Santiago do Cacém ao Tempo dos Descobrimentos

Gentil José Cesário

Introdução

O movimento dos Descobrimentos Portugueses está intimamente ligado à dinastia de Avis e, obviamente, aos acontecimentos que levaram ao seu surgimento histórico como casa real de Portugal.

Deve-se ao primeiro rei dessa dinastia, D. João I, a conquista de Ceuta, em 1415 (Fig. 1), que é considerada o ponto de início dos Descobrimentos. Entre outras questões, os Descobrimentos são apontados como uma estratégia de expansão para fora dos limites europeus, em oposição ao que se passava nos outros países ocidentais, que travavam várias guerras entre si numa tentativa de expansão territorial dentro das fronteiras da Europa.

Como principal antecedente direto deste período, encontramos um acontecimento que foi simultaneamente Guerra com Castela, Guerra Civil e Revolução, também conhecido simplesmente por Crise de 1383-85. Em dezembro de 1383, na sequência do levantamento popular de Lisboa contra a rainha viúva D. Leonor Teles e o seu favorito (o conde de Ourém, João Fernandes Andeiro), o povo de Lisboa aclamou o Mestre da Ordem de Avis, D. João, como Regedor e Defensor de Portugal, em oposição clara ao rei de Castela, casado com a filha única do falecido rei D. Fernando I de Portugal, que por esse motivo se considerava o novo rei do nosso país.

O Mestre de Avis tinha o apoio da burguesia mercantil de Lisboa e das principais cidades, do povo, da pequena nobreza e dos filhos segundos das casas fidalgas, em oposição às grandes casas nobres tradicionais, que seguiam prudentemente o partido do mais forte – o rei de Castela. No entanto, nem todos os grandes fidalgos seguiram o partido castelhano, por exemplo o Mestre da Ordem de Sant’Iago, Fernão Afonso de Albuquerque, grande amigo do Mestre de Avis, colocou-se logo à partida do seu lado. Assim, não admira que as várias vilas da Ordem de Sant’Iago e, entre elas, Santiago do Cacém, tenham dado o seu apoio ao Mestre de Avis desde o início do conflito. Assim deixou escrito Fernão Lopes na sua Crónica de D. João I, que coloca Santiago do Cacém na lista das terras que “deram voz” pelo Mestre de Avis.

Logo em janeiro de 1384, o rei de Castela invadiu Portugal, apoiado por vários nobres portugueses. O seu grande objetivo era tomar Lisboa, a insurreta, onde tinha tido início o movimento contra a sua ascensão ao trono português. Pelo caminho, vários exércitos leais a Castela iam tomando as vilas e cidade que estavam com o Mestre de Avis e assim, Santiago do Cacém foi invadida pelos castelhanos e, depois de terminado o longo Cerco de Lisboa, que durou quase cinco meses sem que a cidade chegasse a ser conquistada, a vila de Santiago do Cacém foi reconquistada, ou libertada, no inverno desse mesmo ano, pelos exércitos de D. Nuno Álvares Pereira (Fig. 2), um filho segundo de uma grande casa fidalga e apoiante do Mestre de Avis.

Tendo passado por estas provações, não admira que o concelho de Santiago do Cacém estivesse representado nas Cortes de Coimbra de 1385, que elegeram o Mestre de Avis como rei de Portugal. Mais surpreendente é, talvez, que o este concelho tenha sido o único da Comarca de Campo de Ourique a enviar um delegado a Coimbra, para participar nessas cortes.

Batalha de Alfarrobeira:

D. João I morreu em 1433, sendo sucedido pelo seu filho, o melancólico rei D. Duarte. Este reinou apenas durante cinco anos, falecendo em 1438 e deixando o trono ao seu filho menor D. Afonso V, sob a regência da rainha viúva D. Leonor de Aragão.

