistério e as dependências. Volumes articulados; cobertura diferenciada em telhado de duas águas na igreja e em cúpula bolbosa na torre sineira. Fachada principal rematada por empena assimétrica, coroada por cruz de ferro forjado; portal simples, ladeado por poiais e encimado por nicho em arco de volta perfeita. Alçado S. de um pano, rematado por beirado, a que se adossa o volume das escadas exteriores de acesso à torre, resguardadas por murete e assentes sobre arco de volta perfeitas que enquadra portal lateral; segue-se a torre sineira, de um pano definido por cunhais, dividido em dois registos por cornija, o registo superior é rasgado por olhal em arco de volta perfeita, emoldurado e assente em pilastras; remate superior em cornija e cúpula bolbosa sobrepujada por catavento; segue-se o volume saliente da sacristia, de um pano definido por cunhais, rasgado por porta com moldura de argamassa, antecedida por degrau formado por lápide sepulcral epigrafada, com o soco pintado e remate em beirado; volume da capela-mor recuado, rasgado por pequena fresta e rematado por beirado, tendo no ângulo que faz com a sacristia um fragmento de fuste de cantaria com uma inscrição. Alçado E. cego, rematado em empena sobrepujada por cruz de ferro forjado, tendo adossado cruz de cantaria com plinto e dístico; à esquerda, recuada, adossa-se a sacristia, rasgada por fresta, e à direita uma dependência, com esquema idêntico. Alçado N. de quatro panos definidos por contrafortes, rematados por beirado; no primeiro pano rasga-se uma porta, precedida por degrau; no segundo e quarto panos abrem-se frestas. Interior de uma nave coberta por tecto de madeira de três planos. Do lado da Epístola destaca-se uma pia de água benta em cantaria; portal lateral com pia de água benta de cantaria à direita; capela lateral enquadrada por arco de volta perfeita com moldura de cantaria assente em pilastras; retábulo de alvenaria rebocado e caiado, com nicho central ladeado por duas mísulas. Do lado do Evangelho rasga-se um arco de volta perfeita resguardado por grades de madeira que dá acesso a uma dependência; arco de volta perfeita de acesso ao baptistério onde se conserva fonte baptismal de cantaria, de planta circular; púlpito com bacia de cantaria assente em mísula de pedra e gradeamento de madeira; capela lateral enquadrada por arco de volta perfeita com vestígios de pintura mural, emoldurado e assente em pilastras; retábulo de alvenaria rebocada e caiada, com nicho central ladeado por mísulas. Arco triunfal de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras de cantaria com arestas chanfradas; chave de cantaria com a cruz dos espatários, relevada, e cronograma " [...] Z ANOS ". Capela-mor coberta por abóbada de berço que arranca de cornija; retábulo de talha dourada e policromada com camarim, trono e sacrário, ladeados por mísulas enquadradas por pilastras e remate superior mistilíneo onde se inserem os atributos do apóstolo São Bartolomeu (volumen e cutelo). Na parede do lado da Epístola abre-se a porta da sacristia e um nicho-credência, sendo a parede oposta de esquema idêntico e apresentando, abaixo da credência, uma lápide com uma inscrição. Sacristia com lavabo de cantaria e arcaz de madeira.

Descrição Complementar:

INSCRIÇÕES: 1. Inscrição funerária gravada numa lápide que serve de degrau; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: AQUI ESTA SEPULTADO O CAPITÃO MANUEL GONÇALVES SERRÃO QUE FALECEU EM 26 DE AGOSTO DE 1798. 2. Inscrição funerária gravada num fragmento de um fuste; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: ESTA CAPELA E SACRISTIA FORAM FEITAS DE NOVO POR ASTÚCIA DO PADRE JOSÉ DA SILVA FRIAS PRIOR DESTA FREGUESIA SENDO JUÍZ O CAPITÃO SERRÃO NO ANO DE 1791. 3. Inscrição comemorativa da consagração de um altar e de uma capela gravada numa lápide; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: A DEUS NOSSO SENHOR EM HONRA DE SÃO BARTOLOMEU APÓSTOLO FORAM DEDICADOS ESTE ALTAR E CAPELA NOVOS SENDO PRIOR O REVERENDO PADRE JOSÉ DA SILVA PRESTES POR DILIGÊNCIA SUA SENDO JUÍZ O CAPITÃO MANUEL GONÇALVES SERRÃO EM O ANO DE MDCCXCI.”

Bibliografia: SOBRAL, C. M. (2001) - Ao Encontro do Nosso Património, S. Domingos. In Informação Municipal. Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOBRAL, C. M. (2003) - O retábulo de talha da igreja de S. Domingos. In Gentes e Culturas – Freguesia de São Domingos. Ed. Liga dos Amigos de Vila Nova de Santo André (LASA).

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1999 / Filipa Avellar, 2005

Figs. 1-5 – Igreja de São Domingos. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de Alvalade

Ermida de S. Roque

Localização: 37°59'25.83"N; 8°23'4.56"W. Herdade do Faial, Alvalade (C.M.P. nº 518).

Cronologia: Século XV.

Descrição:A ermida de São Roque foi edificada por Mem Daver no final do século XV ou nos inícios de XVI, tal como refere a descrição efectuada pela Ordem de Santiago, em 1510. Na visitação de 1533, verificou-se que a ermida estava danificada e a necessitar de restauro, determinando-se então o seu restauro pelos filhos de Mem Daver, herdeiros da herdade onde esta se encontrava.

No ano de 1687, a ermida encontrava-se em ruína, facto que tocou o pároco de Alvalade Pedro Fialho e o levou a despender um total de 22.460 réis para o seu conserto.

Segundo uma descrição de 1758, a ermida estava situada à distância de uma légua da vila, pertencia à jurisdição ordinária e tinha festa no dia 16 de Agosto, com a assistência de muita gente.

Actualmente está em ruínas, apresentando uma planta rectangular, de que restam apenas as paredes em pouca altura e um contraforte, que suportaria provavelmente o arco de um pequeno alpendre. A maior curiosidade reside na existência de círculos com rosetas de várias pétalas, que se encontram nos restos da parede do lado direito, situados entre a alvenaria e o último nível de reboco, numa zona intermediária. Localiza-se na herdade do Faial.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Ermida de Santa Maria da Azinheira do Roxo/Capela Nova de N. Sra. do Roxo

Localização: 37°59'6.96"N; 8°23'12.54"W. Monte da Azinheira do Roxo, Alvalade (C.M.P. nº 528).

Cronologia: Século XVI/XX.

Descrição:A antiga Ermida de Nossa Senhora do Roxo aparece referida nas visitações quinhentistas de Alvalade, tendo-se posteriormente tornado sede de uma paróquia rural; no séc. 19 a extinção da paróquia acabou conduzindo à total ruína da igreja; em meados do séc. 20 demoliu-se as ruínas da primitiva igreja e foi efectuada a construção da actual, pelos proprietários de um dos montes vizinhos, com a intenção de manter o culto a Nossa Senhora do Roxo; reutilizaram-se algumas peças salvas das ruínas, como a pia baptismal, a chave de abóbada e as lápides.

Apresenta planta rectangular, regular; massa simples com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachada principal a E. de pano único definido por pilastras de argamassa relevadas caiadas a cinzento; embasamento caiado a cinzento onde se destacam, à esquerda, uma lápide de cantaria com pedra de armas invertida da Ordem de Santiago e, à direita, outra lápide de cantaria com a cruz dos espatários; remate superior em frontão triangular, rematado por cruz latina de ferro forjado com remates em forma de trevo e pinhas de argamassa nos acrotérios sobre as pilastras; no tímpano destaca-se um medalhão circular de cantaria, com moldura de folhagens, tendo no centro o brasão invertido da Ordem de Santiago, contornado por torçal; portal de verga recta com moldura de argamassa caiada a cinzento, com pequenas orelhas e porta de duas folhas em madeira com postigos encerrados por barras de ferro fundido e vidros azuis, encimado por óculo oval; no chão, precedendo a pedra de soleira, ao modo de patim, um bloco de cantaria de mármore de Trigaches, de formato rectangular, dividido em quatro rectângulos por moldura simples, apresentando em cada um dos espaços em reserva uma flor de oito pétalas em forma de losango em torno de um centro circular, em baixo relevo. Fachada O. de um só pano cego com soco pintado a cinzento e remate superior em beirado. Restantes fachadas adossadas. INTERIOR: espaço único, rectangular, coberto por tecto plano, estucado; pavimento de mosaico hidráulico; alçados estucados, pintados de cor creme, com molduras formadas por finas linhas azuis, rematadas por folhagens estilizadas nos ângulos; lambril de azulejos de padrão pintados a azul, branco e amarelo, representando florões e medalhões com símbolos e objectos litúrgicos. Na parede fundeira destaca-se uma mesa de altar, em consola apoiada em dois cachorros volutiformes, em cantaria, encimada por painel de azulejos azuis e brancos, com moldura de enrolamentos de folhas de acanto e figuração central de Nossa Senhora com o Menino sobre um crescente lunar onde se destaca a inscrição " N.ª S.ª DA CONCEIÇÃO / DA AZINHEIRA DO ROXO ". Na parede N. destaca-se um painel de azulejos, azuis e brancos com moldura idêntica, representando a "Natividade"; na parede S. painel idêntico representando o "Baptismo de Cristo"; os três painéis apresentam no canto inferior direito a inscrição "Aleluia / Aveiro"; no ângulo SE. situa-se uma pia baptismal de cantaria, com taça de secção exterior octogonal e secção interior circular, assente em fuste de secção circular e base sobre plinto.

Bibliografia: RAMOS, Luís Pedro, (2000) - Alvalade. Das Origens ao Século XX. Santiago do Cacém.

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Ricardo Pereira, 2001

Igreja Matriz de Alvalade

Localização: 37°56'26.25"N; 8°23'41.88"W. Largo da Igreja Matriz, Alvalade (C.M.P. nº 528).

Cronologia: Século XIII.

Descrição: A Igreja Matriz de Santa Maria (ou Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição ou Igreja Nossa Senhora da Oliveira), cuja data exacta de edificação se desconhece, provavelmente remonta ao século XIII. Inicialmente dedicada a Santa Maria, já existia no início do século XIV. Em 1510, já apresentava a disposição e as dimensões próximas das actuais.

Templo de nave única, datado do século XVI, possui portal e capela-mor manuelinos, retábulo de talha dourada de estilo nacional e estatuária dos séculos XVI e XVII.

Neste edifício destaca-se exteriormente a forte torre sineira a qual guarda um bem conservado relógio de sol, a janela em arco quebrado de iluminação do coro-alto, o portal manuelino rematado em cogulho, a antiga pedra de armas do concelho e ainda a sua abside poligonal, com contrafortes e merlões cónicos originais.

No interior merece destaque o arco-cruzeiro manuelino, a capela-mor abobadada, o retábulo de talha dourada do século XVIII, bem como, a tela do altar-mor e as pinturas como "O Calvário" da Escola Maneirista Eborense e a imagem de Nossa Senhora da Conceição, da autoria de Bento Coelho da Silveira, conhecido pintor da época barroca.

É o ex-libris de Alvalade e tem como orago Nossa Senhora da Conceição da Oliveira.

Arquitectura religiosa, manuelina, barroca, neogótica. Igreja que responde à tipologia comum da arquitectura manuelina de feição regional, influenciada pela planimetria das igrejas mendicantes, destacando-se a complexidade da capela-mor, de testeira semi-octogonal, bastante rara no baixo Alentejo, e com rico trabalho decorativo nas mísulas, chaves e capitéis. Retábulo-mor de talha de estilo nacional. Retábulos laterais de feição neoclássica popularizada. Janela da fachada principal de pendor neogótico, repetindo o esquema do portal principal.

Planta longitudinal escalonada, composta por nave e capela-mor, mais estreita, de testeira semi-octogonal, a que se adossam no ângulo SO. a torre sineira, do lado direito uma capela lateral e à sacristia e do lado esquerdo o baptistério, duas capelas laterais e dependências de arrumos. Volumes articulados. Cobertura diferenciada em telhado de duas águas na nave, na capela lateral do lado direito, no baptistério e na primeira capela lateral do lado esquerdo, de três águas na segunda capela do mesmo lado, de uma água na sacristia e nas dependências, em cinco águas na capela-mor e em domo na torre sineira. Fachada principal orientada, rematada por empena, definida por cornija e coroada por cruz de ferro forjado, elevando-se no ângulo NO. um pináculo piramidal sobre plinto. Portal ogival de cantaria com chanfro ladeado por finos colunelos com capitéis de turbante que se prolongam em arquivolta, convergindo num cogulho tronco-cónico decorado por meias-esferas. Superiormente destaca-se lápide com a cruz de Santiago da Espada, enquadrada em cima por duas vieiras e em baixo por dois bastões de peregrino e sobrepujada por janela em arco ogival com moldura de cantaria que repete o esquema do portal. À direita destaca-se o volume da torre sineira, de dois registos separados por cornija, sendo o superior rasgado por olhal em arco de volta perfeita; remate em cornija com pináculos piramidais sobre plintos nos ângulos e plinto central enquadrado por volutas sobre o qual se eleva esfera; domo coroado por pináculo piramidal sobre plinto, rematado por cata-vento. Alçado S. com o volume da torre sineira de esquema idêntico ao descrito no alçado O., rasgado no pano inferior por porta e tendo em destaque superiormente relógio de sol com mostrador de cantaria e numeração árabe; alçado da nave de quatro panos definidos por contrafortes, com remate em cornija e beirado; no terceiro pano rasga-se portal lateral e no quarto adossa-se o volume da capela lateral rematado por empena triangular; segue-se o volume destacado da sacristia, cego e rematado por cornija e beirado. Alçado E. com o volume da sacristia rasgado por janela engradada e coroado por campanário com olhal em arco de volta perfeita enquadrado por empena triangular; cabeceira dividida em quatro panos por contrafortes radiais, sendo os dois das extremidades coroados por pináculos cónicos rematados por esferas; cada pano é rematado por cornija e beirado, sendo o segundo e o quarto rasgados por pequenas frestas; à direita adossa-se o volume cego das dependências. Alçado N. com o volume do baptistério rematado por empena triangular, seguido do volume de uma capela lateral também rematado por empena triangular; segue-se o volume da segunda capela lateral, rematado por beirado; a superfície fundeira corresponde ao volume cego da nave, rematado por cornija e beirado; segue-se o volume das dependências, rematado por cornija e beirado e rasgado por janela e porta precedida por três degraus. INTERIOR: nave coberta por tecto de madeira dividido em três planos. Portal principal resguardado por guarda-vento de madeira, tendo à direita de quem entra pia de água benta de cantaria. Coro-alto assente em três arcos de alvenaria, sendo central em asa de cesto e os laterais de volta perfeita, resguardado por balaustrada de madeira. Do lado do Evangelho rasga-se arco abatido com dupla moldura chanfrada, de acesso ao baptistério, onde se conserva fonte baptismal de cantaria, de secção octogonal e ligeiramente torsa; cobertura em abóbada. Segue-se arco de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras onde se insere capela lateral facial, com mesa de altar e retábulo de talha dourada e policromada, com nicho envidraçado, ladeado por pilastras e remate superior curvo. Mais adiante rasga-se outro arco de volta perfeita, de acesso à capela lateral, coberta por abóbada de cruzaria de ogivas com cinco chaves de cantaria lavrada; mesa de altar e banqueta de talha dourada e policromada e nicho de alvenaria; na parede da esquerda rasga-se fresta e na da direita nicho. Do lado da Epístola destacam-se a escada de madeira de acesso ao coro alto, o portal lateral, que tem à direita uma pia de água benta de cantaria, e arco de volta perfeita com chave saliente, emoldurado e assente em pilastras, onde se insere retábulo de talha dourada e policromada com camarim envidraçado. Arco triunfal ogival com moldura de cantaria, assente em colunas torsas ladeadas por colunas de fuste cilíndrico; capitéis com decoração vegetalista; degrau. Capela-mor coberta por abóbada de cruzaria de ogivas com mísulas e chaves de cantaria com elaborada decoração vegetalista; retábulo de talha dourada e policromada com camarim encerrado por uma grande tela, representando " Nossa Senhora da Conceição ", da autoria de Bento Coelho da Silveira, e trono, ladeado por colunas pseudo-salomónicas que se prolongam em arquivoltas concêntricas; frontal de altar e sacrário ladeados por portas de acesso ao trono com molduras de cantaria; pinturas murais nas paredes e nas abóbadas. À esquerda abre-se a porta de acesso às dependências e à direita a porta de acesso à sacristia, onde se destaca lavabo de cantaria.

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-3 – Igreja Matriz de Alvalade (Alvalade do Sado). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Igreja da Misericórdia de Alvalade

Localização: 37°56'25.40"N; 8°23'37.00"W. Praça D. Manuel I (C.M.P. nº 528).

Cronologia: Século XVI.

Descrição:A Igreja da Misericórdia de Alvalade, património arquitectónico do séc. XVI (na parede/frontaria está a data 1570 que é a da sua fundação) de valor concelhio, sita na Praça D. Manuel I encontra-se dentro da ZEP do Pelourinho de Alvalade e apresenta-se em razoável estado de conservação. Como refere o Padre Jorge de Oliveira, trata-se de um templo de uma só nave, coberta de abóbada (caída em 1929), com a sua capela-mor e um único altar, tendo a sacristia ao lado direito e uma casa contigua para arrecadação da tumba e insígnias dos funerais.

Na parede lateral esquerda da igreja encontra-se uma lápide com inscrição em português antigo abreviado. Segundo Jorge de Oliveira (antigo pároco de Alvalade), poderá ter sido mandada executar pela Mesa da Santa Casa em homenagem ao Fructuoso Pires, sepultado algures dentro do templo. A leitura da lápide de mármore cinzento é a seguinte:

A sepultura de Fructuoso Pires que toda a sua fazenda deu de esmola com que se ordenou esta casa…”

A 27 de Novembro de 1755, o Dr. Luís Gomes Genões visitador ordinário, em nome do Arcebispo de Évora, D. Frei Miguel de Távora deu o seguinte provimento relativamente à Misericórdia:

Vi a igreja da Misericórdia incapaz de se celebrarem nela os ofícios divinos, ameaçando uma grande e considerável ruína, pelo que mando aos administradores da mesma, que dentro de oitos meses reparem a mesma igreja (…)”Por sua vez o pároco de Alvalade António Almada Pereira, no âmbito de um inquérito efectuado em 1758, refere no seu relatório acerca dos estragos provocados pelo grande terramoto de 1755, o seguinte:

A terra em si padeceo de ruína no terramoto (…) principalmente as igrejas de que as ermidas se cairão demolidas e só a igreja matriz foi reparada a requerimento do pároco na Mesa da Consciência e Ordens aonde pertence. A (igreja da) Misericoórdia e (a ermida do) Espírito Santo pello provedor da mesma.”

Devido à extinção da Santa Casa em 1861 e a consequente perda do arquivo, não é possível responder a algumas questões como: Quem era Fructuoso Pires? Os bens foram deixados para a fundação da Santa Casa ou para edificar a própria igreja? Apenas se sabe que a transmissão dos bens foi acautelada, num gesto pleno de significado, bastante comum na época, normalmente em troca de um determinado número de missas para “salvar/purificar” a alma do testador e perpetuar a sua existência.

Na frontaria, sobre a verga do portal, encontrava-se uma outra lápide, com inscrição em latim abreviado. Segundo leitura do reverendo Carlos Veríssimo de Figueiredo o texto da lápide corresponde integral e textualmente, ao versículo 7º do capitulo 5º do Evangelho de S. Mateus, uma das bem-aventuranças do notável sermão da montanha que Jesus pregou aos seus discípulos, cuja tradução directa da inscrição é:

Bem-aventurados os misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia” No entanto, a tradução da edição da Bíblia Sagrada, da responsabilidade da Difusora Bíblica (dos Franciscanos Capuchinhos), 1993, apresenta como “tradução interconfessional” e mais redundante:

Felizes os que tratam os outros com misericórdia, porque Deus os tratará com Misericórdia também”

Ambas as lápides demonstram bem o espírito de solidariedade, de partilha e de amor pelo próximo, que esteve na base da criação das Misericórdias.

Em 1953 foi construído um novo pavimento na antiga igreja da Misericórdia e então colocada na parede esquerda, a lápide sepulcral do seu fundador Frutuoso Pires.

No século XIX deixou de funcionar como igreja, com a extinção da confraria da Santa Casa da Misericórdia de Alvalade.

A igreja da Misericórdia de Alvalade foi edificada na segunda metade do século XVI, devido maioritariamente ao testamento de Frutuoso Pires. Construída no estilo maneirista, tem paralelos com as suas vizinhas e contemporâneas igrejas da Misericórdia de Aljustrel e Ferreira do Alentejo, nomeadamente nos contrafortes imponentes, que marcam a sua imagem arquitectónica. O remate da fachada principal, com a platibanda vazada a acompanhar o frontão, remete para a igreja do Convento da Graça, em Évora, obra datada de cerca de 1540.

Tal como ocorreu noutras vilas e cidades portuguesas, a Santa Casa da Misericórdia de Alvalade ficou a gerir os bens e o hospital da confraria do Espírito Santo, mantendo essa função assistencial do século XVI ao século XIX, quando foi extinta, no ano de 1861, passando os seus bens para a Casa Pia de Beja. O edifício da Igreja, devoluto desde essa data, ficou a cargo da Junta de Parochia (antecessora da Junta de Freguesia), que, no início do século XX, passou a utilizar o espaço como casa das sessões. Com o advento da República, a velha igreja assistiu a várias reuniões da população, onde se debatiam reivindicações várias, tendo acolhido mais tarde a escola feminina da vila e, inclusive, o primeiro posto do Registo Civil de Alvalade.

Objecto de intervenção em curso, tendo como objectivo a sua adaptação a futuro museu de arqueologia de Alvalade.

Encontra-se dentro da ZEP do Pelourinho de Alvalade.

Arquitectura religiosa, maneirista. Igreja de misericórdia de uma nave abobadada e capela-mor coberta por cúpula, seguindo uma tipologia definida durante a época manuelina, actualizada nos seus elementos decorativos pela estética maneirista, com a introdução de platibandas vazadas, nomeadamente a que acompanha a empena e lembra a Igreja da Graça de Évora.

Planta longitudinal escalonada, orientada, composta por nave e capela-mor, mais estreita, a que se adossam à direita a sacristia e dependências. Volumes articulados. Cobertura diferenciada em telhado de duas águas na nave, de uma água na sacristia e nas dependências e em domo na capela-mor. Fachada principal de um pano definido por contrafortes colocados em escorço, de onde se destacam gárgulas de cantaria e encimados por plintos coroados por semi-esferas, rematado por empena definida por cornija coroada por platibanda vazada e sobrepujada por campanário com olhal em arco de volta perfeita, rematado em empena com cornija. Portal de verga recta com moldura, precedido por degrau e encimado por duas lápides sobrepostas, sendo a de baixo, mais pequena, lavrada com o cronograma " 1570 ", e tendo a superior a inscrição " BTI MISERICOR/DES QM IPSI MIS/ AZ CÕSEQVETVR ". À direita adossa-se o volume das dependências rasgado por uma porta. Alçado S. com o volume das dependências e sacristia rematado por beirado e rasgado por duas janelas e uma porta; em segundo plano, o corpo da nave é de dois panos separados por contrafortes, sendo o primeiro em escorço; em cada contraforte, rematado por plinto sobrepujado por semi-esfera, destaca-se uma gárgula de cantaria; cada pano é rematado por cornija que se prolonga pelos contrafortes, encimada por platibanda vazada, rematada igualmente por cornija, que se prolonga de modo a integrar os contrafortes; à direita, o volume da capela-mor, de um pano, definido por contrafortes em escorço, segue esquema idêntico ao dos panos da nave; o domo é rematado por um lanternim cego de planta circular, ladeado por quatro pilastras e rematado por um pináculo. Alçado N. segue esquema idêntico ao do alçado O., para a cabeceira e para a nave, tendo no entanto mais um contraforte a meio da nave e sendo a capela-mor rasgada por uma janela; todos os contrafortes são ligados por um embasamento rampeado. INTERIOR: nave coberta por tecto de madeira definido em três planos; na parede do lado do Evangelho encontra-se encastrada uma lápide sepulcral. Arco triunfal de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras que se apoiam em degrau. Capela-mor coberta por cúpula assente em cornija e trompas, tendo na parede do lado do Evangelho uma janela e do lado da Epístola porta de acesso à sacristia.”

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-5 – Igreja da Misericórdia (Alvalade do Sado). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia do Cercal do Alentejo

Igreja Matriz da Nossa Srª da Conceição

Localização: 37°48'7.80"N; 8°40'28.66"W. Largo da Igreja, Cercal do Alentejo (C.M.P. nº 536).

Cronologia: Século XV.

Descrição:A igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, no Cercal, antiga igreja de Santa Maria, terá sido construída no século XV, acompanhando o desenvolvimento da povoação, sede de uma rica comenda da Ordem de Santiago. Sofreu importantes remodelações nos séculos XVI e XVII, mas o seu aspecto actual resulta da reconstrução efectuada após o terramoto de 1755, que produziu importantes danos na estrutura primitiva do imóvel.

No século XIX, o templo recebeu alguns melhoramentos, recebendo nomeadamente a pintura da abóbada da nave com a representação de Nossa Sr.ª da Conceição, pintada em 1889 pelo pintor setubalense Francisco Augusto Flamengo.

No interior da única nave abobadada em berço, destacam-se os altares laterais com as suas imagens, o baptistério com o seu revestimento de azulejos pombalinos de estilo rococó e ainda o retábulo-mor joanino, onde se pode encontrar a única imagem antiga de todo o concelho do apóstolo Santiago.

A arquitectura exterior destaca a fachada principal, com o seu portal em cantaria – onde se observa a cruz da Ordem de Santiago – e a alta torre sineira, com o seu interessante cata-vento.

Arquitectura religiosa, barroca, rococó, ecléctica. Igreja paroquial de uma nave e capela-mor totalmente abobadada, que segue o esquema comum nas igrejas da Ordem de Santiago de Espada edificadas durante o séc. 18 e que se caracterizam pela grande austeridade e pela funcionalidade construtiva. A estrutura de base é enriquecida por elementos rococó, já de uma fase avançada do séc. 18, como se torna patente na torre sineira, de composição festiva, rematada por coruchéu bolboso, e no painel de azulejos do baptistério, com a sua moldura de concheados, asas de morcego e elementos vegetalistas, deixando já transparecer o progressivo influxo neoclássico. Retábulo de talha dourada e policromada do final do reinado de D. João V. No séc. 19 procedeu-se à pintura das paredes interiores e dos fundos das capelas laterais com composições murais de marmoreados e sanefas e das abóbadas com imitações de estuques relevados.

Planta longitudinal escalonada, formada por nave, capela-mor mais estreita e camarim, tendo à direita a sacristia, sobre a qual se eleva uma dependência com escada de acesso exterior, e à esquerda o baptistério, sobre o qual se eleva a torre sineira, o volume das escadas de acesso ao coro alto e à torre e um volume de dois pisos, das dependências. Volumes articulados. Coberturas em telhados de duas águas diferenciadas para a nave, capela-mor e dependências, e para o camarim; coruchéu bolboso na torre sineira. Fachada principal de um pano definido por cunhais de cantaria, soco pintado de azul e remate em empena acompanhada por cornija e beirado coroado por volutas em "S" e sobrepujado por cruz latina de cantaria assente em plinto, elevando-se um fogaréu sobre o cunhal do direita; portal de verga recta, com moldura de cantaria com orelhas e remate superior polilobado em que se destaca a cruz dos espatários; janelão com moldura de cantaria. Torre sineira com soco saliente, de um pano definido por cunhais e dividido em dois registos por cornija interrompida pelo mostrador do relógio, de cantaria e com numeração árabe, abrindo-se no segundo registo olhal em arco de volta perfeita com moldura de argamassa; remate em empena curva acompanhada por cornija, encimada por urnas de argamassa assentes em plintos no topo dos cunhais e cata-vento de ferro forjado no cimo da cúpula bolbosa. Alçado S. com o volume da nave de um pano com cunhal de cantaria no ângulo esquerdo, remate superior em cornija e beirado, rasgado por portal com moldura de cantaria e duas janelas altas com molduras de cantarias, ao qual se adossa o volume das escadas exteriores, seguido do volume da sacristia e dependência, com soco saliente, de um pano definido por cunhais e rematado por cornija e beirado, rasgado por janela emoldurada ao nível do piso superior. Alçado E. com o volume da cabeceira de um pano definido por cunhais, soco saliente e remate em empena, rasgado à esquerda por uma janela com moldura de cantaria ao nível do piso térreo, ao qual se adossa o volume do camarim, com soco saliente e remate em empena, rasgado por janela de verga curva emoldurada. Alçado N. com o volume da torre sineira de esquema idêntico ao alçado O. mas sem o mostrador do relógio, seguido pelo volume das escadas de acesso, com pequena porta ao nível do piso térreo; segue-se o volume rampeado das escadas de acesso ao coro alto, com soco saliente e rasgado por porta com moldura de cantaria, tendo em segundo plano o volume da nave rasgado por janela alta com moldura de cantaria e remate em cornija e beirado; vem depois o volume das dependências com soco saliente, de um pano definido por cunhais e remete superior em cornija e beirado, rasgado por duas frestas ao baixo com molduras de cantaria, ao nível do piso térreo e uma janela com moldura de cantaria ao nível superior, seguido do volume sego do camarim. INTERIOR: nave coberta por abóbada de berço abatida com pinturas murais em grisalha e medalhão central representando " Nossa Senhora entre anjos e querubins", assinado e datado de 1888. Entrada resguardada por guarda-vento, coro alto com balaustrada de madeira, assente em colunas oitavadas de madeira. De cada lado da entrada destaca-se uma pia de água benta de cantaria. Do lado do Evangelho abre-se arco de volta perfeita, com moldura de cantaria, assente em pilastras, resguardado por grade de madeira torneada, que dá acesso ao baptistério, coberto por abóbada de berço revestida por azulejos azuis e brancos de padrão e barras de esponjado manganês; as paredes são decoradas por composição azulejar com rodapé de esponjado manganês, lambril com composição marmoreada, tendo ao centro uma grande roseta, e, a um nível superior, revestimento de padrão com cercadura e barra de esponjado manganês, destacando-se na parede do fundo um painel figurativo representando o " Baptismo de Cristo por São João " enquadrado por uma complexa moldura de concheados, asas de morcego e elementos vegetalistas; fonte baptismal de cantaria, de planta circular, e armário para os santos óleos com porta de madeira embutido na parede do lado esquerdo. Seguem-se três arcos de volta perfeita emoldurados e assentes em pilastras onde se inserem capelas laterais faciais com mesas de altar de cantaria em urna e banquetas; os fundos são decorados com pinturas murais que no primeiro e no terceiro arcos representam cortinas abertas e sanefas; entre o primeiro e o segundo arcos destaca-se o púlpito com balaustrada de madeira assente em bacia de cantaria e porta com moldura de cantaria; do lado da Epístola segue-se esquema idêntico, com excepção do baptistério, a que corresponde uma porta lateral, e do púlpito. Arco triunfal de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras, e degrau. Capela-mor coberta por abóbada de berço decorada com pintura mural em grisalha tendo ao centro medalhão circular com o monograma " AM " em trompe-l'oeil; altar-mor precedido por três degraus, com retábulo de talha dourada e policromada com camarim e trono eucarístico, ladeado por mísulas com imagens rematadas por sanefas, colunas salomónicas e atlantes, e coroamento com sanefa ladeada por anjos apoiados em volutas; nas paredes laterais abre-se de cada lado uma porta encimada por uma tribuna e, junto do altar, um nicho em arco de volta perfeita com moldura de cantaria assente em pilastras. Sacristia com lavabo de cantaria.”

Bibliografia:SOBRAL, C. M. (2003) - Património edificado de Cercal. In Gentes e Culturas – Freguesia do Cercal do Alentejo. Ed. Liga dos Amigos de Vila Nova de Santo André (LASA).

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-8 – Igreja Matriz da Nossa Senhora da Conceição (Cercal). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Capela da Bica Santa

Localização: 37°47'17.79"N; 8°41'9.34"W, Bica Santa - Fonte Santa de Cima, Cercal do Alentejo (C.M.P. nº 535).

Cronologia:Séc. XVI (Próvavel data da construção)

Descrição:A Capela da Bica Santa tem aparentemente uma fundação lendária, baseada no aparecimento da Virgem a uns pastorinhos que estavam cheios de sede e que por ela haviam chamado. A virgem fez brotar uma nascente de água de uma pedra e nela deixou sua pegada.

A água da nascente é considerada milagrosa pela sua virtude curativa. Tendo originado a construção de uma pequena edícula, com nicho e frontão, e um tanque para se banharem homens e animais.

O intensificar das romagens ao local, terá originado, a construção da actual capela, provavelmente depois de 1758, em estilo tardo-maneirista, de cariz rural e popular, com o orago dedicado a Nossa senhora da Conceição. Actualmente a festa da Bica Santa celebra-se no mês de Setembro. Partindo o cortejo automóvel junto da Igreja Matriz em direcção à Capela. Celebra-se a eucaristia e, durante a tarde, realiza-se o baile e quermesse nas imediações da capela.

Arquitectura religiosa, popular, vernácula. Pequena ermida rural, de peregrinação, situada no aro da antiga vila de Cercal, que se caracteriza pela grande austeridade construtiva, na continuação de valores intemporais da arquitectura regional.

Planta longitudinal, formada por nave e capela-mor mais estreita, tendo à esquerda a sacristia. Volumes articulados cobertos por telhado de duas águas. Fachada principal virada a E. com remate em empena sobrepujada por cruz de ferro forjado, elevando-se no ângulo SE. um pequeno campanário em espadana, com olhal em arco ogival onde se conserva uma sineta de bronze, e remate em empena; soco pintado de azul e portal em arco abatido sobrepujado por óculo oval. Alçado N. com o volume da nave de um pano definido por barras pintadas, soco pintado e janela em arco abatido, com peitoril formado por mó de pedra em consola, sob a qual se abre um nicho sobre um tanque rectangular com bica. Alçado O. cego e rematado por empena assimétrica. Alçado S. com o volume da nave de um pano cego, definido por barras pintadas, soco pintado e remate superior em beirado, e o volume da sacristia de esquema idêntico, rasgando-se uma janela na sua face orientada a E. INTERIOR: nave coberta de telha vã assente em estrutura de madeira. Do lado da Epístola rasga-se uma janela em arco abatido. Arco triunfal de asa de cesto, emoldurado e assente em pilastras pintadas de azul, e degrau. Capela-mor coberta por laje plana; altar-mor de alvenaria, em forma de urna, com banqueta e nicho em arco de volta perfeita, precedido por um degrau; nas paredes laterais rasgam-se nichos em arco de volta perfeita, e do lado do Evangelho abre-se a porta de acesso à sacristia.”

Bibliografia:SOBRAL, C. M. (2003) - Património edificado de Cercal. In Gentes e Culturas – Freguesia do Cercal do Alentejo. Ed. Liga dos Amigos de Vila Nova de Santo André (LASA).

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

 

Figs. 1-3 – Capela da Bica Santa (Cercal). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Figs. 4-5 – Capela da Bica Santa observando-se em primeiro plano a estrutura da bica que deu o nome à capela (Cercal). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Arquitectura civil:

Freguesia do S. Francisco da Serra

Fonte de São Francisco / Chafariz de São Francisco

Localização: 38° 5'35.88"N; 8°39'38.58"W. Azinhaga dos Lavadouros, São Francisco da Serra (C.M.P. nº 506).

Cronologia:Desconhecida / frontão - 1993

Descrição:A freguesia de São Francisco possui certamente o maior número de fontes do concelho de Santiago do Cacém, todas elas situadas em plena zona de serra, em locais por vezes de muito difícil acesso.

Deste conjunto, que pode ser dividido em fontes feitas de alvenaria ou de xisto. De referir que estas tomam na maioria dos casos os nomes das propriedades onde se encontram e que a sua origem é muitas vezes secular, apesar de terem sofrido alterações ou transformações incaracterísticas durante o século XX.

O Chafariz de São Francisco localizado na periferia da aldeia, apresenta uma planta em L, situando-se maioritariamente abaixo do nível do solo. A construção é formada por um conjunto de muros laterais que desembocam num frontão circular datado de 1933. O acesso faz-se por uma escadaria que dá para um pequeno pátio rodeado de poiais corridos.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Freguesia de Santa Cruz

Fonte da Quinta da Laranjeira

Localização: 38° 4'19.23"N; 8°42'49.37"W. Quinta da Laranjeira, Santa Cruz (C.M.P. nº 505).

Cronologia:Desconhecida.

Descrição:Com a forma de chafariz, deve ser de grande antiguidade. Apresenta um paredão fundeiro, recortado e rematado em frontão circular, que é prolongado por muros laterais, que lhe configuram a entrada. No paredão encontra-se a bica da água e o pequeno tanque para onde corre um nicho destinado certamente ao cocharro e um espaço com a forma de cartela, destinado a receber uma inscrição ou um registo de azulejos.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

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Freguesia de S. Bartolomeu da Serra

Fonte das Relvas

Localização: 38°1'4.52"N; 8°35'32.72"W. Monte das Relvas, Mata, São Bartolmeu da Serra (C.M.P. nº 517).

Cronologia:Séc. XVIII

Descrição: Arquitectura infraestrutural, barroca. Fonte integrada numa propriedade agrícola, onde o paredão de recorte polilobado enquadrado por volutas reflecte o movimento e o gosto decorativo e imponente do barroco tardio que dominou a arquitectura no plano regional de forma anacrónica durante o reinado de D. Maria I.

Tanque de planta quadrada, simples e regular, delimitado por muretes de alvenaria rebocada, com chanfre interior convexo onde se destacam duas pedras de lavagem de roupa no lado N.. Paredão elevado sobre o murete S. do tanque, de recorte polilobado contornado por moldura simples que acompanha duas grandes volutas laterais, remate superior formado por duas volutas afrontadas, enquadrando um botão de onde pendem folhagens de acanto.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2001

Fonte de Dourados

Localização: 38°0'38.69"N; 8°35'48.68"W. Dourados, São Bartolomeu da Serra (C.M.P. nº 517).

Cronologia:Desconhecida

Descrição: Localizada na propriedade de dourados, a fonte apresenta uma arquitectura tradicional muito interessante, onde se destacam a implantação no solo, os muros laterais de suporte de terra em pedra xistosa, a forma circular do poço em alvenaria "insossa" e, finalmente, a cobertura de mó de moinho, certamente de moinho de água.

Verifica-se ainda que a fonte abastecia, por uma caleira, um antigo tanque situado a montante, exemplar de grande interesse, junto qual se encontra uma enorme alfarrobeira, espécie quase alheia à flora desta região.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

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Freguesia de Santiago do Cacém

Fonte da Quinta de S. João

Localização: 38°1'33.03"N; 8°42'44.18"W. Quinta de São João, Escalateres, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia:Séc. XVII (conjetural)

Descrição:“Arquitectura infraestrutural IHRU: popular, vernácula. Fonte que parece resultar da adaptação de uma primitiva fonte de mergulho, apresentando uma composição de volumes puros (o cubo encimado pela pirâmide), rebocados e caiados, apenas animados pelo ligeiro relevo dos cunhais apilastrado e pela cornija, num gosto constante na arquitectura popular e vernácula do Alentejo.

Fonte com mão de água de planta quadrada, simples e regular. Massa simples com cobertura homogénea em coruchéu encimado por pinha de faiança branca quebrada. Fachada principal a O. de um só pano rebocado e caiado, definido por cunhais apilastrados de argamassa e rematado superiormente por cornija, na base adossa-se uma bacia de cantaria rectangular, de ângulos curvos, em cujo fundo de destaca uma torneira de ferro fundido, lateralmente desenvolvem-se dois muretes de alvenaria rebocados e caiados, que se desenvolvem em curva irregular de forma assimétrica, resguardando o espaço envolvente da bacia. Fachada S. de um só pano com cunhal apilastrado no ângulo SO., rematado por cornija e tendo adossado um murete. Fachada E. de em só pano rematado por cornija, ladeado, num plano recuado por dois muretes. Fachada N. de esquema idêntica à fachada S.”.

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Ricardo Pereira, 2001

Fonte de S. João Baptista/Fonte de S. Jorge

Localização: 38°0'39.55"N; 8°41'53.84"W. Quinta do Rio da Figueira, Parque Urbano de Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia:Segunda metade do séc. XVIII

Descrição:“Arquitectura infraestrutural, barroca, popular, vernácula. Obedecendo a uma tipologia que combina os modelos de fonte e de casa de fresco, este edifício constitui uma interpretação popular do formulário do barroco de meados de setecentos, claramente influenciado pela arquitectura religiosa.

Edifício de planta longitudinal antecedido por latada apoiada em colunas de secção circular que assentam em alegretes, de alvenaria, definindo um pequeno arruamento empedrado do qual se desce, por cinco degraus, para a fonte. Massa simples. Cobertura em duas águas revestidas por tijoleira. Alçado principal orientado a N., de um pano definido por pilastras, em que se rasga arco de volta perfeita assente em pilastras e emoldurado, rematado por empena polilobada com nicho em arco de volta perfeita que tem inscrito um registo de azulejos polícromos representando São Jorge. INTERIOR: coberto por abóbada de berço que arranca de cornija, com poiais adossados às paredes laterais, revestidos por lages de pedra, tal como o pavimento, e espaldares revestidos por azulejos de padrão polícromos. Fonte de mergulho com bacia de cantaria, enquadrada por arco de asa de cesto com moldura de cantaria sobrepujada por remate mistilíneo com medalhão circular, ladeado por dois pequenos nichos. O interior do arco é preenchido por um painel de azulejos monócromos de azul e branco figurando São João Baptista. A parede fundeira encontra-se revestida, acima da cornija, por uma composição de azulejos representando Nossa Senhora da Conceição com o Menino, com moldura de motivos vegetalistas, enquanto no registo inferior se divisam, sobre o arco, dois painéis de azulejos com Anjos Turiferários, enquadrados lateralmente por dois registos de azulejos representando São José e Santo António. Na parede do lado direito rasga-se uma pequena janela.”