Os vários filhos de D. João I são conhecidos pela “ínclita geração”, famosos por terem sido príncipes muito cultos e irmãos bastante unidos; no entanto, durante o reinado de D. Duarte, deu-se o episódio conhecido por Desastre de Tânger, em 1437, em que os infantes D. Henrique e D. Fernando tentaram conquistar esta cidade marroquina. Os infantes foram derrotados e o último dos dois, D. Fernando, o mais novo dos irmãos, ficou prisioneiro do rei de Marrocos, vindo a morrer na prisão em 1443. Este episódio bélico marcou o início da desunião entre os irmãos, que se tornou pública quando o infante D. Pedro, duque de Coimbra (Fig. 3), apoiado por parte dos irmãos, promoveu um Golpe de Estado e retirou o poder à cunhada, a rainha viúva, passando a governar em nome do sobrinho D. Afonso V.

Ao longo da sua regência, foi crescendo um grupo liderado por membros da família real contra ele, tendo quase sempre por trás o meio-irmão D. Afonso, 1.º duque de Bragança. Estes, que tinham fácil acesso ao jovem rei, não tiveram grande dificuldade em convence- -lo de irregularidades na regência de D. Pedro e, quando D. Afonso V atingiu a maioridade e assumiu o poder, declarou o tio D. Pedro como rebelde e defrontou-o na Batalha de Alfarrobeira (20 de maio de 1449), onde D. Pedro foi morto.

Nesta batalha, encontramos pelo menos um santiaguense – Álvaro Pais Guiterio, que lutou pelo lado de D. Pedro e foi perdoado por D. Afonso V três anos depois da batalha, em 1452.

Esta participação santiaguense ao lado do vencido de Alfarrobeira não terá sido oficial, tratando-se apenas de um ou talvez mais indivíduos nos exércitos do infante D. Pedro, pelo que não terá tido lugar uma vingança institucional sobre o concelho.

Tomada de Arzila e Tânger:

Em agosto de 1471, o rei D. Afonso V resolveu voltar ao Norte de África e tentar de novo a conquista de Tânger. Este episódio bélico ficou imortalizado nas tapeçarias conhecidas por Tapeçarias de Pastrana, e começou pela conquista da vila de Arzila, pela poderosa armada do rei de Portugal, que era composta por 477 navios e 30.000 homens. Na sequência da queda de Arzila e face às notícias do avanço de tão grande força militar, os habitantes de Tânger abandonaram a cidade, onde entrou depois, sem nenhuma oposição, um exército mais pequeno, comandado pelo primo do rei, D. João de Bragança.

Também aqui há notícia da participação de alguns santiaguenses, nomeadamente de um certo Diogo Martins Sem Medo, pertencente a uma família com o mesmo apelido cujos membros surgem em outros documentos dos séculos XV e XVI referentes a Santiago do Cacém. Este Diogo Martins Sem Medo, condenado pela morte (ocorrida em Santiago do Cacém) de Rodrigo Afonso, antigo escudeiro do infante D. Fernando, irmão do rei, foi indultado pelo rei D. Afonso V em outubro do mesmo ano de 1471, devido ao perdão geral dado aos que serviram na armada e tomada de Arzila e de Tânger. Diogo Martins surge expressamente no documento como morador em Santiago do Cacém; assim como Vicente Álvares Bravo, outro escudeiro do infante D. Fernando, condenado por ter assassinado o judeu Mossem Faluto e sua família e se ter depois evadido da prisão, indultado no mesmo mês e ano que Diogo Martins Sem Medo pelos mesmos motivos – o seu serviço na armada que conquistou Arzila e Tânger.

Em novembro do mesmo ano, D. Afonso V perdoou ainda, pelos mesmos motivos, um outro santiaguense chamado Gonçalo Delgado, morador em Melides, acusado da morte de Álvaro Eanes.

Guerra da Sucessão de Castela:

Em dezembro 1474, morreu o rei Henrique IV de Castela, deixando a sucessão do trono em disputa entre a princesa Joana, conhecida por “A Beltraneja”, filha da rainha viúva Joana, irmão do rei D. Afonso V de Portugal e a princesa Isabel (futura Isabel a Católica), casada com o príncipe Fernando, herdeiro do reino de Aragão, irmã do rei Henrique IV e curiosamente, também ela filha de uma infanta de Portugal.