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Figs. 1-9 – Fonte de São João Baptista (Rio da Figueira – Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Chafariz da Senhora do Monte

Localização: 38°1'3.66"N; 8°41'47.66"W. Largo do Chafariz da Senhora do Monte, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia:Séc. XVIII

Descrição:“Arquitectura infraestrutural, barroca, ecléctica. Fiel a uma tipologia que resulta da interpretação popular de fórmulas que gozaram de largo prestígio na região durante a época barroca, dentro do espírito antiquarizante que caracterizou diversas obras públicas de Santiago do Cacém no mesmo período (reconstrução do pelourinho, reedificação do Hospital do Espírito Santo), este chafariz foi profundamente remodelado no séc. 19, de acordo com uma orientação estilística de teor revivalista e ecléctico, como é bem patente na ornamentação do paredão principal.

Chafariz formado por paredão e tanque ladeado por dois poiais, tendo do lado esquerdo um segundo tanque para a lavagem de roupa e, separado por muro, um terceiro tanque destinado a bebedouro de animais. O paredão do chafariz apresenta três panos separados por pilastras de cantaria. O pano central, mais alto, encontra-se enquadrado por pilastras com aplicações de lioz rosa, encimadas por serafins, coroadas por fogaréus assentes em plintos e com a epígrafe "CM OP". O respectivo tanque de cantaria é abastecido por duas bicas, sobrepujadas por uma inscrição "RECONSTRUIDO / 1871"; uma outra inscrição contendo um epigrama em língua latina alusivo à invocação do chafariz: "B VIRGINI MARIÈ IUXTA ILLUD ISA/IÈ ET ERIT INNQUISSIMIS DIERUS PRÈ/PARATUS MONS &C UT IUXTA ILLUD FONS / SIC OC EPIGRAMMA / SISTE VIATOR AQUAM BIBE NUNC DE MON/TE CADENTEM / FONS MARIA EST HIC MONS HIC PIETATIS AD EST / FONS EST CULPARUM TORENTEM QUI IRRIGAT / ERGO / QUI SITIUNT VENIANT AD PIETATIS AQUAM / 1772"; painel de azulejos monócromos de azul e branco que representa Nossa Senhora do Monte ou da Natividade e com a inscrição Nossa Senhora do Monte. Os panos laterais são definidos por pilastras de cantaria em que se encontram encastradas cópias de inscrições romanas provenientes de Miróbriga: "MARTI / SACRVM / IN HONO/REM G(aii) (hedera) PAG(usici) / MARINI (hedera) / PAG(usica) MARI/ANE FRATRI / PIENTISSIMO; VENERI VICTRI/CI ¨ AVG(ustae) ¨ SACR(um) ¨ / IN HONOREM ¨ LV/CILIAE ¨ LEPIDINAE ¨ / FLAVIA TITIA ¨ FILIAE / PIENTISSIMAE ¨; PAGVSIGAE / L(ucii) ¨ F(liae) ¨ FUNDA/NAE C(aius) ¨ PAGV/SICVS LVCI/ANVS ¨ SORO/RI OPTVMAE; Q(uinto) ¨ SCRIBONIO / L(ucii) ¨ F(ilio) ¨ QVIRI(na tribu) / PATERNO / L(ucius) SCRIBONIVS / SATVRNINVS / PATER *1. O tanque de lavagem possui capeamento rampeado de lages de cantaria e é abastecido por uma bica. O bebedouro dos animais adossa-se a um murete de um pano definido por pilastras e rematado por platibanda, com pináculos piramidais nos ângulos; ao centro destaca-se uma lápide com a inscrição "C. M. / RECONSTRUIDO / 1923", sob a qual se encontra a bica que abastece o tanque.”

Bibliografia:FALCÃO, Bernardo (1931-32) - Memórias da Antiga Miróbriga (segundo manuscrito do século XVIII). In Nossa Terra, nºs 10, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 23; SILVA, A. de Macedo e (1869) - Annaes do Municipio de Sant'Iago de Cacem, 2ª. ed.. Lisboa; ALMEIDA, D. Fernando de (1964) - Ruínas de Miróbriga dos Célticos (Santiago do Cacém). Setúbal; ENCARNAÇÃO, José d' (1984) - Inscrições Romanas do Conventus Pacensis. Coimbra; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém - Breve Inventário. Santiago do Cacém, Câmara Municipal.

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Figs. 1-10 – Chafariz da Senhora do Monte (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Chafariz do Fidalgo

Localização: 38°0'43.54"N; 8°41'38.19"W. Estrada do Fidalgo, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia:Séc. XVII-XIX

Descrição:“Arquitectura infraestrutural, barroca, ecléctica. Do período barroco data o bebedouro dos animais, como se insere claramente das volutas e pináculos que rematam o seu paredão principal. As obras de remodelação e ampliação efectuadas em 1864 / 1868 imprimiram-lhe um marcado carácter ecléctico, bem patente no paredão que define o recinto do lavadouro, com ornatos que retomam elegantemente a tradição das argamassas decorativas da época barroca.

Chafariz formado por tanque rectangular, rodeado em três dos seus lados por paredões, tendo à esquerda um segundo tanque dentro de um espaço murado a que se acede por duas portas enquadrando paredão decorativo. O primeiro tanque, destinado a bebedouro de animais, é alimentado por duas bicas de cantaria no paredão central e uma em cada um dos paredões laterais. Os paredões são rematados por cornijas coroadas por composições de volutas com pináculos piramidais assentes em plintos nos ângulos. No paredão que estabelece a ligação entre os dois tanques adossa-se um poial, sobrepujado por três argolas para animais. O paredão que delimita o espaço do segundo tanque é constituído por seis panos definidos por pilastras; as três pilastras centrais, pintadas de azul, suportam uma empena triangular decorada por volutas e ladeada por pináculos tronco-cónicos rematados por urnas e encimado por concha, enquadrando um medalhão semi-circular, de cantaria, cronografado "CM / 1868". O primeiro e último panos são rasgados por portas com guardas de cantaria e remates em volutas. No interior deste recinto, a que se desce por dois degraus, situa-se o segundo tanque, de forma rectangular, com capeamento rampeado de cantaria, alimentado por bica de cantaria. A volta dos muros que definem o espaço corre um poial revestido de tijoleira. Ao centro dos muros laterais rasgam-se nichos em arco de volta perfeita com uma barra de ferro para a suspensão da roupa, tal como de cada um dos lados da bica de abastecimento”.

Bibliografia:SILVA, A. de Macedo e (1869) - Annaes do Municipio de Sant'Iago de Cacem, 2ª. ed.. Lisboa.

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Figs. 1– Chafariz do Fidalgo (Santiago do Cacém). Foto de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Hospital do Conde Bracial

Localização: 38°1'11.22"N; 8°41'57.74"W. Rua do Hospital, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Séculos XIX/XX.

Descrição: Património arquitectónico, séculos XIX/XX.

Construído na segunda metade do século XIX, para substituir o Hospital Velho, localizado na Praça Conde de Bracial. Nos inícios do século XX ainda tinha apenas um piso.

Em meados do século XX recebeu o 1º andar, tendo sido ampliado ainda na mesma centúria.

Actualmente funciona como unidade de cuidados continuados.

Arquitectura civil, ecléctica. Portentoso edifício onde é patente o gosto racionalista e higienicista dos meados de Oitocentos, que alia uma estética despojada, de marcada raiz funcional, a uma linguagem palaciana, fortemente arreigada na tradição da arquitectura civil regional.

Planta em " T ". Volumes articulados; cobertura diferenciada em telhados de quatro águas no corpo central, pavilhão das traseiras e pavilhão do lado direito. Alçado principal a S., de cinco panos, separados por pilastras e de dois registos separados por molduração de argamassa; soco pintado a amarelo; remate superior em cornija e beirado, sendo o pano central rematado por frontão mistilíneo acompanhado por beirado e assente em volutas, onde se insere a inscrição " HOSPITAL / CONDE DO BRACIAL ", e, a um nível inferior, o cronograma " 1842 ", enquadrado por um arco canopial; quatro pináculos piramidais de cantaria coroam as pilastras. O primeiro pano é rasgado por duas janelas com moldura de cantaria em cada registo; o segundo apresenta sete janelas em cada registo; o pano central é rasgado por uma porta de verga curva com moldura de cantaria, ladeada por duas janelas e sobrepujada, ao nível do primeiro piso, por uma janela de sacada, de verga recta adintelada, com moldura de cantaria, que abre sobre uma varanda com mísula de cantaria assente em quatro cachorros de cantaria lavrada; gradeamento de ferro fundido apoiado em dois plintos de cantaria lavrada; ladeiam-na duas janelas de molduras de cantaria; o quarto pano segue o esquema do segundo e o quinto pano o do primeiro, destacando-se ligeiramente do corpo restante. Alçado E. de um pano definido por cunhais, separado em dois registos por moldura de argamassa, soco saliente e remate superior em cornija e beirado; no pano superior rasga-se uma janela emoldurada. Alçado N. de esquema idêntico ao do alçado S., tendo adossadas, ao nível térreo, diversas construções no primeiro e segundo panos. No pano central destaca-se o pavilhão de um pano definido por cunhais e separado em dois registos por moldura de argamassa; soco saliente e remate superior em cornija e beirado; no registo inferior rasga-se uma porta ladeada por duas janelas e no superior uma janela alinhada pela janela da esquerda. INTERIOR: acesso por um pequeno átrio através do qual se acede a um amplo corredor de desenvolvimento paralelo à fachada principal e que faz a distribuição horizontal de cada piso; ao centro, as ligações verticais estabelecem-se através de uma escadaria de madeira, de dois lanços, resguardada por balaustrada torneada.”

Bibliografia:SOARES, C. (1987) - Santa Casa da Misericórdia de Santiago do Cacém. Breves Notas para a sua História. Santiago do Cacém.

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

 

Figs. 1-2 – Hospital do Conde Bracial (Santiago do Cacém). Julho de 2011. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Fig. 3 - Hospital do Conde Bracial (Santiago do Cacém).

Hospital do Espírito Santo de Santiago do Cacém

Localização: 38°0'56.33"N; 8°41'48.15"W. Praça Conde do Bracial, nº 3, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Primeira metade do século XIV.

Descrição:A criação do hospital liga-se à fundação da própria Misericórdia de Santiago do Cacém, embora o edifício encontre as suas origens no hospital medieval do Espírito Santo, construção mandada erguer na primeira metade do século XIV.

Em resultado do terramoto de 1755, o edifício então existente sofreu danos, que levaram a que, em 1760, fosse construído novo edifício a cargo da Misericórdia, embora também a Câmara Municipal passasse a partilhar as instalações, acabando por se instalar no local das antigas enfermarias. Em 1770, a municipalidade aluga o espaço à Misericórdia, para alargamento da área hospitalar e, em 22 de Julho de 1780, a Misericórdia acaba mesmo por comprar os "pardieiros municipais" que até então trouxera de aluguer, para aumentar o hospital.

Nas primeiras décadas do século XIX, as instalações tornaram-se insuficientes, tendo o edifício abandonado as funções de hospital que possuía. No ano de 1844, o edifício foi sujeito a obras de reedificação.

Actualmente, o edifício destaca-se pela fachada principal, espaço onde se promoveu uma frontaria imponente, com um pano mural recortado por uma porta de acesso, pela " roda de enjeitados" e por fenestrações, elementos rematados por um frontão em curva e contracurva, embora recortado no seu remate. Por outro lado, o testemunho mais antigo e interessante do edifício - ou a ele ligado - prende-se com uma dependência situada abaixo do nível do solo, espaço onde se podem observar três colunas anãs oitavadas.

Encontra-se abrangido pela ZEP do Pelourinho de Santiago do Cacém.

Hospital de misericórdia provavelmente com capela anexa Edifício de carácter marcadamente utilitário que conserva no piso térreo vestígios da construção primitiva da época manuelina, com destaque para as duas colunas anãs. A fachada principal, resultante da reconstrução posterior ao terremoto de 1755, patenteia uma graciosidade e um dinamismo plásticos característicos da arquitectura barroca regionalmente implantada e denotam um particular cuidado urbano ao harmonizar-se com os edifícios públicos envolventes, reconstruídos na mesma época.

Fachada principal de um pano definido por cunhais, embasamento saliente, remate em empena contracurvada truncada no vértice; porta, descentrada, de verga recta com molduras de cantaria, ladeada superiormente por duas janelas de verga recta adintelada e molduras de cantaria; sob a janela esquerda, ao nível do pavimento do adro, uma outra janela, correspondente à roda dos expostos, com molduras de cantaria; à esquerda, rasgando o cunhal, nicho rectangular, de molduras idênticas; superiormente, ao centro da empena, rasga-se falsa janela, com molduras e verga recta adintelada em argamassa fingindo cantaria; portadas almofadadas de alvenaria, rebocadas e pintadas, fingindo madeira. Alçado SE. de um pano definido por cunhais e rematado por cornija, rasgado por três portas ao nível do piso térreo, sendo a terceira enquadrada por pequenas frestas, abrindo-se duas janelas ao nível do primeiro andar. Alçado NO. adossado ao edifício da igreja. Alçado NE., com remate em empena triangular, tendo adossada a Torre do Relógio. INTERIOR: conservam-se, ao nível térreo, dois arcos abatidos, assentes em colunas anãs, oitavadas, com bases chanfradas, tudo em alvenaria de tijolo.”

Bibliografia: (1856-1859) - Arquivo Municipal de Santiago do Cacém: Livro de Actas de Vereações de 5 de Julho de 1856 a 25 de Maio 1859, f. 154v.; (1758) - Memórias paroquiais do Arquivo Nacional da Torre do Tombo - NA/TT. Dicionário Geográfico de Portugal, 9, mem. 187, fs. 1218 – 1220. Lisboa; FALCÃO, B. (1931-32) - Memórias da Antiga Miróbriga (segundo manuscrito do século XVIII). In Nossa Terra, nºs 10, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 23, 28; SILVA, António de Macedo e (1869) - Annaes do Municipio de Sant'Iago de Cacem (Beja, 1866), 2ª ed.. Lisboa: Imprensa Nacional; LEAL, A. S. A. B. de Pinho (1880) - Portugal Antigo e Moderno, 9. Lisboa; ALMEIDA, D. Fernando de (1964) - Ruínas de Miróbriga dos Célticos (Santiago do Cacém). Setúbal: ed. da Junta Distrital; SOARES, C. (s.d.) - Santa Casa da Misericórdia de Santiago do Cacém; SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém - Breve Inventário. Santiago do Cacém: CMSC.

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1999 / Rosário Gordalina, 2005

Figs. 1-3 – Hospital do Espírito Santo (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Torre do Relógio

Localização: 38°0'56.14"; 8°41'48.10"W. Beco da Misericórdia / Pr. Conde do Bracial, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XVII.

Descrição: A torre foi construída entre 1667 e 1687, destinando-se a receber o relógio que estava numa das torres que serviam de cantoneira às casas do comendador do castelo e que, de acordo com o estado de conservação das estruturas do próprio castelo, ameaçaria derrocar.

O exterior da curiosa torre, adossada às antigas casas da câmara, apresenta uma arquitectura maneirista tardia, caracterizada por cunhais e porta de acesso em aparelho rusticado e estrutura vertical desequilibrada.

O seu interior orienta-se por uma escada disposta em torno de um poço central quadrado - destinado aos pesos do relógio -, que depois se liga a vários patamares, até ao interior do coruchéu coberto com abóbada de barrete de clérigo.

Arquitectura civil, maneirista. Torre sineira de carácter civil, marcada por uma grande austeridade construtiva, que reflecte na utilização dos rusticados no guarnecimento de cunhais e vãos o conhecimento da linguagem arquitectónica do Maneirismo de raiz italiana.

Planta quadrangular, coberta por coruchéu. Volumes simples. Alçado S. de um pano definido por cunhais rusticados de cantaria, dividido em dois registos por moldura de argamassa. Registo inferior com soco de cantaria rusticada e portal em arco de volta perfeita com moldura de cantaria rusticada e chave saliente, acima do qual se rasga uma fresta com moldura de cantaria. Ao nível do segundo registo rasga-se olhal em arco de volta perfeita, onde estão colocados dois sinos de bronze sobrepostos; remate superior em cornija. Alçado O. com o volume do Hospital do Espírito Santo adossado ao pano inferior e pano superior idêntico ao do alçado S. Alçado N. de esquema idêntico ao alçado S., com excepção da porta. Alçado E. de esquema idêntico ao alçado N. INTERIOR: caixa dos pesos do relógio ao centro, resguardada por paredes de alvenaria que são contornadas por lanços sucessivos de escadarias de cantaria. Patamar superior revestido de tijoleiro, rasgado lateralmente por um olhal em cada parede, coberto por estrutura de madeira que forma o piso de um compartimento em que se situa o mecanismo do relógio.”

Bibliografia:SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém - Breve Inventário. Santiago do Cacém, Câmara Municipal.

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José Falcão e Ricardo Pereira, 1998

Figs. 1-7 – Torre do Relógio (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Palácio Condes de Avillez e Tapada dos Condes de Avillez

Localização: 38°0'54.05"N; 8°41'51.03"W. R. dos Condes de Avilez, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Segunda metade século XIX.

Descrição:A construção do palácio foi efectuada na segunda metade século XIX.

A frontaria do edifício, a mais interessante orientação do conjunto arquitectónico, apresenta uma divisão em dois registos distintos, diferenciando-se o primeiro por possuir várias janelas e portas escalonadas em torno de um corpo central vertical (o espaço verticalista da porta principal), enquanto o segundo se destaca por possuir várias janelas de sacada, com gradeamento de ferro fundido. O conjunto termina com uma platibanda corrida, interrompida por um frontão curvo onde se observa a pedra de armas dos Condes de Avilez.

A tapada do palácio, perímetro cercado entre a barbacã do castelo e as traseiras do palácio, foi transformado, por sua vez, num espaço de lazer e de retiro espiritual, ambiente que levou à criação de três interessantes espécimes arquitectónicos: um pequeníssimo challet suiço (a "Casa de Chá"), uma capela revivalista e ecléctica e uma curiosa construção triangular, denominada de "Estufa".

O challet suíço, de dimensões reduzidíssimas, foi construído nos anos 20/30 do século XX, por Jorge Ribeiro de Sousa - o afilhado e herdeiro da viúva do 3º conde -, tendo recebido uma planta trilobada e um portal manuelino retirado das ruínas do castelo, ao mesmo tempo que fazia par com a construção da "Estufa", de planta triangular e equilátera. A capela particular, construída em 1902 e dedicada ao padroeiro S. Jorge, procurou criar a imagem de uma pequena catedral, com as suas altas torres e portal em arco quebrado, a que se juntava um remate de um grupo escultórico brasonado com as armas dos Condes de Avilez.

Em curso obras de qualificação da Tapada.

Arquitectura civil, ecléctica. Palacete característico dos finais do séc. 19, onde se cruzam influências formais díspares, desde pormenores neo-góticos nos ferros fundidos, elementos neo-rococós nos estuques e opções estilísticas próprias do Tardo-Romantismo oitocentista.

Planta em " U ", irregular, composta, abraçando um pátio ajardinado com lago central. Volumes articulados. Coberturas em telhado de duas águas para o corpo central e de uma água nos corpos laterais. Fachada principal virada a E., de três panos definidos por pilastras, divididos em dois registos por moldura de cantaria. No pano central rasga-se, no registo inferior, portal em arco de volta perfeita com moldura de cantaria assente em pilastras e com chave saliente, precedido por três degraus de cantaria; no registo superior abre-se janela de sacada, de verga recta adintelada, com varanda de ferro fundido assente em mísula de cantaria; remate superior em frontão curvo ladeado por urnas de faiança branca, tendo ao centro pedra e as armas dos Condes de Avillez. Os panos laterais são rasgados. No registo inferior, por uma porta ladeada por duas janelas com molduras de cantaria, sendo a porta do pano da direita precedida por quatro degraus de cantaria; no registo superior rasgam-se três janelas de sacada, de verga recta adintelada, com molduras de cantaria, resguardadas por varandas de ferro fundido assentes em mísulas de cantaria; remate superior em platibanda vazada, formada por grelhas de faiança branca; nos extremos, coroando as pilastras, elevam-se globos de faiança branca com estrelas azuis. Alçado S. de um pano definido por pilastras, dividido em dois registos por moldura de cantaria; o registo inferior é rasgado por uma janela engradada com moldura de cantaria e o registo superior por cinco janelas com molduras de cantaria de verga recta adintelada, sendo as três centrais de sacada, com grades de ferro fundido; remate em frontão triangular, rasgado ao centro por óculo triangular com moldura de cantaria; do lado direito eleva-se chaminé. Alçado lateral N. de um pano definido por pilastras de cantaria, de esquema idêntico ao alçado S. mas tendo no registo inferior mais uma porta, enquanto no registo superior à última janela corresponde uma porta. O alçado O., virado sobre a tapada, correspondente ao pátio central, é rasgado no corpo central por nove portas envidraçadas que dão acesso a um jardim de inverno e rematado por beirado; os alçados de cada um dos braços são rasgados por cinco janelas e uma porta, com molduras de cantaria, e rematados por molduras de cantaria. INTERIOR: amplo átrio decorado por pinturas murais e tectos de estuques relevados, rasgado em cada uma das paredes laterais por uma porta em arco de volta perfeita, emoldurada e assente em pilastras, com chave saliente. Segue-se a escadaria de dois lances, separada por arco em asa de cesto, com moldura de cantaria assente em pilastras, e resguardada por gradeamento de ferro fundido. No piso térreo, à esquerda de quem entra, situa-se uma sala decorada com pinturas murais que representam brasões com o monograma " C A " e armas cruzadas, seguindo-se outra sala decorada com livros de contabilidade coroados e objectos de escritório. O primeiro andar estrutura-se em torno de um grande corredor que se desenvolve perpendicularmente à escadaria, destacando-se o salão com tecto estucado e uma sala contígua com tecto igualmente estucado e lareira de mármore.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-7 – Palácio dos Condes Avillez (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Figs. 8-14 – Tapada dos Condes Avillez (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Casa de Chá do Antigo Palácio dos Condes de Avillez

Localização: 38°0'52.34"N; 8°41'52.04"W. Tapada do Palacete dos Condes de Avillez, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia:Séc. XIX

Descrição:“Arquitectura civil, ecléctica. Nesta "folie" bem ao gosto do tardo-romantismo cruzam-se as influências da tipologia do chalet suíço, bem evidente na cobertura e no revestimento em reboco tirolês, do apego à arquitectura pitoresca do "fin-de-siècle", notório na implantação no parque, na concepção global que tira partido de uma miniaturização das formas e em pormenores como os degraus e o patamar de entrada, e, ainda, do interesse historicista, patente no reaproveitamento de um portal manuelino.