Na raiz da disputa, estavam as suspeitas de que a princesa Joana não fosse filha do rei Henrique, mas sim de D. Béltran de la Cueva, reconhecido amante da rainha Joana. O próprio rei deu azo a esta situação, pois por vezes reconhecia a pequena Joana como sua filha e herdeira, e outras vezes repudiava as duas – mãe e filha, mandando-as exiladas para longe da corte.

Com a morte do Henrique IV, criaram-se duas fações entre a nobreza castelhana, uma a favor de Isabel, outra de Joana, sendo que a primeira tinha o apoio dos exércitos de Aragão. Neste contexto, o rei D. Afonso V resolveu apoiar as pretensões da sobrinha e, uma vez que se encontrava então viúvo, tomou a resolução de casar com ela, reforçando o seu papel na Guerra Civil de Castela; o que poderia significar, se tivesse ganho a guerra, que viria a governar Portugal e Castela, anexando esse país ao nosso.

As ambições portuguesas caíram por terra após a Batalha de Toro (Fig. 5) em março de 1476, batalha inconclusiva, onde as forças lideradas pelo próprio rei D. Afonso V foram esmagadoramente derrotadas num primeiro momento, mas depois o príncipe herdeiro D. João, futuro D. João II, tomou sozinho o comando, reorganizou as forças portuguesas e investiu sobre os castelhanos, pondo-os em debandada.

A partir desta batalha, e apesar de a guerra só vir a terminar oficialmente em 1479, com a assinatura do Tratado de Alcáçovas, o partido português foi ficando cada vez mais enfraquecido, até ser forçado a admitir a derrota e reconhecer a princesa Isabel como rainha de Castela.

Esta guerra viria a ter consequências diretas para Santiago do Cacém, pois um dos fidalgos castelhanos que seguiram fielmente o partido da princesa Joana e do rei de Portugal, Pero Pantoja, viu-se expropriado dos seus bens e honras pela nova rainha de Castela e, como recompensa pelos seus leais serviços, o então ainda príncipe D. João, que era também o Mestre da Ordem de Sant’Iago, concedeu-lhe logo em 1477 a comenda e alcaidaria-mor de Santiago do Cacém.

Os Pantoja dominaram Santiago do Cacém durante cerca de cem anos e ao longo de quatro gerações, sucedendo-se Pero Pantoja I, nascido cerca de 1425, casado com D. Catalina de Caños, falecida depois de 1500; Alonso Peres Pantoja I, falecido depois de 1532, homem da confiança do Mestre de Sant’Iago D. Jorge (filho do rei D. João II), ocupou altos cargos dentro da Ordem; Pero Pantoja II, falecido no primeiro semestre de 1578, e Alonso Peres Pantoja II, falecido em 1578 (Alcácer-Quibir). Os dois últimos, Pero Pantoja II e Alonso Peres Pantoja II, foram apenas alcaides-mores, pois o mestre D. Jorge entregou a rica comenda de Santiago do Cacém a seu filho D. João, 1.º duque de Aveiro, ficando esta na posse dos seus sucessores.

D. João II e Pero Pantoja I:

O primeiro Pantoja a instalar-se em Santiago do Cacém tinha uma relação privilegiada com o filho e sucessor de D. Afonso V (Fig. 6). Após os desaires da Guerra da Sucessão de Castela, era principalmente ao “Príncipe Perfeito” que Pero Pantoja devia a manutenção da sua Casa e do seu estatuto de fidalgo. A relação destas duas personagens era também confiança mútua, facto confirmado pelo episódio do empréstimo de 600.000 réis, pedido por D. João II a Pero Pantoja.

Em 1489, o monarca mandou construir uma fortaleza no norte de África, a sul de Arzila e Tânger, chamada desde o projeto de Graciosa. Durante a construção, o estaleiro da obra foi atacado e sitiado pelos exércitos do rei de Marrocos, obrigando à preparação de uma expedição de socorro, enviada a partir do Algarve. D. João II instalou-se então em Tavira, para estar mais próximo dos acontecimentos e assim receber rapidamente notícias da expedição militar e poder decidir com celeridade.

Durante esse tempo em que esteve em Tavira, D. João II necessitou de fundos, pois aguardava uma nau vinda de S. Jorge da Mina que se atrasava. Para poder fazer face às despesas imediatas da corte e da família real, o rei mandou pedir a Pero Pantoja o empréstimo de mil justos (600.000 réis), que contava reembolsar dentro de uma semana. O senhor de Santiago do Cacém, agradado por poder socorrer o seu rei, mandou imediatamente o dinheiro pedido, dizendo que mandaria ainda mais se tal fosse necessário e pedindo ao rei que não pedisse dinheiro a mais ninguém senão ele, pois “tudo quanto tinha Sua Alteza lho dera1. O dinheiro da Mina chegou cinco dias depois e o rei remeteu a Pero Pantoja o valor emprestado acrescido de cem mil réis de juros. Pero Pantoja não aceitou, voltando a insistir que o rei lhe dera tudo o que tinha e que, portanto, o dinheiro enviado não era emprestado mas dado, até porque assim parecia que ele não passava de um vulgar mercador usurário, uma vez que em cinco dias aumentava em cem mil réis o valor emprestado. D. João II respondeu a Pero Pantoja que, já que ele punha as coisas nesses termos, mandava agora, não os 600 mil réis pedidos, nem os 700 mil recusados, mas 800 mil e, se o senhor de Santiago do Cacém continuasse a recusar o dinheiro, da próxima mandava 900 mil. Pero Pantoja, vendo que com a sua recusa estava a ofender o rei, não teve outro remédio senão aceitar o dinheiro.

Esta relação de confiança explica que, quatro anos antes, no verão de 1485, D. João II tenha decido passar alguns dias em Santiago do Cacém, onde assinou vários documentos.

Relações com a Família Real:

Além do monarca D. João II, ao longo deste período, não faltam referências a ligar Santiago do Cacém ou alguns santiaguenses a outros membros da família real, principalmente à casa ducal de Viseu, da qual saiu o rei Venturoso, D. Manuel I.

Assim sabemos que o infante D. João, um dos irmãos da ínclita geração, filho de D. João I e que foi Mestre de Sant’Iago, deixou dinheiro no seu testamento para reparações na Capela de Nossa Senhora do Rossio (depois conhecida por Nossa Senhora do Monte), em Santiago do Cacém. Sua filha, a infanta D. Beatriz (Fig. 7), mãe do rei D. Manuel e da rainha D. Leonor, esposa de D. João II, mandou fazer as obras necessárias, dotando-a ainda de ricas e preciosas alfaias religiosas.

Existem vários documentos nas chancelarias régias referentes a residentes no concelho, ao longo dos séculos XV e XVI, que eram criados, escudeiros, cavaleiros e oficiais do infante D. Fernando, 2.º duque de Viseu, de sua mulher a já referida infanta D. Beatriz, e do filho de ambos, D. Manuel, já depois de subir ao trono de Portugal, mas também do então príncipe D. João, futuro D. João II, do 1.º duque de Viseu, o célebre infante D. Henrique, tão importante para a História dos Descobrimentos e do infante D. Pedro, que morreu na Batalha de Alfarrobeira.

Em meados do século XVI, instalou-se em Santiago do Cacém um bisneto de D. João II, que pertenceu a um ramo pouco conhecido de descendentes desse monarca. Este ramo tem início com a relação extraconjugal de D. João II com Brites Anes “a Boa Dona”, filha de Álvaro Anes de Santarém. Destes amores ilícitos nasceu Brites Anes de Santarém, cerca de 1485, que viria a casar com Amador Baracho Alaco, senhor da Torre de Vale de Esteio por herança da esposa. O único fruto deste casamento foi D. Brites Anes Baracho, herdeira de seus pais, que casou na década de 20 do século XVI com João Pires Amado, fidalgo da Casa do infante D. Afonso. Deste casamento nasceram quatro filhos, o mais velho dos quais, João Anes Amado, casou em Santiago do Cacém com a sua parente D. Mariana de Vasconcelos e Brito, da casa da Fonte Boa. O primogénito dos três filhos deste último casal, Francisco Amado de Vasconcelos, casou também em Santiago do Cacém com uma sua prima, D. Isabel Varela Raposo, filha de Pedro Varela Raposo, referido como pertencendo à primeira nobreza da vila.