Planta longitudinal formada por corredor rectangular ladeado por duas pequenas salas de planta oval, tendo no topo uma outra sala de planta circular. Volumes articulados. Coberturas diferenciadas em telhado de três águas para cada um dos volumes. Fachada principal orientada a E., de três panos revestidos por reboco tirolês e separados por faixas lisas. Pano central rematado por empena triangular e rasgado por portal de cantaria de arco polilobado apoiado em colunas com capitéis de turbante e bases tronco-cónicas, enquadrado por entrançados de feição vegetalista, que é sobrepujado por falsa janela em argamassa policromada. Alçado lateral N. formado pelos volumes da sala oval e da sala circular, cada um dos quais rasgado por uma janela com moldura de argamassa. Alçado lateral S. de esquema idêntico. Alçado O., cego, em que se destaca a chaminé. O edifício é antecedido por patamar semi-circular, pavimentado com composição de seixos rolados pretos e brancos, formando desenho floral, resguardado por gradeamento de ferro fundido, a que se acede por três degraus semi-circulares que resultam do reaproveitamento de mós de moinho. INTERIOR: corredor central de paredes decoradas a estuque, com pinturas marmoreadas, em que se rasgam as portas de acesso às três salas; pavimento em mosaico hidráulico colorido. Salas laterais com decoração idêntica, iluminadas por janelas dispostas ao centro das paredes exteriores e com pavimento em soalho. Sala do topo com lareira central, ladeada por duas janelas e dois nichos”.

Bibliografia: SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém - Breve Inventário. Santiago do Cacém: Câmara Municipal.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Sociedade Harmonia

Localização: 38°0'56.00"N; 8°41'49.15"W. R. da Sociedade Harmonia, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Segunda metade do século XIX.

Descrição:Na segunda metade do século XIX, a Sociedade Harmonia mudou as instalações para o local onde hoje se encontra, embora tal circunstância histórica não partilhe de unanimidade cronológica entre os autores.

Contudo, a referência mais acreditada parece ser uma descrição do jornal o "Meróbriga" (18-6-1922), que pomposamente refere a colocação da primeira pedra no dia 1 de Dezembro de 1863 e a inauguração do edifício no ano de 1865, a que acresce, depois, a construção do teatro, em 1875.

No exterior do imóvel destacou-se a frontaria, de dois corpos arquitectónicos diferenciados - realçada por uma cartela alusiva à fundação do teatro, por uma balaustrada com as suas urnas e vasos cerâmicos e pelo óculo de iluminação, de caixilho raiado e centrado numa cabeça de leão - e o alçado lateral direito, com as suas portas envidraçadas e o seu comprido terraço, cintado por um elegante gradeamento em ferro fundido. No interior, sobressaem os silhares de azulejos do corredor, de produção oitocentista e a envelhecida "Sala dos Espelhos", dependência decorada com apainelados e espelhos de várias dimensões, cabeças de leão e guirlandas de flores, num claro sabor classicizante.

Arquitectura cultural e recreativa, ecléctica. Edifício que segue um esquema bastante austero, frequente na arquitectura civil do Sul do país, animado por elementos decorativos de gosto ecléctico como as balaustradas e elementos de faiança. No interior destacam-se as composições de estuques e os painéis de azulejaria polícroma, já de padronagem industrial.

Planta rectangular composta pela sala de teatro, à direita da qual se desenvolve um corredor que dá acesso a três salas. Volumes articulados; cobertura diferenciada em telhados de quatro águas no teatro e de três águas nas salas anexas. Fachada principal orientada a E., com o volume do teatro de um pano definido por cunhais com soco saliente e remate superior em cornija e beirado. Ao nível do piso térreo rasgam-se duas portas com molduras de cantaria, sendo a da direita sobrepujada por uma lápide rectangular, de ângulos chanfrados, onde se destaca um medalhão circular, enquadrado por volutas, com um alto-relevo figurando uma lira, uma taça, um bastão, uma espada e uma máscara, entrelaçados por uma coroa de louros, e a inscrição " THEATRO / SOCIEDADE HARMONIA / 1875 "; à direita abre-se uma janela; ao nível do primeiro piso destaca-se o volume em consola da cabine de projecção, assente em quatro cachorros e rasgada por três janelas envidraçadas; à direita abre-se uma janela. Ligeiramente mais baixo, à direita, destaca-se o outro volume do edifício, de um pano definido por cunhais com soco saliente e remate superior em cornija e balaustrada, coroada por elementos decorativos de faiança; porta com molduras de cantaria encimada por óculo oval; à direita rasga-se uma janela. Segue-se o volume saliente da varanda sobrelevada, com porta de verga curva emoldurada, de acesso a uma arrecadação, e remate superior em gradeamento de ferro fundido. Alçado N. de um pano definido por cunhais e rematado por cornija e balaustrada coroada por elementos de faiança; é rasgado por seis janelas de sacada que abrem sobre uma varanda pontuada por oito plintos de alvenaria em que encaixam vasos. Alçado O. de um pano definido por cunhais com soco saliente, rematado por cornija e balaustrada coroada por elementos cerâmicos; é rasgado, ao nível da cave, por três frestas ao baixo, e ao nível do piso térreo por duas janelas; à esquerda adossa-se o volume da varanda. INTERIOR: articula-se em torno de um amplo corredor que atravessa longitudinalmente o edifício, com acesso por escadaria de cantaria e alçados decorados com lambrim de azulejos azuis e brancos, de padrão, de produção industrial; o corredor apresenta rodapé de tijoleira e lambrim de azulejos, ocupamdo c. de meia altura dos alçados, de padrão, polícromos, sobre fundo branco; à esquerda acede-se à sala do teatro, com plateia, balcão e palco à italiana; pavimento de soalho tecto plano; à direita situam-se três salões com pavimentos de soalho e tectos planos de madeira; nos alçados recortam-se em estuque, grandes molduras rectangulares, alternadas com outras mais estreitas, decorados superiormente com grinaldas e medalhões, também em estuque; sobre as portas repetem-se idênticas molduras, mais pequenas; portas de portada dupla, de madeira, cada uma aberta ao centro por rectângulo vertical envidraçado com vidro colorido.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-9 – Sociedade Harmonia (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Casa da Poetisa Alda Guerreiro

Localização: 38°0'55.27"N; 8°41'47.18"W. Rua Dr. Francisco Beja da Costa, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XIX.

Descrição:Encontra-se dentro da ZEP do Pelourinho de Santiago do Cacém.

Edifício de habitação do século XIX, foi a residência do pintor Manuel do Espírito Santo Guerreiro e da sua filha, a poetisa Alda Guerreiro Machado. O seu interior encontra-se ricamente decorado com pinturas a fresco.

Edifício de dois pisos com frente para a rua Dr. Francisco Beja da Costa, ocupa os gavetos entre esta artéria e a rua Dr. Manuel Arriaga e entre esta e a rua da Misericórdia. Nesta casa nasceu a 6 de Janeiro de 1878 a poetisa Alda Guerreiro Machado, filha do pintor Manuel do Espírito Santo Guerreiro. Alda Guerreiro tornou-se notável pela sua obra política publicada em vários jornais e revistas. Pertenceu à geração de intelectuais dos princípios do século XX que aderiram à causa republicana.

A pintura de Manuel de Espírito Santo Guerreiro foi doada ao município de Santiago do Cacém pelo sobrinho da poetisa Sr. Freire de Andrade Gomes. A obra poética de Alda Guerreiro está depositada no arquivo municipal. A casa mantém todo o recheio, incluindo mobiliário e objectos pessoais do artista e da poetisa.Servindo de habitação temporária dos actuais proprietários, Sr. Sérgio Freire de Andrade e esposa.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

http://www.cm-santiagocacem.pt/viver/Cultura/EspacosCulturais/ArquivoMun... %C3%80%20Descoberta%20do%20Patrim%C3%B3nio%20Edificado.pdf

Site da Câmara Municipal e Santiago do Cacém

Figs. 1-2 – Casa da Poetisa Alda Guerreiro. Julho de 2011. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Casa Amarela

Localização: 38°0'58.42"N; 8°41'43.08"W. R. João de Deus n.º 8 (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Séculos XIX/XX.

Descrição:Património arquitectónico, séculos XIX/XX.

Edifício mandado construir pelo advogado António Pereira da Costa em finais do século XIX, inspirado na igreja vizinha (hoje desaparecida) de Nossa Senhora do Monte. Em 1922 recebeu a garagem cujo portal possui cantarias decoradas.

Arquitectura civil, vernacular, ecléctica. Esta casa segue uma tipologia pouco frequente na região mas de que se conhecem outros exemplares desde o séc. 18, com volumes escalonados dispostos longitudinalmente, com janelas aberta em todas as fachadas. O tratamento da fachada principal recorre a elementos de tradição vernacular regional, em que dominam as argamassas relevadas em pilastras, cunhais, entablamentos e volutas, varandas de ferro forjado, pináculos e molduras de cantaria, segundo formulários fixados na época barroca, mas com uma maior riqueza de cor e maior elaboração dos elementos decorativos que igualmente são patentes no interior, com destaque para as portas que se abrem no átrio, que revelam o gosto ecléctico de finais do séc. 19.

Planta composta pela casa rectangular, regular, a que se adossa nas traseiras a cozinha, a N. situa-se a garagem e uma arrecadação. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de uma água, nos corpos laterais da casa, na cozinha e na arrecadação e de duas águas no corpo central da casa e na garagem. Fachada principal virada a O. de três registos escalonados; o registo inferior apresenta um só pano pintado a ocre, definido por cunhais de argamassa pintados a cinzento, assente em soco de argamassa pintado a cinzento e rematado superiormente por entablamento pintado a branco com friso pintado a azul e beirado, ao centro rasga-se porta de verga recta com moldura de cantaria, porta de duas folhas almofadadas, com óculos envidraçados protegidos por gradeamentos de ferro fundido e bandeira envidraçada protegida por gradeamento de ferro fundido, ladeada por janelas de verga recta com molduras de cantaria; o segundo registo, mais estreito é caiado a ocre e definido por cunhais de argamassa caiados a azul, rematado superiormente por entablamento branco com friso azul e rasgado por janela de sacada com moldura de cantaria encimada por cornija de argamassa caiada a branco, varanda de ferro forjado assente em bacia de cantaria; o pano é ladeado por volutas enquadradas por pináculos piramidais assentes em plintos colocados no coroamento dos cunhais do primeiro registo; terceiro registo de um só pano caiado a amarelo, definido por cunhais caiados a azul, rematado por empena triangular com beirado e vasos de faiança branca colocados no coroamento dos cunhais, é rasgado por uma janela de sacada com moldura de cantaria encimada por frontão contracurvado em argamassa com cornijas caiadas a azul, varanda de ferro forjado assente em bacia de cantaria. Fachada lateral N. de um só pano pintado a ocre, definido por cunhais de argamassa pintados a branco, assente em soco de argamassa pintado a cinzento e rematado superiormente por entablamento pintado a branco com friso azul e beirado, rasgado por quatro janelas com molduras de cantaria; num plano recuado eleva-se um pano caiado a ocre, definido por cunhais de argamassa caiados a azul, rematado por cornija caiada a branco e beirado, rasgado por uma janela com moldura de argamassa caiada a branco, ao nível do primeiro andar e três janelas idênticas ao nível do segundo andar; à esquerda adossa-se um portão de verga recta com moldura de cantaria, enquadrado por empena polilobada rematada por esfera de argamassa, ladeado por pilastras de argamassa coroadas por plintos. Fachada lateral S. de esquema idêntico à fachada lateral N., sem vão ao nível do R/C, nem do primeiro andar. INTERIOR: dividido em três pisos por sobrados; a porta principal dá acesso a um átrio pavimentado a mosaico hidráulico de padrão geométrico polícromo e tecto com forro de madeira de saia e camisa pintado a castanha, porta na parede do fundo em arco de volta perfeita com moldura de madeira de chave saliente assente em pilastras, bandeira de vidro e porta de duas folhas almofadadas, com vidros centrais e remates em frontão com enrolamentos; em cada uma das paredes laterais abre-se uma porta de duas folhas com almofadadas encimadas por meio frontão de enrolamento em madeira pintada a castanho e filetes dourados; a N. situa-se uma sala e a sul um escritório; a porta do topo dá acesso a um pequeno corredor transversal que comunica a N. com a sala e a S. com as escadas longitudinais que conduzem aos pisos superiores; a área posterior da casa encontra-se sem comunicação com a área de entrada e organiza-se em torno de um pequeno corredor transversal que comunica com três despensas situadas no centro da casa, uma sala central virada para o quintal, duas salas e N. e dois compartimentos a S. comunicando com a cozinha; ao nível do primeiro andar as escadas dão acesso a um corredor longitudinal que comunica ao centro com uma casa de banho virada a N. e nos topos com dois quartos, um virado a E. e outro a O.; as escadas continuam sobre as anteriores, repetindo-se no segundo andar o mesmo esquema do primeiro.”

Bibliografia: SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém, Breve Inventário. Santiago do Cacém: Câmara Municipal.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2002

Figs. 1-2 – Casa Amarela (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Residência dos Freires da Ordem de Santiago/Casa da Colegiada

Localização: 38°0'54.17"N; 8°41'45.39"W. Rua Padre António de Macedo n.º 38 (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XVIII.

Descrição:“Arquitectura religiosa, barroca, popular vernácula. Residência paroquial, onde habitavam os freires da Ordem de Santiago que integravam a Colegiada da Igreja Matriz, de tipologia característica das casa de habitação da região, com panos caiados animados por soco, cunhais o molduras de argamassa caiada a cinza, destacando-se como elementos de maior erudição o portal e as janelas de sacada com gradeamentos de ferro forjado onde o gosto barroco se revela numa complexa composição de volutas que animam a austeridade do conjunto.

Planta em "L", irregular. Massa simples com cobertura diferenciada em telhados de duas águas. Fachada principal virada a S. de um só pano definido por cunhais pintados a cinzento, soco pintado e remate superior com cornija e beirado; no piso térreo rasga-se ao centro o portal, de verga recta e moldura de cantaria boleada, inserindo-se na verga a inscrição "D.B.F.D.P: 1733." sobrepujada por cartela quadrangular emoldurada, com a cruz de Santiago em relevo, à direita destaca-se um pequeno vão ou nicho entaipado, com moldura de argamassa pintada, seguido de uma janela com moldura de argamassa pintada, à esquerda do portal abre-se uma fresta com moldura de cantaria e um portão de garagem de verga curva e moldura de cantaria; ao nível do primeiro andar rasgam-se três janelas de sacada, correspondentes aos três vãos maiores do piso térreo, com molduras e mísulas de cantaria e gradeamentos de ferro forjado de composição simétrica de volutas com aplicação de pequenos elementos em chumbo. Alçado lateral virado a O. de um só pano definido por cunhais pintados a cinzento, soco pintado e remate superior em beirado; ao nível térreo rasga-se uma porta com moldura de cantaria seguida por duas frestas; ao nível do primeiro andar rasgam-se quatro janelas, a primeira e a terceira com molduras de argamassa pintada e a segunda e a quarta com molduras de cantaria. INTERIOR: piso térreo estruturado por um corredor longitudinal, seccionado por dois arcos ogivais de cantaria, à direita localiza-se um escritório e à esquerda a escada de acesso ao piso superior, com degraus de cantaria e iluminada por uma fresta; o piso superior apresenta diversos compartimentos interligados, com tectos de madeira do tipo de saia e camisa e soalhos de madeira, não contendo qualquer elemento decorativo relevante.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2000

Casa das Heras

Localização:38°0'52"N; 8°41'50"W. Trav. da Central Eléctrica, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XIX.

Descrição:Património arquitectónico, século XIX.

Encontra-se dentro da ZEP do Castelo de Santiago do Cacém.

Segunda habitação do Prior Bonifácio, foi construída (ou reconstruída) entre 1803 e 1804.

Sobressai a fachada principal com a sua cobertura vegetal que lhe dá o nome.

Terá sido adquirida para sua residência por Fonseca Achaiolli - cunhado do 3º. Conde de Avilez - e Vereador muito activo e responsável do Executivo Camarário entre 1896 a 1898.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

http://www.cm-santiagocacem.pt/viver/Cultura/EspacosCulturais/ArquivoMun... %C3%80%20Descoberta%20do%20Patrim%C3%B3nio%20Edificado.pdf

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Figs. 1-8 – Casa das Heras (Santiago do Cacém). Abril de 2010. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Antiga Casa do Prior

Localização: 38°0'55.42"N; 8°41'51.36"W. Rua Conde de Avilez, n.º 3 a 5, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Século XVI a XIX.

Descrição:Património arquitectónico, século XVI a XIX.

Encontra-se dentro da ZEP do Castelo de Santiago do Cacém.

Habitação que remonta ao século XVI, foi reconstruída em finais do século XVIII pelo Prior Bonifácio Gomes de Carvalho.

Bibliografia: SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém - Breve Inventário. Santiago do Cacém: Câmara Municipal.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Rosário Gordalina, 2002

Palácio da Carreira

Localização: 38°0'58.64"N; 8°41'53.67"W. Largo do Capitão Mor, Santiago do Cacém (C.M.P. nº . 516).

Cronologia: Século XVIII/XIX.

Descrição: O edifício foi onstruído entre 1785 e 1808, tornou-se na mais elegante fachada neoclássica de Santiago do Cacém com a remodelação durante a primeira metade do século XIX, recebendo a sua rica decoração pictórica e azulejar, provavelmente enquanto serviu de residência ao 2º conde de Bracial.

Encontra-se abrangido pela ZEP do Pelourinho de Santiago do Cacém.

MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-AF/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24-12.

Arquitectura civil, tardo-barroca, neoclássica, romântica. Casas apalaçada, onde as fachadas ritmadas pela distribuição regular dos vãos, apresentam uma riqueza decorativa, com frontões, florões, urnas de argamassa, etc. que caracterizam o tardo-barroco no Alentejo; no exterior os frontões triangulares deixam já adivinhar o neoclassicismo emergente, já plenamente implantado na decoração interior, onde os lambris de e as pinturas murais estão povoados por grotescos, grinaldas, urnas, figuras de deuses da antiguidade, aves, etc. que se desenham de forma caligráfica sobre fundos de tons suaves. As intervenções românticas revelam um caracter menos erudito, com um gosto pelas figuras populares, paisagens sombrias e exóticas, e um revivalismo patente nos azulejos da sala de jantar que representam uma caçada do séc. 18 e nas molduras vagamente rococós dos painéis de azulejos do jardim.

Planta em " U ", irregular, composta por um corpo central e dois braços laterais perpendiculares desiguais. Volumes articulados com o corpo central de dois pisos, encimado por mirante central e os braços de um piso, com cobertura exterior em telhado de duas águas no corpo central, quatro águas no mirante e uma água em fibrocimento nos corpos laterais. Fachada principal virado a NE. de um só pano definido por cunhais de argamassa pintada a amarelo, soco de argamassa pintada e remate superior em cornija pintada e beirado, dividido em dois registos por moldura de argamassa pintada, no registo inferior rasga-se ao centro um portão com moldura de cantaria de verga curva, ladeado por frades de cantaria e encimado por cornija de argamassa pintada, adornada ao centro por composição de folhas de acanto e lateralmente por pequenas orelhas apoiadas em volutas, de cada lado abrem-se três janelas engradadas, com molduras de cantaria, encimadas por frontões triangulares de argamassa pintada e adornadas por pequenas orelhas assentes em volutas, as duas janelas que ladeiam o portão apresentam grades de ferro forjado planas e as quatro seguintes grades de ferro forjado com a secção inferior bojuda, nas extremidades abrem-se portas de esquema idêntico às janelas; no registo superior rasga-se uma janela de sacada central, com moldura de cantaria encimada por frontão mistilíneo, com estrela no tímpano, encimado por composição de folhas de acanto, varanda com gradeamento de ferro forjado assente em mísula de cantaria com o troço central de planta curva apoiada em cachorros de argamassa formados por enrolamentos de folhas de acanto que arrancam de mascarões, de cada lado rasgam-se quatro janelas de sacada, correspondentes aos vãos do registo inferior, com molduras de cantaria encimadas por cornijas de argamassa pintada e ladeadas por orelhas de perfil polilobado, varandas de ferro forjado assentes em mísulas de cantaria; acima da cornija eleva-se ao centro um mirante, assente numa varanda com gradeamento de ferro forjado, com um pano definido por cunhais de argamassa pintada e rematado superiormente por cornija e beirado, nele se rasga ao centro uma janela de sacada em arco polilobado com moldura de cantaria, ladeada por duas janelas de sacada com moldura de cantaria de verga recta, o conjunto das três janelas é rematado superiormente por uma cornija de argamassa se recorte polilobado rematada por composição de folhas de acanto. Fachada SE. com soco de argamassa pintada, um só pano definido por cunhais de argamassa pintados e remate superior em frontão polilobado contornado por volutas de argamassa, com urnas de argamassa assentes em plintos nos acrotérios, ao centro rasga-se uma janela com moldura de cantaria encimada por cornija de argamassa pintada rematada por beirado, o pano de parede é rasgado por uma porta com moldura de cantaria com entablamento, tendo à direita uma pequena janela com moldura de cantaria. Fachada SO. com soco de argamassa pintada e em só pano rematado por cornija pintada e beirado, rasgado por janela central com moldura de cantaria r gradeamento de ferro forjado, ladeada por duas janelas de cada lado, com molduras de cantaria e caixilharias de guilhotina, seguidas por uma porta de cada lado com moldura de cantaria, entre cada vão inscreve-se um painel de azulejos, num total de oito, inscritos em molduras de argamassa rectangulares, pintadas, representando estátuas antigas, pintadas a azul, enquadradas por molduras vegetalistas, polícromas, os dois painéis das extremidades representem jarrões de flores assentes em plintos, o mirante que se eleva ao centro, acima da cornija e do beirado apresenta um pano definido por cunhais de argamassa pintada e remate superior em cornija e beirado, é rasgado ao centro por uma janela de sacada em arco polilobado, com moldura de cantaria, encimado por cornija de argamassa pintada, que se eleva ao centro em arco canopial, varanda com gradeamento de ferro forjado assente em bacia de cantaria, o pano de parede é integralmente revestido por uma composição azulejar, com soco marmoreado a manganês, barra canelada e friso com mascarão pintado a azul enquadrado por grinaldas pintadas a manganês, de cada lado da janela destaca-se um painel de fundo amarelo onde se inscreve à esquerda a figura polícroma do comércio e à direita a figura polícroma da agricultura, o conjunto é contornado por uma barra de azulejos relevados azuis e brancos, lateralmente o mirante é enquadrado por duas grandes volutas em " S " e dois plintos onde assentam urnas de argamassa; à esquerda a fachada SE. do braço N. apresenta soco de argamassa pintada e um só pano rematado por balaustrada, é rasgado por uma porta central, em arco de volta perfeita, com moldura de cantaria, ladeada por portas de verga curva, com molduras de cantaria, entre a porta central e a da esquerda destaca-se um painel de azulejos inscrito em moldura de argamassa rectangular, pintada, representando um cavaleiro, pintado a azul, enquadrado por moldura vegetalista, polícroma, nos dois extremos da parede destacam-se painéis de azulejos com jarrões de flores assentes em plintos; a Fachada NO. do braço S. segue esquema idêntico, com excepção dos painéis de azulejos, que são dois a ladear a porta central, representando ambos cavaleiros, e não existe o painel da extremidade direita. INTERIOR: a que se acede pelo portão central, com átrio iluminado por duas janelas que ladeiam o portão, calcetado com seixos rolados, e com tecto com forro de madeira de saia e camisa, dividido em três painéis, cada um apresentando ao centro um brasão pintado, abre-se uma porta em cada uma das paredes laterais e ao centro um arco de volta perfeita com moldura de cantaria de chave saliente, assente em pilastras, resguardado por porta envidraçada, de duas folhas, com bandeira ficha, caixilharia de madeira e vidros coloridos, que conduz à escadaria principal; à esquerda do átrio desenvolvem-se dependências secundárias e arrumos e à direita duas sala, cada uma delas iluminada por uma janela e decoradas com pinturas murais, a primeira apresenta lambril pintado com medalhões ovais, acima do qual se desenvolvem amplas composições que mostram paisagens de florestas e cidades costeiras, enquadradas por colunas pintadas, na segunda sala as pinturas representam uma floresta e um palácio na parede oposta à janela, com cães e um caçador em primeiro plano, segue-se um átrio de acesso à escadaria secundária da casa, decorado com lambril marmoreado e amplas paisagens pintadas, sobre as quais se destacam figuras populares e na parede NO. um arco triunfal de entrada numa povoação, o tecto de madeira, plano, é dividido em quatro painéis onde se destacam medalhões circulares onde estão representadas as quatro estações do ano; regressando ao átrio principal sobe-se ao primeiro andar pela escadaria principal de dois lanços, sendo o segundo duplo, com degraus de cantaria e gradeamento de ferro forjado, dourado, paredes guarnecidas com silhar de 6 azulejos, com rodapé marmoreado a manganês, barra com margaridas azuis e moldura marmoreada a manganês e campo central marmoreado a azul onde se destacam cartelas de molduras manganês e interior marmoreado a amarelo com florão central a manganês, entre as cartelas destacam-se florões azuis, o tecto é de madeira, plano, do tipo de saia e camisa, com painel central armoreado pintado a óleo sobre tela, na parede do patamar intermédio abre-se uma janela e no patamar superior um aporta central em arco de asa de cesto que dá acesso ao Salão de Baile, a uma porta em cada uma das paredes laterais; Salão de Baile ou Sala Grande, com três janelas de sacada viradas a NE. uma porta em cada topo e uma ampla porta envidraçada, em arco de asa de cesto comunicando com a escadaria, ladeada por duas portas, pavimento em soalho e tecto plano pintado sobre tela, com moldura de contorno dividida em cartelas alternadamente quadradas e rectangulares, preenchidas com florões e composições de folhas de acanto, o campo é dividido em três rectângulos, sendo os das extremidades bastante pequenos, delimitados por molduras de gregas pintadas a branco sobre fundo azul, os rectângulos das extremidades são preenchidos por composição figurativa, representando uma urna ladeada por esfinges aladas, com cabeça de ave de rapina, de cujas caudas nasce um enrolamento de folhas de acanto, enquadradas por laços e panejamentos pendentes, grinaldas de rosas e folhagens, tudo assente num plinto azul decorado com drapeados, o amplo rectângulo central é ocupado ao centro por um medalhão oval ladeado por dois espaços em reserva, nestes desenvolvem-se largas composições com enrolamentos de folhas de acanto onde se apoiam cestos com flores, o medalhão oval apresenta uma barra decorada com grinaldas de flores suspensas de laços e mascarões tendo ao centro, emoldurado por uma grinalda de folhas de loureiro, uma composição de folhas de acanto em cujo centro se destaca um medalhão de talha dourada onde se suspende o candeeiro, lambril de 8 azulejos de altura, com rodapé marmoreado a manganês, moldura marmoreada a azul contornando campo marmoreado a amarelo onde se destaca medalhão oval com paisagem pintada a manganês, enquadrado por grinaldas de flores; no patamar da escadaria, a porta da direita conduz a um corredor com lambril de azulejos de padronagem polícroma, que à acesso a três quartos, à direita e dois à esquerda, decorados com lambris de azulejos com medalhões de paisagens enquadrados por plumas, grinaldas, jarras de flores, etc. e pinturas murais compostas por barras de grotescos; o terceiro quarto da esquerda apresenta figuras de deuses romanos pintados ao centro de painéis definidos por barras e grotescos; ao fundo do corredor uma porta conduz à sala jantar, decorada com lambril de azulejos azuis e brancos, representando cenas de caçadas enquadradas por barra de azulejos relevados, acima do qual se desenvolve uma barra pintada com flores e folhagens onde assentam plintos com figuras populares; a SO. uma porta conduz a um átrio de ligação ao pátio exterior, copa e cozinha, a NE. abre-se uma janela de sacada e a SE. uma porta conduz à escada de acesso ao sótão e outra a uma pequena arrecadação. A porta à esquerda do patamar da escadaria conduz à antiga sala de jantar, a segunda maior sala da casa, com lambril de azulejos de padrão polícromo e pinturas murais com barras de grotescos definindo painéis; uma porta no topo NO. conduz à sala de música, dependência de planta quadrada, com uma porta ao centro de cada parede e uma janela de sacada ao centro da parede SO., encimadas por sobreportas pintadas com instrumentos musicais, de cada lado, acima do lambril liso, o pano de parede é contornado por barra com grinaldas e enrolamentos de folhagens enquadrando a figura central de um músico; a NE. uma sala com porta para o salão e para a antiga sala de jantar apresenta lambril de azulejos, com barra marmoreada a azul, e pequenos medalhões com paisagens, encimados por cestos com flores e enquadrados por grinaldas de flores e ramagens e uma ave de cada lado; pinturas murais com finas barras de grinaldas florais, definindo painéis assente numa barra mais larga decorada com ferronerie onde pousam aves, de cujos bicos se suspende uma grinalda de flores que nasce de uma taça central suportada por cariátides; o tecto é decorado por finos grotescos. Segue-se uma sala com lambril liso e pinturas murais com painéis representando figuras populares, cavaleiros, caçadas e temas mitológicos, enquadrados por barras simples.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2000

 

Figs. 1-14 – Palácio Carreira (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Palacete Falcão

Localização:. 38º0’54.99’’N; 8º 41’49.60’’W. Praça Conde de Bracial, Santiago do Cacém (C.M.P. nº . 516).

Cronologia: Século XIX.

Descrição: O edifício encontra-se abrangido pela ZEP do Pelourinho de Santiago de Cacém.

A longa frontaria do edifício da fachada principal apresenta uma elegante composição neoclássica, dominando a Praça Conde de Bracial, onde se insere, acompanhando o declive acentuado do arruamento. A fachada é rematada por altas pilastras, coroadas nos topos por vasos de pedra, estando o do lado Nascente parcialmente absorvido pela fachada do palacete vizinho. Ao nível do rés-do-chão, apresenta um ritmo que alinha três janelas de guilhotina e duas portas. A janela do lado Poente encontra-se protegida por um gradeamento em ferro forjado e a porta a Nascente, a entrada principal da casa, é antecedida por um degrau encaixado entre dois pilaretes cilíndricos canelados e em pedra (o par de pilaretes é um elemento que se repete na outra porta, mais larga). Ambas as portas apresentam um arco com chave saliente, decorada com folhas de acanto. Entre as portas e sob a janela central, encontra-se um canteiro gradeado. O piso nobre apresenta oito portas janelas. As quatro centrais estão encimadas por frontões curvos e abrem para uma varanda única, com bacia saliente e guardas em ferro forjado. No meio da fachada, entre os pares de portas janelas centrais, apresenta-se um registo de azulejos datado de 1940, alusivo à Imaculada Conceição e à Restauração de 1640. Sobre cada uma das portas janelas rasga-se uma fresta rectangular. No topo, dominando o edifício e cortando a platibanda decorada com ovais cegas, eleva-se uma grande mansarda com janela veneziana, antecedida por uma varanda com bacia saliente e guardas em ferro forjado. Rematando a mansarda, apresenta-se um frontão triangular, ao centro do qual se encontra a pedra de armas.

Heráldica: Escudo inglês com as armas da família Falcão: de azul, com três bordões de Santiago em prata. Elmo cerimonial com viseira de grades e timbre: um falcão azul com pés de ouro, segurando um dos bordões do escudo com a pata direita e com o bico.

Bibliografia: FALCÃO, J. A. (1991) - Património Construído e Urbanismo de Santiago do Cacém: Subsídios para um Ensaio de Enquadramento Histórico. Documento não publicado, consultável no Centro de Documentação do Gabinete de Reabilitação Urbana e Património da Câmara Municipal de Santiago do Cacém; FREIRE, A. B. (1921) – Brasões da Sala de Sintra. Livro Primeiro, 2ª Ed. Coimbra: Imprensa da Universidade; LIMA, J. F. L. Falcão de (2009) – Gente de Entre Searas e Montados. Lisboa: Guarda-Mor; SOUSA, Manuel de (2001) – As Origens dos Apelidos das Famílias Portuguesas. Mem Martins: SPORPRESS – Sociedade Editorial e Distribuidora, lda; Duarte, F. (dir.) (1921) – Testamento da Ex.ma Sr.ª D. Camila Maldonado S. Champalimaud. O Petizinho. Santiago do Cacém: Ed. Armando M. Capela. Nº 24 (11-09-1921), p. 3; Nº 25 (18-09-1921), p. 3; Nº 26 (25-09-1921), p. 3.

Webgrafia:http://www.patrimonius.net/detalhes.php?i=2150

Gentil José Cesário, 2011

 

Figs. 1-5 – Palacete Falcão (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Palacete Aboim e Parreira de Lacerda

Localização: 38°0'55.04"N; 8°41'48.62"W. Praça Conde Bracial, n. 3, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia:Séc. XIX

Descrição:Tal como a maioria dos edifícios da zona alta do Centro Histórico de Santiago do Cacém, foi construído inicialmente na Idade Média, como demonstra o portal gótico ainda existente no logradouro do edifício. As fachadas públicas foram provavelmente tratadas ao longo do século XIX, tendo recebido o último piso nos inícios do século XX.

Encontra-se dentro da ZEP do Pelourinho de Santiago do Cacém.

Arquitectura civil, tardo-barroca, neoclássica, ecléctica. Edifício formado por dois corpos, o primeiro dos quais, virado a S. corresponde a uma empreitada de inícios do séc. 19, onde se cruzam elementos terdo-barrocos, como os frontões curvos ou em arco de querena que coroam os vãos centrais, enquanto os laterais apresentam soluções mais de acordo com o gosto neoclássico, com cornijas apoiadas em pilastras. O volumoso corpo construído sobre a praça e concluído já em 1902, corresponde a um gosto muito austero mas de majestosas proporções, patentes quer na massa exterior do imóvel que na dimensão e pé direito dos compartimento, mas onde os elementos decorativos são bastante sóbrios, correspondendo no entanto a um gosto ecléctico onde se cruzam elementos de inspiração revivalista, patentes na janela amainelada, balaustrada de feição clássica executada em faiança, entre outros.

Planta composta, irregular, volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas e terraço. Fachada principal virada a N. de um só pano definido por cunhais apilastrados, com soco escalonado pintado a cinzento, três registos separados por molduras de argamassa e remate superior em balaustrada de faiança branca assente em entablamento, no registo superior rasga-se ao centro a porta principal, com moldura de cantaria, tendo à esquerda dois duas janelas com molduras de cantaria encimadas por duas outras janelas com molduras de cantaria e à esquerda duas janelas com molduras de cantaria; no segundo registo rasgam-se cinco janelas de sacada, com molduras de cantaria e varandas de ferro forjado assentes em base de cantaria, a janela central é encimada por frontão triangular de argamassa assente em duas pequenas pilastras; o terceiro registo é rasgado por uma janela de sacada, central, formada por dois arcos de volta perfeita com moldura de cantaria de chave saliente e assentes em pilastras, com varanda de ferro fundido assente em base de cantaria e encimada por pedra de armas enquadrada com composição de enrolamentos de folhas de acanto em argamassa esgrafitada, ladeada por duas janelas de cada lado com moldura de cantaria; ao centro eleva-se uma trapeira revestira a escamas de barro cozido, de remate em empena e rasgada por janela com moldura de madeira; à esquerda adossa-se um corpo mais baixo, de um só pano definido por cunhais apilastrados, e separado por um dos arcobotantes da Igreja da Misericórdia, é rematado superiormente por platibanda decorada por ovais cegas assente em entablamento e rasgado por um portão de verga ligeiramente curva, com moldura de cantaria encimado por duas janelas sobrepostas com molduras de cantaria. Fachada S. de um só pano definido por cunhais apilastrados, assente em soco de argamassa pintado a cinzento e rematado superiormente por balaustrada de faiança branca assente em entablamento, ao nível térreo rasga-se uma porta central com moldura de cantaria ladeada por janelas engradadas com molduras de cantaria; ao nível do primeiro andar rasga-se uma janela com moldura de cantaria encimada por frontão curvo de argamassa, ladeada por duas janelas de sacada com molduras de cantaria encimadas por cornijas de argamassa e varandas de ferro forjado assente em bases de cantaria; ao nível do segundo andar abrem-se três janelas de sacada com molduras de cantaria e grades de ferro forjado, sendo a central encimada por frontão em arco de querena e as laterais por cornijas de argamassa; à direita adossa-se um pano correspondendo a dependências térreas e quintal, com soco pintado a cinzento e remate superior em platibanda assente em entablamento, rasgado por portão; em segundo plano sobre o terraço que cobre as dependências térreas eleva-se um pano definido por cunhais apilastrados rematado superiormente por balaustrada de faiança assente em entablamento e dividido em dois registos por cornija, no inferior abrem-se quatro portas com molduras de cantaria e no superior três janelas com molduras de cantaria; à direita adossa-se um pano definido por cunhais, rematado superiormente por balaustrada de faiança e rasgado por janela em arco abatido seguindo-se um corpo mais baixo, abrindo sobre o pátio, de um só pano definido por cunhais e rematado por cornija e beirado, com uma porta central no piso térreo, duas janelas ao nível do primeiro andar e o volume saliente de uma construção apoiada em pilares e duas janelas e uma porta, ao nível do segundo andar, com uma escada de dois lanços, resguardada por murete, de ligação ao pátio. INTERIOR: dividido em quatro pisos e sótão. A entrada principal efectua-se pela fachada N. conduzindo a um amplo átrio transversal, de onde parte uma escadaria longitudinal, de dois lanços, com degraus de madeira e paredes decoradas com escaiolas marmoreadas, os restantes compartimentos térreos correspondem a arrecadações e espaços secundários, destacando-se num dos compartimentos das traseiras uma porta interior em arco ogival com moldura de cantaria; o patamar central de escadaria é ladeado por duas portas que conduzem aos compartimentos do primeiro andar; o segundo andar corresponde ao piso nobre, com a escadaria a desembocar ao centro de um átrio, resguardada por balaustrada de madeira de remates volutiformes, na parede S. abrem-se duas portas para o terraço, na parede E. duas portas falsas, a N. duas portas envidraçadas conduzem ao corredor transversal que atravessa todo o edifício, a O. duas portas, a segunda das quais conduz às escadas secundárias que liga ao terceiro andar; a N. distribuem-se três salas, com janelas de sacada abrindo sobre a praça, com tectos estucados e numa delas lareira com moldura de mármore; a S. do corredor situa-se a sala de jantar, com lambril de madeira escura rematado por uma pequena prateleira e tecto estucado, brindo duas portas sobre o terraço, seguida da copa e da cozinha; o terceiro andar repete a planta do segundo, com estuques mais austeros e portas pintadas imitando carvalho.

Bibliografia: FALCÃO, J. A. (1991) - Património Construído e Urbanismo de Santiago do Cacém: Subsídios para um Ensaio de Enquadramento Histórico. Documento não publicado, consultável no Centro de Documentação do Gabinete de Reabilitação Urbana e Património da Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2001

 

Figs. 1-4 – Palacete Aboim e Parreira de Lacerda (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Paços do Concelho

Localização: 38°0'59.34"N; 8°41'34.50"W. Av. D. Nuno Álvares Pereira, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Séculos XIX/XX.

Descrição:Património arquitectónico, séculos XIX/XX.

Edifício construído nos finais do século XIX, com projecto inicial do Eng.ª Schiappa Monteiro, foi inaugurado em 1900, mantendo ainda hoje a mesma função de sede do poder autárquico.

Arquitectura civil, ecléctica. Imóvel de notável austeridade, denotando um carácter eminentemente funcional, temperado por pormenores decorativos de grande efeito plástico, como os tectos estucados, as balaustradas de madeira e os ferros fundidos, que lhe conferem um carácter emblemático dentro do gosto cosmopolita " fin de siècle " em que se entrecruzam múltiplas influências culturais, adaptado a um edifício público.