Litígio entre a Câmara e Pero Pantoja I:

Em finais do século XV, já no reinado de D. Manuel I, a Câmara de Santiago do Cacém (Fig. 8) entrou em litígio com o comendador Pero Pantoja I e, em 1500, avançou com um processo apelando à Justiça Régia. Neste arguia que o fidalgo cobrava a portagem de todos os que passavam pela vila com quaisquer mercadorias e mantimentos e as dizimas das sentenças e dos moinhos sem que para isso tivesse algum título ou foral.

O comendador, por seu lado, alegava que, sendo senhor da vila de Santiago do Cacém, esta lhe fora dada com toda a jurisdição de rendas e direitos. No entanto, a Relação acabou por dar razão à Câmara, sentenciando que o dito fidalgo não podia arrecadar as rendas sem mostrar em justiça um documento que inequivocamente lhe dava esse direito.

O resultado surpreendente deste litígio judicial decorre do facto da razão ter sido dada não ao fidalgo mas ao concelho e pode ser visto como um sinal dos tempos em mudança. Este e outros processos semelhantes ocorridos em finais do século XV foram o pretexto para a grande reforma dos forais empreendida por D. Manuel I, da qual resultaram os célebres forais manuelinos, como o de Santiago do Cacém, dado pelo rei à vila e concelho em 1510.

Santiago do Cacém na literatura quinhentista:

A importância que a vila de Santiago do Cacém atingiu na primeira metade do século XVI pode ser aferida pelas referências que a ela foram feitas na literatura da época, nomeadamente numa farsa vicentina e na célebre “Peregrinação”.

Em 1521, o ano da morte do rei D. Manuel I, Gil Vicente levou à cena uma peça de teatro chamada Farsa das Ciganas. Nesta, uma das ciganas protagonistas, de nome Lucrécia, ao ler a palma da mão de uma donzela, diz-lhe: “ (…) casaraz aqueste año que vem em Santiago de Cacem, mucho rica, mucho bem.2.

Fernão Mendes Pinto, no início da sua Peregrinação, conta que, cerca de 1523, depois de ter sido aprisionado por corsários franceses perto de Sesimbra, foi largado na praia de Melides, indo depois acolher-se a Santiago do Cacém, onde foi bem recebido por D. Brites de Noronha, esposa do comendador Alonso Peres Pantoja I3 (Fig. 9).

Esta é também a época do erudito Frei André da Veiga, frade franciscano possivelmente ligado ao Convento do Loreto. Natural de Santiago do Cacém, André da Veiga deu aulas de latim e foi um humanista, como André de Resende.

Economia:

Apesar da existência, na vila de Santiago do Cacém, de uma burguesia ligada ao comércio que detinha alguma importância económica, o concelho tirava a sua riqueza principalmente da agricultura e da pecuária (Figs. 10A e 10B), e de atividades diretamente relacionadas com estes dois setores económicos.

Documentos como as visitações da Ordem de Sant’Iago (principalmente a de 1517-18), ou os próprios forais Manuelino e da Sisa Velha, ajudam a perceber como funcionava e quais eram as atividades económicas presentes no concelho.

São referidas na documentação várias propriedades, quintas, herdades, reguengos, terras de pão, pomares e vinhas (havia muitas ao redor de Santiago do Cacém, por exemplo, logo na encosta de Vale Matanças), pertencentes a entidades religiosas ou a particulares, estando algumas vinculadas a morgadios e outras na posse direta da Ordem de Sant’Iago. O trigo era armazenado no Celeiro da Ordem, dentro da vila. Esta era uma instituição que fazia a gestão da produção cerealífera concelhia, permitindo a existência de pão em épocas de crise agrícola.