Planta em U, composta por grande rectângulo a que se adossam nas extremidades do tardoz dois pequenos corpos rectangulares que enquadram uma zona ajardinada encerrada por um gradeamento. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhados de quatro águas para o corpo principal do edifício e anexos. Fachada principal virada a E. de três panos definidos por pilastras, divididos em dois registos por moldura de cantaria; soco de cantaria e remate superior em cornija e platibanda. No pano central rasga-se inferiormente o portal de verga recta com moldura de cantaria, precedido por escadaria de cinco degraus de cantaria; porta de madeira apainelada e entalhada, com bandeira de vidro resguardada por gradeamento de ferro forjado, enquadrado por duas janelas com moldura de cantaria; no registo superior rasgam-se três janelas de sacada com molduras de cantaria que abrem sobre uma varanda com gradeamento de ferro forjado, assente em mísula que forma barriga central e assenta em cachorros de cantaria. Cada um dos panos laterais é rasgado, ao nível inferior, por cinco janelas, a que correspondem, no segundo registo, cinco janelas de sacada com gradeamentos de ferro fundido. Alçado S. de um pano definido por cunhais, com embasamento de cantaria e remate em cornija e beirado, dividido em dois registos por moldura de cantaria; no registo inferior rasgam-se seis janelas, abaixo das quais se abrem duas frestas horizontais; no registo superior rasgam-se seis janelas de sacada, dando as duas centrais para uma varanda com mísula de cantaria e gradeamento de ferro fundido. Alçado O. de três panos, definidos por pilastras, dividido em dois registos por moldura de cantaria e rematado por cornija e beirado; no pano central rasga-se, no piso térreo, uma porta com duas janelas de cada lado, e no piso superior abrem-se cinco janelas de sacada; nos panos laterais rasgam-se três janelas em cada registo, sendo as do piso superior de sacada. Nas extremidades adossam-se dois volumes cegos, que enquadram gradeamento de ferro fundido intervalado por pilares, tendo ao centro um portão. Alçado N. de esquema idêntico ao do alçado S. INTERIOR: grande átrio de acesso, com lambril de azulejos, tecto de estuques apainelados e paredes laterais rasgadas cada uma delas por duas portas com moldura de cantaria, precedidas por quatro degraus de cantaria; a parede do fundo é rasgada por arco em asa de cesto, com moldura de cantaria de chave saliente e assente em pilastras, precedido por quatro degraus de cantaria e ladeado por duas fontes de cantaria lavrada; o arco dá acesso a um corredor que se desenvolve perpendicularmente ao eixo de entrada e faz as distribuições horizontais; segue-se outro arco de esquema idêntico, que dá acesso à escadaria de dois lanços, com degraus e balaustrada de madeira, lambril de azulejos, tecto estucado com decoração relevada e acesso ao patim superior por três arcos de volta perfeita com molduras de madeira, de chave saliente e assentes em pilastras; na parede do topo abrem-se duas portas que dão acesso à Sala das Sessões e nas paredes laterais arcos de volta perfeita com molduras de madeira que dão acesso às diversas dependências; Sala das Sessões com tecto estucado com decoração relevada tendo ao centro as armas do município enquadradas por medalhões com alegorias, abrindo-se três janelas sobre a varanda da fachada principal.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-4 – Paços do Concelho (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Antigos Paços do Concelho de Santiago do Cacém

Localização: 38°0'55.62"N; 8°41'50.26"W. Pr. Conde do Bracial, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: 1781

Descrição:Edifício construído no ano de 1781, por iniciativa da rainha D. Maria I. Este edifício, que acompanha o declive natural do terreno e domina a Praça Conde do Bracial.

Encontra-se abrangido pela ZEP do Pelourinho de Santiago do Cacém.

Arquitectura civil, rococó. A sólida organização compositiva, herdada da tradição da arquitectura Chã, combina-se aqui com as inovações do gosto rococó, bem visíveis no frontão polilobado que coroa a janela central do alçado principal, enquadrado numa graciosa empene em arco querenado.

Planta simples, quadrangular, irregular. Massa simples com cobertura em telhado de quatro águas. Fachada principal virada a SE. de um pano definido por cunhais e dois registos separados por friso de argamassa; soco saliente; no registo inferior rasga-se portal de verga recta adintelado com moldura de cantaria, ladeado por duas janelas com molduras de cantaria; no registo superior rasgam-se três janelas de sacada, correspondentes aos vãos do registo inferior, com varandas de ferro forjado assentes em mísulas de cantaria, sendo as laterais de verga recta adintelada com molduras de cantaria e a central de verga recta com moldura de cantaria, coroada por frontão polilobado em argamassa sobrepujado por pedra com as armas reais assentes em cartela com o cronograma " 1781 "; remate em cornija e beirado que ao centro se elevam formando empena em arco de querena sobrepujado por urna de argamassa que se repete nos coroamentos dos cunhais. Alçado NE. de um pano definido por cunhais e rematado por cornija e beirado; ao nível da rua abre-se uma porta, tendo à esquerda uma janela de cota superior, centrada no pano, sobre a qual, ao nível do primeiro andar, se rasga uma janela de sacada com varanda de ferro forjado sobre mísula de cantaria, ladeada por duas outras janelas, tendo todos os vãos molduras de cantaria. INTERIOR: pequeno átrio de acesso, com portas de ambos os lados que ligam aos compartimentos térreos, abrindo-se na parede fronteira à entrada um arco de volta perfeita que comunica com as escadas que vão para o piso superior, de dois lanços, constituídas por degraus de cantaria e resguardadas por gradeamento de ferro forjado, apoiado no patamar central num pilar de cantaria lavrada em forma de " S ", e guarnecidas por rodapé de quatro azulejos de altura, estampilhados, azuis e brancos. No primeiro piso destaca-se a sala das sessões que corresponde a todo o alçado NE. e outras duas salas menores correspondendo aos outros dois vãos da fachada principal. Os tectos com forros de madeira em saia e camisa são em algumas salas decorados por medalhões centrais pintados ou entalhados”.

Bibliografia: SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém - Breve Inventário. Santiago do Cacém: Câmara Municipal.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

 

Figs. 1-3 – Antigos Paços do Concelho de Alvalade. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de São Domingos

Fonte do Monte Alto

Localização: 37°55'17.76"N; 8°29'16.42"W. Monte do Alto, São Domingos (C.M.P. nº 528).

Cronologia: Desconhecida

Descrição: A fonte apresenta uma planta rectangular e uma estrutura com fortes paredes de tijoleira e alvenaria, elementos que se repetem na abóbada de berço que cobre todo o espaço. Além disso, constitui um exemplar análogo ao da fonte de Vale de Olheiros, da mesma freguesia, e da fonte dos Nascedios, em Vale de Água. A sua construção pode ser atribuída ao capitão-mor de Santiago do Cacém J. J. Salema de Andrade Guerreiro de Aboim, que no século XIX foi dono desta propriedade.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Freguesia de Vale de Água

Fonte dos Nascedios

Localização: 37°54'16.06"N; 8°34'52.57"W. Nascedios, Vale de Água (C.M.P. nº 527).

Cronologia: desconhecida

Descrição: É uma forte construção de planta rectangular, caiada de branco, com paredes em alvenaria de grande grossura e cobertura de abóbada de berço. Apresenta ainda os dois poiais tradicionais que serviam outrora para colocar as bilhas de água já cheias ou à espera de o serem.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Fonte Saragoça

Localização: 37°55'31.24"N; 8°36'16.15"W. Propriedade da Saragoça, Vale de Água (C.M.P. nº 527).

Cronologia: Desconhecida

Descrição: Situada na propriedade da Saragoça – Vale de Água, é constituída por uma interessante construção de xisto, de planta circular. A cobertura foi feita com o recurso à mó de um moinho, que provavelmente terá vindo do moinho de água que existia em Vale da Ursa.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Freguesia de Alvalade

Pelourinho de Alvalade

Localização: 37°56'25.63"N; 8°23'37.78"W. Largo da Misericórdia, Alvalade (C.M.P. nº 528).

Cronologia: Século XVI.

Descrição:O pelourinho edificado no século XVI, “ não é peça artística, como muitos outros, pois consiste apenas n’um fuste de calcareo, encimado por um pequeno come truncado. Está colocado no ângulo N.E. do edifício dos antigos Paços do Concelho, hoje escola oficial, e assenta sobre uma banqueta de 2,08 de alto, tendo o fuste 0,94 e o cone 0,64, n’um total de 3,66” (Padre Jorge de Oliveira, Nossa Terra, nº18 de 13 de Março de 1932).

Foi derrubado e danificado pelo terramoto de 1755, perdendo parte da decoração. As peças sobreviventes foram remontadas posteriormente, sobre um grande plinto quadrado. Em meados do século XX foi desmontado, sendo as peças guardadas.

Em 4 de Setembro de 2000, o pelourinho restaurado foi recolocado no seu local original, para ser inaugurado oficialmente em 20 de Setembro de 2000.

Está classificado como Imóvel de Interesse Público por decreto n.º 23 122, 11 Outubro 1933.

Arquitectura jurisdicional, quinhentista. Pelourinho de pinha cónica, com soco quadrangular de quatro degraus, onde assenta base troncopiramidal e fuste circular, encimado por pináculo cónico.

Estrutura em cantaria de calcário, composta por soco quadrangular de quatro degraus com focinho em cantaria de mármore de Trigaches, onde assenta base troncopiramidal, de mármore branco assente em plinto de secção quadrada e rematada por dois toros. Fuste cilíndrico de dois tambores em mármore de Trigaches com capitel com colarete de secção circular, friso e ábaco de secção quadrada, com remate superior troncocónico também em mármore.”

Bibliografia:LEAL, P. (1873) - Portugal Antigo e Moderno, 1, p. 72.; LEAL, S. (1906) - A nossa Pátria, p.46; MAGALHÃES, F. Perfeito (1936) - Álbum Alentejano; MALAFAIA, E. B. de Ataíde (1997) - Pelourinhos Portugueses - tentâmen de inventário geral. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda; RAMOS, L. P. (2000) - Alvalade "Das Origens ao Século XX". Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Isabel Mendonça, 1992 / Ricardo Pereira, 2001

Figs. 1-4 – Pelourinho de Alvalade. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Casa dos Magistrados

Localização: 37°56'24.98"N; 8°23'39.17"W. Rua de S. Pedro, nº 2, 4, Alvalade (C.M.P. 528).

Cronologia: Séc. XVIII

Descrição: A "Casa dos Magistrados" era o local onde possivelmente residia o corpo jurídico local, que no ano de 1708 era composto por dois juízes residentes, com a ajuda dos respectivos escrivães. O edifício possuía, como elemento identificativo da fachada principal, um brasão com coroa real, que foi destruído pelos seus proprietários, podendo ainda ser observado em fotografias antigas do século XX.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Freguesia do Cercal do Alentejo

Fonte do Salgado

Localização: 37°46'4.24"N; 8°38'22.15"W. Herdade do Salgado, Cercal do Alentejo (C.M.P. nº 527).

Cronologia: Desconhecida

Descrição:Está localizada na herdade do Salgado e constitui um dos mais característicos exemplares ainda em uso da arquitectura utilitária. É totalmente construída de enormes lajes de xisto próprias da região, sendo coberta por uma estrutura de falsa-abóbada.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Outros:

Freguesia de Alvalade

Ponte de Alvalade

Localização: 37°56'42.92"N; 8°24'9.13"W. A 500m de Alvalade na continuação da Rua Padre Jorge de Oliveira (C.M.P. nº 528).

Cronologia: Século XVII.

Descrição:Ponte de origem Romana, reconstruída no século XVII. Edificada em alvenaria de tijolo e pedra, rebocada. È formada por um “tabuleiro relativamente estreito, com guardas, que assenta em cinco arcos abatidos com quebra-correntes semi-cilíndricos de remate cónico. Localizada em espaço periurbano, no antigo leito da ribeira de Campilhas, próximo do local onde esta entrega as suas águas ao rio Sado. Esta ponte esteve em tempos inserida numa via romana muito importante que estabelecia a ligação entre Miróbriga e Pax Iulia (Beja) passando por Aljustrel (Vipasca)”.

Foi alvo de uma recuperação por parte da Câmara Municipal de Santiago do Cacém e da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (2001).

Arquitectura civil, popular, vernácula. Ponte de alvenaria rebocada, de tipologia corrente na região desde a época Romana.

Planta longitudinal, simples, regular, massa simples. Tabuleiro em três planos, sendo o central horizontal e de maior extensão que os dos extremos, rampantes, com vestígios de calçada irregular e muretes laterais boleados, de alvenaria rebocada. Fachada S. de um só pano rebocado, rasgado por cinco arcos de asa de cesto separados por contrafortes semi-cilindricos de remate cónico. Alçado N. de esquema idêntico ao Alçado S. mas sem contrafortes.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2000

Fig. 1- Ponte de Alvalade. Foto de Rosa Nunes.

Figs. 2-3 – Ponte de Alvalade. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

2 - Século XX

Arquitectura religiosa:

Freguesia de Santiago do Cacém

Capela de Nossa Srª do Monte

Localização: 38°1'11.09"N; 8°41'47.92"W. Outeiro dos Pinhais; Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Séc. XX.

Descrição:Arquitectura religiosa, modernista. A depuração formal e o efeito plástico obtido da estrutura de betão armado em arco parabólico imprimem uma singular nota de modernidade pré-conciliar a este edifício, que constitui caso isolado no panorama da arquitectura religiosa do Baixo Alentejo.

Planta longitudinal simples formada pela capela e pelo cruzeiro. Volumes articulados. Cobertura homogénea em abóbada de betão. Fachada principal orientada a E., composta por um arco parabólico, resguardado por gradeamento de ferro, interceptado a meia altura por uma lage horizontal de betão que estabelece a ligação com o cruzeiro. Este é formado por um suporte vertical guarnecido por blocos de pedra escacilhada a que se adossa cruz latina, de cantaria, que se eleva acima do conjunto. Embasamento de cantaria com dois degraus. Alçado lateral N. de um pano rasgado por vão, resguardado por gradeamento de ferro forjado. Alçado O. de um pano, cego, emoldurado por arco parabólico, revestido por bloco de pedra escacilhada e com moldura de argamassa. Alçado lateral S. de esquema idêntico ao do alçado lateral N. Interior de nave única coberta por abóbada de betão, com altar de alvenaria precedido por degrau e parede fundeira revestida por placas de pedra bojardada e nicho resguardado por gradeamento de ferro.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1997

Freguesia da Abela

Igreja Paroquial da Abela

Localização: 37°59'59.73"N; 8°33'25.62"W. Rua Dr. Francisco Beja da Costa, Abela (C.M.P. nº 517).

Cronologia: Séc. XIX.

Descrição:Arquitectura religiosa, ecléctica, revivalista. Igreja de inspiração revivalista de sinal neo-românico, ao gosto francês, bem evidente na implantação da torre sineira na fachada, formando fachada-torre, no portal em arco de volta perfeita com arquivoltas concêntricas assentes em colunas de grande depuração, sobrepujado por óculo circular, e nas fenestrações terminadas em arcos de volta perfeita. No entanto, o cenário ecléctico da época justifica a introdução de elementos retirados de outros contextos temporais e estilísticos, como os contrafortes escalonados, de raiz gótica, ou os pináculo tronco-piramidais, tão característico da arquitectura maneirista do S. de Portugal.

Planta longitudinal escalonada, composta por nave e capela-mor mais estreita, tendo à direita a sacristia e à esquerda uma dependência. Fachada principal orientada, com soco de cantaria escalonado e três panos definidos por contrafortes e remate superior em empena; no pano central adossa-se o volume da torre sineira, de um pano definido por contrafortes escalonados, dividido em quatro registos por cornijas; no primeiro registo rasga-se o portal em arco de volta perfeita, com dupla arquivolta de cantaria assente em pares de colunas de cantaria sobre plintos escalonados e rematado por frontão triangular assente em cornija apoiada em cachorrada de cantaria; no segundo registo abre-se óculo circular com moldura de cantaria; no terceiro registo rasga-se uma janela geminada, formada por dois arcos de volta perfeita, emoldurados e assentes lateralmente em pilastras e ao centro numa coluna; no quarto registo rasga-se olhal em arco de volta perfeita, emoldurado, sobrepujado por mostrador de relógio com algarismos árabes; remate superior em platibanda vazada e cruz latina. Os panos laterais são divididos em dois registos por cornija, abrindo-se no inferior uma janela esguia em arco de volta perfeita de peitoril rampeado; no registo superior rasga-se uma janela geminada formada por dois arcos de volta perfeita assentes no seu encontro numa coluna de cantaria. Alçado S. de três panos separados por contrafortes escalonados, coroados por pináculos tronco-piramidais assentes em plintos, e divididos em dois registos por cornija; soco de cantaria e remate superior em cornija; cada pano é rasgado no registo superior por uma janela em arco de volta perfeita, de peitoril rampeado, abrindo-se no registo inferior do pano central o portal lateral, em arco de volta perfeita, com moldura de cantaria reentrante; à direita ergue-se o volume da sacristia, de um pano definido por contrafortes escalonados, encimados por pináculos tronco-piramidais assentes em plintos, embasamento de cantaria e remate superior em cornija; janela em arco de volta perfeita; num segundo plano eleva-se o volume da capela-mor rematado por cornija e rasgado por janela em arco de volta perfeita. Alçado E. de um pano rematado por empena escalonada, com pináculos tronco-piramidais nos plintos, rasgado por duas portas com molduras de cantaria. Alçado N. de esquema idêntico ao do alçado S. INTERIOR: nave coberta por tecto plano, de lados curvos, estucado, e lambril de azulejos polícromos de azul e amarelo com padrão de maçarocas, de fabrico industrial. Coro-alto com guarda de alvenaria, enquadrando o guarda-vento, ao qual se acede por arco de volta perfeita, ladeado por dois vãos rectos por onde se acede às portas laterais do guarda vento; na parede do topo desses vãos rectos rasga-se em cada um arco de volta perfeita, resguardado por gradeamento de ferro forjado, dando acesso o da esquerda às escadas que vão para o coro alto e torre sineira e o da direita ao baptistério. Nas paredes laterais rasga-se de cada banda um portal lateral encimado por janela em arco de volta perfeita, seguido por duas mísulas e arco de volta perfeita, emoldurada, onde se insere capela lateral, facial, com mesa de altar de alvenaria, em mísula, sobrepujado por peanha. Arco triunfal de volta perfeita emoldurado e assente em pilastras e três degraus. Capela-mor coberta por abóbada de berço com penetrações de uma janela de cada lado, arrancando de cornija. Nas paredes de cada lado abre-se uma porta emoldurada.

Bibliografia:(1959) - Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 2º Volume. Lisboa.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-5 – Igreja Paroquial (Abela). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Capela Nova de S. Brissos

Localização: 37°58'16.61"N; 8°29'53.54"W. Quinta da Corona, Abela (C.M.P. nº 517).

Cronologia: Início do século XX.

Descrição: A capela nova de São Brissos foi mandada construir no monte da quinta de Corona, nas primeiras décadas do século XX, muito provavelmente por Carlos Parreira, na altura proprietário da quinta.

Actualmente abandonada, a sua fachada apresenta uma galilé com três arcos, onde estão dois painéis de azulejos com imagens do milagre das bilhas, de Santo António, e conversão de Santo Humberto, e ainda um frontão neobarroco, com um pequeno campanário e um registo de azulejos alusivo a Nossa Sr.ª de Fátima.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Fig. 1– Capela Nova de São Brissos (Abela). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de Ermidas-Sado

Igreja de Ermidas

Localização: 38° 0'18.25"N; 8°24'54.44"W. Rua Luisa Maria/Rua 8, Ermidas do Sado (C.M.P. nº 518).

Cronologia: 1956.

Descrição: Na sequência do crescimento apresentado pela povoação e após a sua passagem a freguesia em 1953, houve a necessidade de a dotar de templo adequado para a população residente. Desta maneira, surgiu, em Março de 1956, a igreja da freguesia de Ermidas-Sado.

De construção simples e despojada, a igreja foi dedicada a Nossa Sr.ª da Conceição, baseando-se num modelo de templo de pequenas dimensões, com alpendre na fachada principal e corpo de uma só nave, um exemplo aliás bastante difundido pela arquitectura portuguesa dos anos 50.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Figs. 1-3 – Igreja de Ermidas (Ermidas do Sado). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de Vale de Água

Igreja de Vale de Água

Localização: 37°54'19.02"N; 8°35'14.42"W. Rua Humberto Delgado, Vale de Água (C.M.P. nº 527).

Cronologia: 1989.

Descrição:Dedicada ao taumaturgo Santo António, a igreja foi fundada em 13 de Maio de 1989, tendo-lhe sido acrescentada a capela mortuária em fins de 1996/inícios de 1997.

De planta em cruz latina, apresenta a particularidade da capela mortuária e respectivas dependências se encontrarem adossadas à capela-mor, permitindo transformar a cabeceira num elemento arquitectónico de forma radiante (composta por abside e dois pequenos absidíolos).

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

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Figs. 1-2 – Igreja de Vale de Água. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Arquitectura civil:

Freguesia de Vila Nova de Santo André

Fonte de Santa Clara

Localização: 38° 5'45.26"N; 8°45'30.37"W. Herdade de Santa Clara, Vila Nova de Santo André (C.M.P. nº 505).

Cronologia: 1932

Descrição: Localizada na herdade de Santa Clara, a fonte é constituída por uma estrutura arquitectónica descoberta, meio enterrada no solo, onde se observa a data de 1932. O acesso ao interior faz-se por uma escada lateral de cinco degraus, verificando-se a utilização constante de tijoleiras, o que denota cuidado na construção.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

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Freguesia de Santiago do Cacém

Chafariz

Localização: 38°1'3.51"N, 8°41'34.37"W. Largo 25 de Abril, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Séc. XX.

Descrição:Arquitectura infraestutural, modernista. Chafariz de tanque rectangular e coluna central sem taça, revelando uma interpretação fiel à plástica modernista dos primeiros anos do Estado Novo de um modelo arquitectónico de eminente carácter funcional em que abundam as superfícies planas, as formas geométricas puras (cilindro, cubo, paralelepípedo) e a grande estilização dos elementos decorativos.