Existem também várias referências a gados, ferragiais e outros terrenos de pastagem, muitos deles localizados bem junto à vila.

O montado em todos os lugares de campo de Ourique pertencia à infanta D. Beatriz, duquesa de Viseu, passando depois por herança para o seu filho, o rei D. Manuel I e tornando-se assim direito real.

Os moinhos e as azenhas são exemplos da indústria transformadora existente no concelho, assim como a olaria, onde se fabricavam as louças de barro vidrado e não vidrado e porventura a telha e o tijolo. O poço do pelome, localizado no atual Parque da Quinta do Chafariz, era uma importante indústria de curtição de peles; existindo também os fornos de cal e de pez. Este último era propriedade da Ordem e situava-se no pinhal junto à Ribeira de Melides. O pez, tal como a cera, resina, breu e alcatrão eram usados para calafetar os cascos dos barcos.

A documentação também nos fala do mel, produzido em várias colmeias, localizadas maioritariamente nos cerros e serranias do concelho.

Já o pescado e o marisco, referidos no Foral, provinham da extensa zona de costa e dos vários cursos de água que atravessavam o concelho.

Todas as mercadorias entradas e saídas, vendidas e compradas por pessoas de fora, pagavam portagem num ponto de entrada da vila – no local onde permaneceu ao longo dos séculos o topónimo Portelas, ainda hoje aplicado a uma travessa nessa zona do Centro Histórico de Santiago do Cacém.

Sabemos pelos itens do Foral que os Descobrimentos trouxeram, entretanto, inovações ao comércio santiaguense, que passou a transacionar mercadorias exóticas, tal como o açúcar e as especiarias, acessíveis apenas à pequena elite endinheirada da vila; assim como os escravos vindos de África. No reinado de D. João II, transacionavam-se anualmente em Portugal cerca de 3.500 escravos negros de África. Este número tinha crescido cerca de 500 % desde meados do século XV, nos princípios do tráfico negreiro. Utilizados no mundo rural como mão de obra pesada e intensiva, os escravos para venda eram tantos que o seu preço tendeu a baixar, tornando-se uma “mercadoria” muito popular no início do século XVI.

Sociedade:

À semelhança do resto do país, a sociedade santiaguense era composta maioritariamente pelo povo humilde, a “arraia-miúda” referida por Fernão Lopes na crónica de D. João I, que neste caso era o mundo dos criados urbanos e de lavoura, dos trabalhadores rurais sazonais, dos pescadores e demais trabalhadores. Dentro do povo, era institucionalmente incluída a burguesia, quer a urbana, ligada ao comércio, quer a rural, ligada ao arrendamento de terras e produção agrícola. Existiam ainda os burocratas, detentores de ofícios como juízes, escrivães, tabeliães ou almoxarifes, não raras vezes proprietários ou rendeiros de terras, sendo que também eram frequentemente servidores da Casa Real ou da pequena corte dos Pantoja.

A existência de várias capelas e igrejas, assim como as obrigações pias, fixadas em testamento, de realização de determinadas cerimónias religiosas, obrigava à existência permanente de um número razoável de clérigos e profissionais ligados à Igreja, como os cantores para as missas cantadas ou os sacristães. Também não faltava a pequena nobreza (Fig. 11), normalmente administrando morgadios vinculados a capelas e, acima de todos, a família Pantoja, senhores do concelho e da vila, alcaides-mores e comendadores.