Tanque de planta rectangular de ângulos chanfrados em curva com paredes de cantaria e parapeito marcado por alheta, assente em degrau lajeado de planta oval. No centro do tanque eleva-se um plinto paralelepipédico de planta rectangular, tendo adossados nos lados menores plintos mais baixos, semi-cilíndricos; sobre o plinto central eleva-se um fuste cilíndrico enquadrado por duas lâminas de mármore cinzento, tendo cada uma delas uma torneira que se destaca de uma pátera, encimada por um escudo de mármore branco, que num dos lados apresenta as armas do município e no lado oposto a inscrição " C. M. / S. TIAGO / DE / CACÉM / . 1938 . ". O conjunto é rematado por um capitel cúbico que apresenta em cada uma das suas faces laterais um escudo emoldurado com cinco escudetes dispostos em cruz.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

José Falcão e Ricardo Pereira, 1999

Figs. 1-4 – Chafariz publico de Santiago do Cacém. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Mercado Municipal

Localização: 38° 1'7.10"N, 8°41'40.36"W. Av. Manuel da Fonseca, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia:Século XX.

Descrição:“Arquitectura civil movimento moderno. Mercado municipal no qual o jogo de volumes paralelepipédicos brancos, as coberuras em terraço, as paredes rasgadas por envidraçados resguardados por palas de betão e grelhas pré-fabricadas e a total ausência de elementos decorativos, apontam claramente a sua inclusão no movimento moderno.

Planta rectangular, regular, composta por ampla nave central ladeada por corpos laterais: a S. os Talhos, a N. a Venda de Aves, a E. Lojas e a O. a Venda de Peixe. Volumes articulados, sendo os corpos laterais mais baixos que nave e o volume da Venda de Peixe de altura intermédia, parcialmente em balanço; massas dispostas na horizontal com cobertura diferenciada em lajes de betão curvas na nave e área da Venda de Peixe, em terraços nos restantes corpos. Fachada principal a O., de pano único, com embasamento de cantaria, rasgado por portão de verga recta com moldura de argamassa pintada a azul e grades de ferro; à direita, porta ladeada por janelas e à esquerda, fresta horizontal; sobre esta o corpo da Venda de Peixe, em balanço, envidraçado, com lâminas fixas em pilares de betão definindo vinte panos com muretes inferiores pintados a azul; à direita, escada, com degraus de cantaria e grade de ferro, conduzindo a um corpo recuado, totalmente rasgado por portão de ferro encimado por pala de betão e encerrado por gradeamento de ferro. Fachada lateral S. com o corpo correspondente à nave de seis panos separados por pilastras; os panos extremos são cegos e os restantes envidraçados, protegidos por lâminas horizontais de betão apoiadas em três pilares por cada pano; em destaque adossa-se o volume dos Talhos, de pano único, com embasamento de cantaria e remate em platibanda; é rasgado por amplo envidraçado, resguardado por grelha de betão, seguido por quatro janelas altas encimadas por fresta disposta na horizontal, seguidas por dezasseis vãos encimados por quatro frestas idênticas; à esquerda adossa-se escada exterior, resguardada por grade de ferro e, em segundo plano, o corpo da Venda de Peixe, com embasamento de cantaria e remate curvo. Fachada E. com o corpo correspondente à nave com remate curvo, rasgado por amplo envidraçado formado por lâminas de vidro colocadas na horizontal e fixas em catorze elementos verticais de betão; adossado, o volume das Lojas, com embasamento de cantaria e remate em platibanda e pala de betão; é rasgado por quatro vãos envidraçados, formados por montra e porta de acesso à Loja, com caixilharias de ferro, e por porta de acesso ao mercado, resguardada por grade de ferro; estes vãos são intercalados por panos murários com nove respiradores circulares. Fachada lateral N. com o corpo correspondente à nave idêntico ao da fachada S., tendo adossado na base o volume da Venda de Peixe, de pano único com embasamento de camtaria e remate em platibanda, rasgado nos extremos por dois amplos vãos envidraçados resguardados por grelhas de betão e por quatro frestas horizontais; sob a 1ª fresta rasgam-se quatro janelas; à direita adossa-se, destacado e parcialmente em consola, o volume da Venda de Peixe com remate curvo. INTERIOR: ampla nave central com cobertura em tecto curvo, interrompida ao centro por ventilador. No alçado E. lambril de azulejos cinzentos, interrompido por montra de loja; no topo abre-se, a toda a largura, amplo vão envidraçado formado por lâminas e vidro fixas em catorze peças verticais de betão. O alçado S. é dividido em seis panos por pilastras de betão; no 1º pano rasga-se vão de acesso ao átrio; no 2º pano lambril de azulejos encimado por bandeira de vidro sobrepujada por vão envidraçado com lâminas de vidro fixas em três peças verticais de betão; os três panos seguintes apresentam porta envidraçada, com caixilharia de ferro encimada por bandeira envidraçada, sobrepujada por vão envidraçado com lâminas de vidro fixas em três peças verticais de betão; o último pano é rasgado apenas por portas envidraçadas encimadas por bandeira também envidraçada,. No alçado O. lambril de azulejos cinzentos; ao centro por porta de acesso a armazém, tendo à esquerda as escadas de acesso à Venda de Peixe, situada a uma cota superior; esta é aberta a toda a largura para a nave, acima do lambril, resguardada por grade de ferro e dividida por dois pilares suportando viga de betão; sobre esta rasga-se amplo vão envidraçado com lâmina de vidro fixa em catorze peças verticais de betão. Alçado N. de seis panos definidos por pilastras; no 1º rasga-se vão que conduz a escada de acesso à Venda de Peixe; no 2º lambril de azulejos cinzentos, rasgado por porta de acesso às instalações sanitárias e encimado por vão envidraçado sobrepujado por vão envidraçado com lâminas de vidro fixas em três peças verticais de betão; os dois panos seguintes são rasgados por vãos de acesso à Venda de Aves, sobrepujados por vãos idênticos; o 5º pano apresenta lambril d azulejos cinzentos encimado por vão envidraçado, sobrepujado por vão envidraçado com lâminas de vidros fixas em três peças verticais de betão; o último pano é rasgado por vão de acesso a átrio.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2001

Estação Ferroviária/Estação da C.P.

Localização: 38°1'3.36"N; 8°42'12.81"W. R. da Estação do Caminho de Ferro, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: Primeira metade do século XX.

Descrição:“Arquitectura de transportes e cominicações, eclética. Estação ferroviária integrada no gosto eclético que na 1ª metade do séc. 20 continua a desenvolver questões surgidas no século anterior, em particular a da "Casa Portuguesa", patente na valorização de beirados, chaminés e pináculos, no recurso a volumes articulados com coberturas diferenciadas e à proliferação de azulejaria. Segue tipologia, arquitectónica e decorativa, idêntica à da Estação de Sines (v. PT041513010019 ) ( com revestimento azulejar também realizado por Gilberto Renda entre 1934 - 1935 ) e muito semelhante às Estações de Fronteira (v.PT041208020014 ), de Cabeço de Vide (v. PT041208010015 ) ( ambas da autoria de Ernesto Korrodi, com revestimentos azulejares de Leopoldo Battistini, executados na Fábrica Constância, datados, respectivamente, de 1930 e de 1933 ) e à de Santo Amaro - Veiros ( também da autoria de Ernesto Korrodi ), nomeadamente na planimetria básica, na articulação de volumes, na tipologia do apeadeiro com recurso a colunata toscana, nos volumes adossados à Casa do Chefe da Estação, bem como pormenores decorativos, como o rasgamento e molduras de vãos, o tipo de pináculos de remates angulares, de meias pilastras delimitando os panos das fachadas. As analogias existentes entre estas estações fazem supor a presença de Ernesto Korrodi quer em Santiago do Cacém quer em Sines. Os azulejos figurativos, com cenas alusivas a monumentos e vistas do concelho e actividades tradicionais ( Extracção da Cortiça ), seguem a matriz do programa decorativo desenvolvido por Gilberto Renda entre 1931 e 1935.

Planta composta, irregular, organizada em torno do edifício da Estação de planta rectangular, a que se adossam, à esquerda, a Casa do Chefe da Estação tendo adossado o corpo das Instalações Sanitárias e, a O., o alpendre do Apeadeiro. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhados de 4 águas na Estação, Apeadeiro e Casa do Chefe da Estação e de 3 águas nas Instalações Sanitárias. Fachada principal a E., de dois corpos, correspondentes à Estação e à Casa do Chefe da Estação, adossada à esquerda; corpo da Estação de um só pano, com embasamento de cantaria e delimitado por meios cunhais de cantaria com plintos salientes, interseccionando o embasamento, e cornijas molduradas com remates semicirculares; remate recto interrompido ao centro por arco em querena, rematado nos ângulos por pináculos piramidais sobre plintos; portal axial de verga recta, com moldura de cantaria e chave saliente, encimado por cornija e painel de azulejos azuis e brancos, com apontamentos a amarelo, verde e encarnado, figurando as armas nacionais e a inscrição "CAMINHOS DE FERRO DO ESTADO", enquadrados por elementos vegetalistas e grinaldas; o painel apresenta remate superior enquadrado por cornija curva de alvenaria; de cada lado rasgam-se 2 janelas de verga recta, com moldura de cantaria com chave saliente, encimada por cornija e com caixilharia de guilhotina; intercalados entre os vãos inserem-se painéis de azulejos, azuis e brancos, figurando vários imóveis do Concelho e cenas alusivas à indústria corticeira; os painéis apresentam guarnições recortadas com apontamentos a amarelo, manganês e verde, de concheados, grelhas, enrolamentos de acantos, grinaldas de flores e outros elementos; os painéis que enquadram a porta são interrompidos ao centro por meias pilastras de cantaria sobre bases salientes, interseccionando o,embasamento, e munidas de cornijas molduradas. Corpo da Casa do Chefe da Estação, ligeiramente recuado, de um só pano, tendo adossado ao centro volume rectangular diposto na vertical, de 2 registos, definidos por beirado; cada registo apresenta 2 panos definidos por pilastras de argamassa pintadas tendo rasgados, no pano direito, janela resguardada por grelhas de madeira e, no esquerdo, superiormente, janela idêntica, mas de menores dimensões; o registo superior apresenta na base painel de azulejos de padrão polícromo, correspondente ao embasamento do registo inferior, e remate em beirado; à esquerda deste volume, o volume das escadas exteriores de acesso ao piso superior, resguardadas por murete de alvenaria com capeamento de cantaria; o acesso é feito por porta de verga redonda, com moldura de argamassa, encimado por telheiro; do lado direito duas janelas sobrepostas, de molduras de cantaria com chaves salientes, e ombreiras nascendo de bases em voluta; as janelas são guarnecidas por alisares de contorno em azulejos recortados, azuis e amarelos com apontamentos a verde e manganés, que na janela inferior formam frontão e, na superior, avental. Fachada S. correspondente ao corpo da Casa do Chefe da Estação: de pano único, eremate recto tendo, à esquerda chaminé rectangular, disposta paralelamente ao beirado, com remate curvo, telhado; do lado direito, inferiormente, rasgam-se porta e janela com vergas ligeiramente curvas e, superiormente janela de verga recta guarnecida com alisar de contorno de azulejos polícromos recortados formando avental; à direita da janela legenda em azulejos azuis recortados "S. TIAGO/DE/CACEM"; as molduras dos vãos são idênticas às da fachada E.; do lado esquerdo, sob a chaminé, volume adossado, semelhante ao da fachada E.; sob este volume e interceptando-o tranversalmente, o volume rectangular das Instalações Sanitárias: alçados de pano único, rasgados a E. e O., ao nível superior, por janelas dispostas na horizontal, ( 4 a E. e 3 a O. ) resguardadas por grelhas de madeira e com peitoris de cantaria; a O., do lado esquerdo, rasga-se porta de acesso, com molduras idênticas às dos vãos da fachada E. da Estação; o alçado S. é rasgado por porta com molduras idênticas aos restantes vãos, resguardada por murete de um só pano, definido por cunhais de cantaria rematado por pináculos coroados de bolas; o pano murário é preenchido por painel de azulejos polícromos de padrão, disposto em 2 módulos, com cercadura de marmoreado em manganês. Fachada N., correspondente à Estação, de pano único definido por meios-cunhais de cantaria idênticos aos da fachada E.; ao centro rasga-se porta com molduras idênticas às dos vãos da fachada E.; a ladear a porta painéis de azulejo figurando vistas do concelho semlehentes aos da fachada E.; à direita da porta legenda em azulejos azuis recortados "S. TIAGO/DE/CACEM". Fachada O. de dois corpos correspondentes à Estação, tendo adossado o apeadeiro, e a Casa do Chefe da Estação, adossada à direita; corpo da estação de um só pano, definido por meios cunhais de cantaria, idênticos aos já descritos, rasgado por cinco portas, com molduras idênticas as das fachadas N. e S.; entre elas intercalam-se painéis de azulejos, figurando cenas agrícolas e de feiras, semelhantes aos das fachadas E. e N.; ao nível das vergas das portas, 6 mísulas troncocónicas suportam o alpendre do apeadeiro: este apresenta 6 colunas toscanas suportando o entablamento, onde assenta a cobertura telhada; o corpo da Casa do Chefe da Estação apresenta pano único rasgado inferior e superiormente por fiada de 3 janelas de vergas rectas com molduras e guranições de azulejos recortados idênticas às das fachada E.. Todas as fachadas têem embasamentos de cantaria e remates em cornija dupla, pintada a ocre, e beirado; no corpo da Estação todas as fachadas apresentam prolongamentos inferiores nos cunhais da cornija, de alvenaria pintada a ocre com decoração geométrica pintada a azul; as fachadas E., S. e N. do mesmo corpo apresentam, nos ângulos, ao nível dos beirados, pináculos piramidais de cantaria assentes em plintos. INTERIOR: o edifício da Estação apresenta piso único com átrio central, onde funcionava a Sala de Despacho, com porta de acesso resguardada por guarda-vento de madeira e vidros azuis; à esquerda de quem entra o nicho da bilheteira em arco de volta perfeita, com moldura de madeira, resguardada por rede de latão e antecedida por guarda em ferro forjado; os alçados apresentam silhares de azulejos de padrão, azuis e amarelos ( imitando padrão quadrilobado seiscentista ) limitados por barras; à direita a sala de Espera e à esquerda a Bilheteira e os Serviços da Estação ( unificados num único espaço ) com acesso por duas portas; todos os vãos apresentam molduras e portadas de madeira pintadas a cinza; cobertura plana de estuque pintado a azul escuro e pavimento de ladrilho cerâmico. A Casa do Chefe da Estação tem 2 pisos: no térreo funcionavam os serviços da estação sendo o superior destinado a funções residenciais, ambos unificados num único espaço.”

Bibliografia: VILHENA, A. J. Maria de (1937) - Ramal de Sines ou linha-férrea de Ermidas-Sado a S. Tiago de Cacém e Sines, subsídios para a história da sua construção. Lisboa;AA. VV. (2000) - O Azulejo em Portugal no Século XX. Lisboa; ALMEIDA, P. V. & CALADO, R. S. Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. Lisboa: Caminhos-de-ferro Portugueses, EP.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira e Rosário Gordalina, 2002

Antigo Quartel dos Bombeiros

Localização: 38°0'55.71"N; 8°41'44.50"W. R. Dr. António José de Almeida n.º 7, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: 1931.

Descrição:Património arquitectónico, século XX.

Edifício ecléctico construído em 1931, com projecto do Arq. Rafael Castro, para albergar os Bombeiros Voluntários de Santiago do Cacém, foi construído no local onde ficava a Capela de Santo António.

Arquitectura civil, eclética. Edifício de concepção funcional, dominante na organização dos espaços, mas que revela no tratamento das fachadas uma maior preocupação com uma imagem institucional em destaque no tecido urbano, para o que se recorre ao tratamento do último piso como una mansarda, a colocação de varandas de ferro forjado com composição intrincada de volutas de linguagem barroca, que reflecte a continuação de um gosto ecléctico herdado do séc. 19.

Planta rectangular, com o ângulo NE. chanfrado, simples, irregular. Volumes articulados compostos pelo paralelepípedo do edifício acima do qual se eleva a torre, junto do chanfre, com coberturas diferenciadas em telhado de três águas amansardado, no edifício e de quatro águas na torre. Fachada principal virada a E. de um só pano rebocado e pintado a rosa velho, assente em soco de argamassa revestido a reboco tirolês, definido à esquerda por cunhal de argamassa pintado a branco e rematado superiormente por entablamento de argamassa pintado a branco e beirado, é dividido em dois registos por moldura de argamassa pinta a branco, no registo inferior abre-se ao centro um portão de verga curva com moldura de cantaria com pequenas orelhas e porta envidraçada com caixilharia de madeira, ladeado por duas portas de verga recta com molduras de cantaria, a da esquerda com porta de madeira que dá acesso à escada interior e a da direita com porta envidraçada, no segundo registo abrem-se três janelas com molduras de argamassa pintadas a branco, a do centro com um avental que se prolonga até à verga do portão; acima do beirado eleva-se uma mansarda com os lados revestidos a chapas caneladas de fibrocimento pintado a rosa velho, rematado superiormente por cornija e beirado, de que se destacam três trapeiras com janelas de verga recta com molduras de argamassa pintadas a branco e remate superior em cornija e beirado, a janela central é resguardada por gradeamento de ferro forjado. A fachada da torre olha a NE. sobre o chanfro que se desenha em planta no gaveto do quarteirão, apresenta um só pano assente em soco de reboco tirolês e rematado superiormente por entablamento e beirado, dividido em três registos por molduras de argamassa pintadas a branco, na Segunda das quais se insere a inscrição " BOMBEIROS VOLUNTARIOS ", ao nível térreo rasga-se um portão em arco de asa de cesto com moldura de cantaria de chave saliente assente em pilastras, no segundo registo abre-se uma janela de sacada com moldura de cantaria rematada por cornija de argamassa e varanda de ferro forjado assente em mísula de cantaria apoiada em dois modilhões, no terceiro registo abre-se um janela de verga recta com moldura de argamassa que se prolonga em avental até à moldura inferior, com chave saliente, encimada por janela de sacada com moldura de argamassa e varanda com gradeamento de ferro forjado assente em bacia apoiada em modilhões; sobre o telhado eleva-se um sino de bronze suspenso de uma estrutura de ferro. Fachada N. de um só pano, assente em soco de argamassa, revestido a reboco tirolês esquartelado em painéis, definido à direita por cunhal de argamassa pintado a branco e rematado superiormente por entablamento de argamassa pintada a branco, dividido em dois registos por moldura de argamassa pintada a branco, rasgado cada um deles por uma janela com moldura de argamassa pintada a branco, acima do beirado eleva-se uma mansarda revestida lateralmente por chapas caneladas de fibrocimento pintado a rosa velho, rematada superiormente por cornija e beirado, de que se destaca uma trapeira com uma janela com moldura de argamassa pintada a branco e remate em cornija e beirado. INTERIOR: dividido em três pisos, mais um na torre; o R/C é ocupado quase na totalidade pela garagem onde se guardam viaturas antigas; apresenta pavimento de betonilha e com tecto plano com forro de madeira do tipo de saia e camisa apoiado em duas vigas de ferro, pintado a esmalte cinzento; no seu ângulo NO., rasga-se-se poço circular; apresenta uma janela na parede virada a N., um portão virado a NE. e uma porta e portão na parede E., na parede S. abre-se uma porta de ligação às escadas que conduzem aos pisos superiores e à direita uma outra porta que dá acesso a uma arrecadação que ocupa o desvão da escada, seguida pelo compartimento ocupado pela central telefónica, encimado por um painel luminoso, na paredes destacam-se cabides e suportes para capacetes, em madeira pintada, que se prolongam pela parede O.. A escada de madeira, de um só lanço, conduz ao primeiro andar, onde um corredor longitudinal termina numa janela, dando acesso a S. a um novo lanço de escadas, idêntico, que conduz ao último piso, no corredor abrem-se duas portas, a N. com duas folhas de madeira e bandeiras fixas envidraçadas, que dão acesso a uma sala com pavimento de soalho e tecto com forro de madeira pintado a esmalte cinzento, com um poço circular aberto no ângulo NO., com uma janela a olhar a N. outra a NE. e duas a E.. No último piso situa-se um gabinete, instalações sanitárias e uma camarata semelhante à sala do primeiro andar, mas com cacifos de madeira pintada a esmalte cinzento nas paredes N. e E. e um alçapão no tecto com umas escadas verticais de ferro que dão acesso à torre.”

Bibliografia: SOBRAL, C. & MATIAS, J. (2001) - Património Edificado de Santiago do Cacém. Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Isabel Mendonça, 1992 / Ricardo Pereira, 2002

Figs. 1-2 – Antigo Quartel dos Bombeiros. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de Abela

Fonte Santa

Localização: 38°1'32.98"N; 8°33'24.44"W. Monte João Velho (Abela) (C.M.P. nº 517).

Cronologia:Finais do século XVIII/princípios do século XIX.

Descrição:A construção monumental da Fonte Santa, numa simples herdade rural, embora pertencente à Ordem Terceira de São Francisco, parece ter resultado dos poderes curativos atribuídos às suas águas, hoje praticamente esquecidos.