Em 1497, os judeus foram forçados a abandonar a vila e a concentrarem-se em Lisboa, para uma expulsão forçada do país. O novo rei, D. Manuel I, que pretendia casar com a herdeira dos reis de Espanha e fazer assim a União Ibérica a partir de Portugal, estava obrigado para com os futuros sogros de que quando a noiva entrasse em Portugal, o país não tivesse judeus e mouros, principalmente os primeiros. A expulsão, no entanto, acabou por se transformar numa conversão forçada, surgindo daí o termo cristãos-novos, que designava os judeus convertidos à força em março de 1497 e os seus descendentes. Aparentemente, os judeus de Santiago do Cacém, que tiveram um prazo curto para se desfazerem dos seus bens antes de partirem para Lisboa, não regressaram; mas, apesar disso, ainda se podiam seguir os traços da presença das comunidades judaica e muçulmana em inícios do século XVI. A visitação da Ordem de 1517/18, além de assinalar a habitação de um cristão-novo na Rua dos Mercadores, também faz referência a um quintal situado numa Rua Nova que tinha sido Judiaria. O mesmo documento alude ainda a uma Rua de Barnabás, localizada nas proximidades e provavelmente a antiga Mouraria, onde talvez tenha vivido o primeiro santiaguense processado pela Inquisição – o mouro António de Tunes, preso em 1557 pela Inquisição de Évora, acusado de islamizar.

O Concelho:

Na época dos Descobrimentos, o concelho (Fig. 12) estendia-se desde a costa até aos montados do interior alentejano, no entanto, compunha-se apenas por uma freguesia – Santiago do Cacém. As futuras igrejas paroquiais de Santo André, Melides (que na altura era Santa Marinha de Melides e, mais tarde, passou a ser S. Pedro de Melides), S. Francisco, Santa Cruz, S. Bartolomeu, S. Domingos e Abela já existiam, mas apenas como ermidas isoladas. No extremo oriental do concelho, ficava a aldeia de Vale de Santiago, que só mais tarde viria a ter a sua igreja, antecedendo a criação da freguesia.

Além da vila de Santiago do Cacém, o concelho possuía mais quatro povoações: a já referida aldeia de Vale de Santiago, com 29 habitantes; Rodrigo Anes, localizada a meia légua da vila, para sudeste, com 16 habitantes; Peral, a nascente de Santiago do Cacém, com 31 moradores e a aldeia da Ortiga, a sul, com 15 habitantes. No total, o concelho tinha 585 habitantes.

No termo de Santiago do Cacém, a visitação de 1517/18 identifica várias propriedades importantes. Na futura freguesia de Melides, encontramos terras da Capela de Santo Estêvão e da Ordem de Santiago; a primeira tinha metade de um moinho, umas courelas de pão e um pinhal, arrendados por nove anos a Afonso Gonçalves Caldeira. A mesma capela tinha mais um pomar, uma vinha e um quintal com uma casa, aforados a João Fernandes o Frade. Quanto à Ordem, tinha uns arneiros e um pinhal na Ribeira de Melides, arrendados a Fernão Martins. Estes confrontavam a norte com Luís Martins; a sul com D. Isabel Fogaça; a nascente com a mesma D. Isabel e com “ho almirante dom Vasco da gama4 e a poente com matos maninhos. Dentro do pinhal, existia um forno de pez e duas casas de taipa, cobertas por cortiça. Junto desta, a Ordem também possuía uma outra terra arrendada a Rodrigo Anes Penedo, confrontando com D. Isabel Fogaça, os referidos arneiros da Ordem e a própria ribeira e tendo dentro uns pardieiros e um paul com uns amieiros “que parece que foy ja orta5.