Esta apresenta a fachada principal enquadrada pelos muros laterais com um vão composto por um portal com três arquivoltas truncadas, encimado por cornija já muito destruída, onde surge a rematadar um nicho para ostentar imagem.

No seu interior pode-se observar um poço rectangular feito a partir de pedra da região, um conjunto de paredes de orientação verticalista circundados por impostas a toda a volta, uma decoração de círculos com rosetas de seis pétalas e uma cobertura em cúpula hemisférica assente sobre pendentes; alguns metros para direita da fonte encontra-se um tanque possivelmente utilizado para a retenção de águas para rega ou para banhos curativos.

Segundo Sobral (2004) a existência de certos elementos arquitectónicos podem remeter a construção para um período bastante anterior de uma arquitectura maneirista de finais do século XVI ou XVII.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém; SOBRAL, Carlos (2004) - A Fonte Santa. In Gentes e Cultura: Freguesia de Abela. CM de Santiago.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Freguesia de Ermidas-Sado

Chafariz (Marco Fontanário do Largo 1º de Maio)

Localização: 38°0'21.65"N; 8°24'58.75"W. Largo 1º de Maio, Ermidas do Sado (C.M.P. nº 518).

Cronologia: 1943.

Descrição:Obra infraestrutural do Estado Novo o Chafariz foi construído em 1943 pela Câmara Municipal de Santiago do Cacém, no centro do largo mais importante da povoação. Na sua construção apresentam-se elementos da arquitectura tradicional, como a pérgula ou os assentos com costas em grelhas de tijolo, tratados de uma forma depurada e geometrizada, influenciada pela Art Déco, que está bem patente nos relevos de motivos florais.

Pérgola de planta octogonal, elevada sobre degrau de cantaria e assente em oito colunas de cantaria ligadas por vigas de betão pintadas de branco onde se apoiam vigotas transversais; na base de cada coluna adossa-se uma floreira circular; nos espaços entre colunas insere-se em quatro dos lados, um banco de alvenaria com assento em cantaria e costas em grelha de tijolo rematada por capeamento de cantaria. Ao centro do espaço lajeado eleva-se o chafariz, de volume paralelepipédico, em cantaria com alçado E. assente sobre uma taça de planta semicircular de cantaria e ladeado por dois plintos, torneira inserida em cartela de recorte mistilíneo encimada por cartela de ângulos chanfrados em curva onde se destaca pedra de armas do Concelho encimada pela inscrição " C. M. S. C. " e tendo na base a inscrição " ERMIDAS GARE ", alçado S. assente em plinto de cantaria ladeado por duas taças de planta semicircular, com alto relevo rectangular representando folhagens e flores, Alçado O. idêntico ao Alçado E. com excepção da cartela superior, que é lisa à excepção da inscrição " OBRA DO / ESTADO / NOVO / 1943 ".

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém e Ricardo Pereira, 2000

Figs. 1-6 – Chafariz/Marco Fontanário do Largo 1º de Maio de Ermidas do Sado. Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia de Alvalade

Fonte e Lavadouro da Bica

Localização: 37°56'26.03"N; 8°23'23.53"W. Alvalade (C.M.P. nº 528).

Cronologia: 1918.

Descrição:“Arquitectura civil, vernácula, ecléctica, arte nova. Fonte e lavadouro que seguem modelos correntes da arquitectura funcionalista do Séc. 19, enriquecida com revestimentos azulejares de gosto arte nova misturados com padrões de gosto mais conservador, dentro de um esquema compositivo rígido, que pouco foge dos modelos clássicos tradicionais.

Planta composta por tanque adossado a paredão, tendo à direita um muro com banco adossado e à esquerda um tanque de lavagem de roupa; rodeado por três lados por recinto murado e calcetado; cobertura de fibrocimento assente em pilares de ferro formados por carris da linha férrea, de planta em " U ". Nas costas do paredão, adossado ao tanque, situa-se a mãe de água com cobertura em terraço. Tanque de alvenaria pintado a azul, de interior dividido em três compartimentos, sendo o central maior, ladeado por bancos com acentos de cantaria; paredão assente em soco de argamassa pintada a azul, onde se destacam duas bicas sobre os compartimentos laterais do tanque; pano enquadrado por pilastras chanfradas com azulejos de padrão em relevo, com flores de liz estilizadas a verde sobre fundo azul, pano revestido de azulejos relevados, formando quatro painéis com moldura de padrão branco sobre fundo verde. Interior preenchido por azulejos de dois padrões diferentes, um formando uma segunda barra e outro o centro, com composições de flores estilizadas; remate superior em frontão curvo, sob o qual se destaca uma lápide com a inscrição " CONSTRUIDO / PELO C DE FER / RO EM 1918.”

Bibliografia:RAMOS, L. P. (2000) - Alvalade " Das Origens ao Século XX ". Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2001

Freguesia do Cercal do Alentejo

Chafariz da Rua Aldegalega

Localização: 37°48'1.74"N; 8°40'29.66"W. Rua Aldeia Galega, Cercal do Alentejo (C.M.P. nº 536).

Cronologia: 1921

Descrição: O pequeno chafariz está datado de 1921 e constitui um interessante testemunho da rede de abastecimento público de água às populações.

A sua construção utiliza um conjunto de elementos arquitectónicos neoclássicos interessantes: arco de volta-perfeita assente sobre pilastras, ático seguido por frontão triangular (onde se inscreve a data de 1921), dois apainelados laterais e duas aletas toscas.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Fonte de Santo António da Quinta da Mandorelha

Localização: Cercal do Alentejo (C.M.P. nº ).

Cronologia: Primeira metade do século XX

Descrição: Foi certamente reconstruída na primeira metade do século XX, estando situada numa encosta. É constituída por um enorme nicho feito de pequenas pedras de xisto, correndo a água do seu interior. Neste encontra-se uma pequena imagem de Santo António com o Menino, tudo de barro.

A ladear a fonte, estão dois bancos de jardim totalmente revestidos por azulejos monocromos, de padrão pombalino, iguais aos que se encontram no baptistério da igreja matriz.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Património industrial:

Freguesia de Ermidas-Sado

Fábrica de Cortiça Gonçalves e Douradinha, Lda.

Localização: 38°0'17.03"N; 8°24'51.09"W, Av. Manuel Joaquim Pereira n.º 75, Ermidas do Sado (C.M.P. nº 518).

Cronologia: 1927

Descrição:“Arquitectura civil, Art Deco. Fábrica onde a rica composição dos alçados do edifício administrativo e de habitação do gerente, utiliza muitos dos elementos característicos da Art Deco, como as pilastras estilizadas, com capitéis substituídos por barras canelas, platibandas escalonadas, gradeamentos de ferro de composição em espinha ou quadriculada, sujeição de todos os elementos decorativos a uma regra geral de composição baseada na ortogonalidade.

Terreno de planta trapezoidal, em torno do qual se distribuem os diversos armazéns e oficinas, destacando-se no ângulo NO. o edifício administrativo. Edifíco administrativo com fachada principal virada a O. com o corpo central de um só pano assente em soco pintado a azul e rematado superiormente por platibanda assente em moldura saliente e dividida em três panos por troços salientes e alteados, os dois panos laterais são constituídos por uma barra horizontal lisa, complanar aos troços salientes, uma barra canelada, pintada a azul e recuada e uma terceira barra mais larga e lisa, a de parede é dividida em três panos por cinco pilastras com capitéis canelados pintados a azul, no piso térreo abre-se no pano central a porta da acesso à habitação, de verga recta, com porta envidraçada com caixilharia de ferro de duas folhas e bandeira fixa, ladeada por duas janelas, uma em cada um dos panos laterais, com caixilharias de madeira de duas folhas e bandeira fixa, ao nível do primeiro andar abre-se em cada pano uma janela de sacada, com varanda de ferro de desenho em espinha assente em bacia pouco saliente, de planta ligeiramente curva, em alvenaria, assente em mísula escalonada em três registos, formada por cinco barras verticais sendo a central mais larga e saliente, concluindo em bico e as laterais progressivamente mais curtas e de remata recto; os corpos laterais apresentam alçados para o interior do pátio idênticos aos dos panos laterais do corpo central e para a rua alçados de um só pano assente em soco pintado a azul e rematado superiormente por platibanda assente em moldura saliente, com um pano enquadrado por troços salientes, de remate em empena suave onde se destaca área central canelada, a parede apresenta um só pano definido por cunhais, idênticos às pilastras do corpo central, é rasgada ao nível térreo por porta com soleira de cantaria e tripla moldura reentrante assente em bases de cantaria, porta envidraçada com caixilharia de ferro de duas folhas e bandeira fixa, as folhas são compostas por painel de chapa com moldura recta ao centro encimada por puxador tubular, cromado, colocado horizontalmente, e a área envidraçada com estrutura reticulada interrompida por duas quadrículas maiores ocupadas por desenhos em espinha, a bandeira envidraçada apresenta caixilho com desenho em espinha, ao nível do primeiro andar destaca-se uma janela de sacada, de esquema idêntico às do corpo centra, mas mais larga e de varanda mais saliente, com mísulas mais destacadas; a ligar os dois corpos laterais desenvolve-se o gradeamento que encerra o pátio, assente em murete de alvenaria pintado a azul, que prolonga o soco do edifício, gradeamento de ferro de composição quadriculada, interrompida regularmente por elementos em espinha e portão central com bases de cantaria onde se elevam pilares formados por três elementos verticais, sendo o central mais elevado, onde se apoia uma lanterna, portão de duas folhas de ferro com troço inferior de chapa correspondente ao murete e troço superior engradado. Fachada N. de seis panos definidos por pilastras de capitéis canelados pintados a azul, assentes em, soco pintado a azul e rematados superiormente por platibanda assente em moldura saliente, dividida em seis panos por troços salientes, destacando-se em cada pano um troço central canelado, cada pano da parede é rasgado ao nível térreo por uma janela com caixilharia de madeira de duas folhas e bandeira fixa e ao nível do primeiro andar por outra janela. Fachada S. dividida em quatro panos por pilastras de capitéis canelados, assentes em soco pintado a azul e rematados superiormente por platibanda assente em moldura saliente, dividida em quatro panos por troços salientes, destacando-se ao centro de cada pano um painel canelado, a parede é rasgada ao nível térreo por uma porta, no terceiro pano, que dá acesso ao escritório, de duas folhas envidraçadas com caixilharia de madeira e bandeira fixa, e por uma janela ao baixo, no quarto pano, com caixilharia de madeira de três folhas.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2000

Freguesia de São Domingos

Fábrica de Moagem de José Mateus Vilhena

Localização: 37°55'48.11"N; 8°32'17.49"W, Rua 1º de Maio, São Domingos (C.M.P. nº 527).

Cronologia: 1925.

Descrição:A Fábrica de moagem foi edificada em 1925 por José Mateus Vilhena. Instalada num edifício de rés-do-chão e 1º andar, sendo a maior parte dos seus equipamentos construídos em madeira. As maquias e os cereais dos agricultores eram depositados no celeiro, ao lado da moagem, que tem diversas divisões ou tulhas, que separam o trigo, o milho, o centeio, a aveia e a cevada. Eram pesados numa balança centesimal e registado o peso em nome dos clientes.

O cereal mais farinado era o trigo. Depois de pesado era deitado no tegão (recipiente em cimento com estrado de ferro e madeira, com cavidade funda), que tem um crivo, onde ficavam as maiores impurezas, e transportado por uma nora com alcatruzes fixos a uma correia para o 1º andar, antes de o despejar para uma tarara (aparelho para limpar os cereais, agitando-os e ventilando-os). A tarara tem crivos de diferentes medidas, para sementes mais ou menos gradas. As impurezas eram puxadas por ventoinha e armazenadas numa tulha. As impurezas mais gradas caíam directamente numa caixa lateral.

Desse aparelho seguia para uma bandeja móvel, colocada em cima de réguas de madeira, para separar pedras e outras impurezas do cereal. A seguir era levado por outra nora para o maron (cilindro metálico com bossas para separar a ervilhada e o joio do trigo), daqui seguia, já limpo, por um tubo metálico para o escovador (aparelho de madeira com escovas de ráfia e uma ventoinha), para limpar o pó do trigo. Os resíduos seguiam para outra tulha, onde se aproveitava o gérmen e o resultado da escovação, para rações para o gado.

O último sistema de noras e alcatruzes tem integrado um doseador de água, para humedecer o trigo, antes de ser levado através de um sem-fim para um tegão. Daqui descia para as mós, que eram uma áspera e outra macia, picadas para receber o cereal. As mós são movimentadas por um sistema de carretos, um de madeira e outro de ferro fundido. Por fim, a farinha era transportada por um sem-fim e despejada em sacos de 75 kg. Dois sistemas de mós permitem moer simultaneamente cereais diferentes.

Na moagem todo o movimento é feito por correias de transmissão, ligadas a quatro eixos horizontais, com vários tambores de diferentes dimensões, que recebem o movimento de um motor a gasóleo.

A Fábrica da Moagem funcionou até 1982.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

Site da Câmara Municipal de Santiago do Cacém

 

Figs. 1-11 – Fábrica de Moagem José Mateus Vilhena (São Domingos). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Arte Pública:

Freguesia de Vila Nova de Santo André

Monumento Comemorativo ao 25 de Abril

Localização: 38°3'36.90"N; 8°46'59.25"W. Parque central, Vila Nova de Santo André (C.M.P. nº 505).

Cronologia: 1999

Descrição: Da autoria de Henrique Silva o Monumento Comemorativo ao 25 de Abril é uma obra em construção uma vez que a escultura vai continuar crescer até aos 50 anos da Revolução dos Cravos, pois por cada ano será acrescentado uma pétala (um tubo) no cravo estelizado. O “Cravo” foi inaugurado no dia 17 de Maio de 1999 e era composto por 25 tubos que representavam os 25 anos do 25 de Abril.

Webgrafia: http://jornaloleme.com/2015/04/24/prata-da-casa-um-tubo-por-cada-petala-...

http://vilanovadesantoandre.no.sapo.pt/sandre/cravo.html

Património museológico:

Freguesia de Santiago do Cacém

Museu Municipal

Localização: 38°0'59.10"N; 8°41'30.76"W. R. da Cadeia, Santiago do Cacém (C.M.P. nº 516).

Cronologia: 1972.

Descrição:Localizado na Praça do Município mesmo em frente aos paços do Concelho, tendo de permeio o jardim público, o Museu está instalado desde 1972 no edifício que outrora foi Cadeia Comarcã. Notável exemplar da arquitectura civil oitocentista e projecto da autoria de Chiapa Monteiro, funcionou como cadeia até à construção do novo Tribunal, em 1968. Em 1972 e após obras de conservação e adaptação, este imponente edifício abriu as suas portas ao público como Museu Municipal. Quanto à fundação do Museu, reporta-se a uma época anterior a 1934, graças ao contributo valioso de uma figura ímpar de Santiago do Cacém, Dr. João da Cruz e Silva (1881-1948), que ao longo de décadas, reuniu um diverso espólio de Arqueologia e Numismática, doado ao Município.

O Museu apresenta um espólio arqueológico com peças representativas do paleolítico ao período medieval. Não estão disponíveis ao público.

A colecção de numismática apresenta um percurso de cunhagem de moeda balizado entre o século III a.c. e o advento da República, ilustrando e documentando de forma extraordinária a história local e nacional a que se juntam ainda um conjunto de cédulas e notas.

Do espólio do museu faz parte ainda uma vasta mostra etnográfica que tem sido enriquecida através de ofertas dos habitantes da região.

Do acervo do museu fazem parte peças ligadas, às artes decorativas, pintura, mobiliário, cerâmica, escultura, têxtil, documentação e fotografia.

Arquitectura civil, oitocentista. Cadeia comarcã onde são visíveis as preocupações funcionalistas do séc.19, traídas apenas pelo pormenor revivalista das ameias que rematam a fachada principal; em todos os restantes pormenores impera uma grande austeridade e solidez, perfeitamente adequadas à função do imóvel.

Planta rectangular, simples e regular, massa simples com cobertura homogénea em telhado de quatro águas. Alçado principal de três panos definidos por cunhais e pilastras de cantaria; soco de cantaria e remate superior em platibanda assente em cornija, no pano central, e cornija encimada por ameias nos panos laterais; no pano central, mais estreito, abre-se o portal principal, em arco de volta perfeita com moldura de cantaria de chave saliente assente em pilastras, precedido por degrau, encerrado por gradeamento de ferro com duas folhas e bandeira fixa, que precede a porta de madeira; ao nível do primeiro andar abre-se uma janela com moldura de cantaria e grades de ferro; nos panos laterais rasgam-se, em cada um, ao nível térreo, três janelas com moldura de cantaria e grades de ferro, a que correspondem a nível do primeiro andar vãos idênticos. Alçado N. de um só pano, definido por cunhais, sendo o da esquerda em argamassa e o da direita em cantaria, assente em poial e rematado superiormente por platibanda assente em cornija; é rasgado ao nível térreo por porta com moldura de cantaria encerrada por gradeamento de ferro de duas folhas e ao nível do primeiro andar por janela com moldura de cantaria e gradeamento de ferro fixo. Fachada E. de um só pano, definido por cunhais de argamassa, assente em soco de cantaria e rematado superiormente por platibanda assente em cornija; é rasgado ao nível térreo por sete janelas com moldura de cantaria e grades de ferro e ao nível do primeiro andar por sete janelas mais pequenas, com molduras de cantaria e grades de ferro. Fachada S., de esquema idêntico à fachada N., tendo adossado ao nível térreo a sala de exposições temporárias. INTERIOR: a que se acede unicamente através do portal principal, que conduz a um átrio, coberto por abobadilha com roseta central, onde se abre à esquerda uma porta de acesso à secretaria e à direita a porta de acesso aos aposentos do carcereiro, com dois compartimentos e uma cozinha, e escada de acesso ao piso superior; na parede fronteira abre-se uma porta gradeada, em ferro, que dá acesso ao corredor transversal, de pé-direito duplo que estrutura o edifício; neste abre-se no lado O. uma porta com moldura de cantaria que dá acesso a um compartimento duplo, dividido ao meio por um arco de volta perfeita, antigamente designado " sala " onde os presos de delito menor passavam o dia; do lado oposto uma porta abre para um grande compartimento triplo, dividido por dois arcos de volta perfeita, antigamente utilizado como cela colectiva dos presos de delito comum; ao lado uma porta fronteira de acesso ao átrio conduz à antiga oficina; segue-se uma outra cela dupla e as instalações sanitárias, uma escada de dois lanços, em ferro e madeira, com gradeamento de ferro; esta conduz ao primeiro andar onde uma varanda se adossa, a todo o comprimento, do lado E. ligada por passadiços às portas das celas do lado O., neste lado situam-se duas celas simples e uma tripla, destinadas a mulheres, com grandes janelas abertas sobre o jardim público; do lado posto sete celas eram destinadas aos presos mais perigosos, a última das quais, designada por segredo, com janela entaipada, apenas rasgada por um pequeno respiradouro.”

Webgrafia:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-...

Ricardo Pereira, 2001

Figs. 1-11 – Museu Municipal (Santiago do Cacém). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Freguesia da Abela

Museu do Trabalho Rural

Localização: 38°0'1.64"N; 8°33'31.44"W. Largo 5 de Outubro, Abela (C.M.P. nº 517).

Cronologia: Década de 40 do século XX.

Descrição:Instalado em antigo quartel da Guarda Nacional Republicana, pertença da Junta de Freguesia de Abela, destina-se a mostrar parte da vida rural do concelho.

Construído no início da década de quarenta do século XX, o edifício funcionou como Escola/Posto Médico e como quartel da Guarda Nacional Republicana.

No Pólo Museológico pretende abordar-se a memória de uma sociedade que, nas últimas décadas, se transformou profundamente, bem como a relação de pertença de uma população com o seu território, seja à escala da localidade, da freguesia, do concelho ou eventualmente de uma micro-região. Preservar memórias do quotidiano rural, assim surge o MUSEU DO TRABALHO RURAL.

A exposição MEMÓRIA E IDENTIDADE – ALFAIA AGRÍCOLA TRADICIONAL constrói um percurso que acompanha o ciclo agro-laboral e as operações específicas que lhe estão associadas em cada fase, desde a lavra, a cava, o desterroar e as sementeiras no Inverno, as mondas, as regas e demais cuidados com as colheitas na Primavera, as ceifas, as debulhas e o armazenamento dos cereais no Verão. A alfaia agrícola é apresentada em grande proximidade, espacial e lógica, com os transportes e sistemas de atrelagem, estes últimos indispensáveis, por exemplo, à própria tracção do arado e do trilho.

Inaugurado no dia 1 de Maio de 2008.

Bibliografia:CARVALHO, O.; SOUSA, J.; VALE, F. & MATIAS, J. (2015) – Relatório do Património Cultural e Natural (policopiado). Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

Webgrafia:http://www.cm-santiagocacem.pt/concelho/patrimonio/patrimonioarquitecton... paginas/default.aspx

(http://www.cm-santiagocacem.pt/Paginas/default.aspx)

Figs. 1-6 – Museu do Trabalho Rural (Abela). Fotos de Câmara Municipal de Santiago do Cacém.