Em Santo André, ficava a Ribeira de Torres, referida numa postura municipal de 1680; esta, devido à indicação que banhava a Herdade da Galiza, parece-nos ser hoje a Ribeira da Ponte, também conhecida por Ribeira do Moinho do Barranco. Junto a esta ribeira ficava um forno de cal do hospital, arrendado a Fernão Gardes por um alqueire e meio de trigo pago anualmente. Provavelmente nas proximidades deste ficava a terra do forno da cal, da Capela de Nossa Senhora, arrendada ao mesmo Fernão Gardes e a sua avó, Guiomar Vaz, também por um alqueire e meio de trigo. Não longe, um outro membro desta família, Rui Dias de Gardes, trazia aforada uma propriedade composta por courela de pão, vinha, pomar e casa; tudo da Capela de Santo Estêvão, à qual pagava anualmente trinta alqueires de centeio. Além destes, sabemos que havia outros Gardes, como uma mulher identificada por Gardesa, proprietária em Santa Cruz, ou João de Gardes, dono de um moinho na Ribeira das Lezírias. A Capela de Santo Estêvão tinha mais em Torres uma quinta, pomar e assentamento de moinho, aforados a João Gomes Penedo, que pagava anualmente dois moios de trigo, um de centeio e 1.000 réis em dinheiro. Junto a esta propriedade ficava outra quinta, terras de pão e moinho, arrendados por nove anos a Gonçalo Rodrigues. Listada nos bens da Capela do Vinagre, estava a terra na Ribeira de Torres que trazia D. Aires da Gama, irmão mais novo do conde da Vidigueira, pagando 60 réis de foro anual. Junto a esta pródiga ribeira, tinha também a Matriz algumas terras; nomeadamente as aforadas por 50 réis anuais a Domingos Fernandes e a Herdade da Galiza, aforada por 70 réis anuais a Nuno Dias. A própria Ermida de Santo André possuía vários bens na sua futura paróquia: duas herdades (uma delas na Várzea), umas colmeias e um Bacelo (provavelmente uma vinha nova).

Em Santa Cruz, nos Carvalhais, trazia Luís Anes de Lagos uma terra de pão de Nossa Senhora, aforada por 12 réis anuais. Em Alcolea, ainda na futura freguesia de Santa Cruz, traziam os filhos de Vasco Esteves de Vale de Figueira uma outra terra de Nossa Senhora, aforada por seis alqueires de trigo. No mesmo local, trazia também a já referida Gardesa, esposa de Diogo Nunes, uma terra que pertencia, ao mesmo tempo, à Capela de Nossa Senhora e ao Hospital do Espírito Santo. Na futura freguesia de S. Bartolomeu, trazia Luís Esteves Dourado uma terra do hospital situada na Ribeira do Manuel, aforada por seis alqueires de trigo e subalugada a Salvador Pires. Este Luís Esteves talvez esteja relacionado com a Herdade dos Dourados, hoje existente da referida freguesia. Ainda em S. Bartolomeu, trazia Estevão Garras, morador no termo, uma terra do hospital a Vale de Porcas, aforada por dois alqueires de trigo. Em S. Francisco, trazia João Jorge o moço a Herdade do Roncão, pertencente à Igreja Matriz e aforada por 30 réis. Também da Matriz era a herdade que trazia Marcos Eanes, localizada em Vale da Usa (provavelmente a atual propriedade denominada Vale da Ursa, em S. Domingos), aforada a Marcos Eanes por 20 réis anuais. Finalmente, em Vale de Santiago, ficava um reguengo da Ordem, que media 2.800 varas de norte a sul e 1.200 varas6 de nascente a poente.

A vila de Santiago do Cacém, sede de concelho e de paróquia, tinha 218 habitantes em 1533; ultrapassando em várias dezenas o número de residentes das vizinhas vilas de Messejana, Odemira, Sines, Ferreira do Alentejo, Colos, Aljustrel (mais do dobro dos habitantes), Alvalade e Vila Nova de Milfontes. Entre a população da vila contavam-se “51 viuvas, e dezoito molheres solteyras que vivem por sy, e 11 crellegos [sic] ”, assim como 37 “homens mancebos solteiros, que vivem com seus pais e amos7.

Estendendo-se pelo lado oriental do cerro do castelo, a vila estava massivamente rodeada por hortas, pomares, olivais, vinhas e ferragiais, alimentados por vários cursos de água e ribeiras, com os seus portos de passagem a vau. Esta agradável e utilitária cintura verde começava logo junto ao aglomerado populacional, fazendo de Santiago do Cacém um local aprazível e verdejante. Não admira pois que tantas famílias importantes tenham escolhido esta vila para as suas moradas, e que ela tivesse mais residentes do que as vilas suas vizinhas.

Os habitantes da vila repartiam-se por cerca de meia dúzia de arruamentos identificados na visitação de 1517/18: as ruas Nova (antiga Judiaria), de Barnabás e dos Mercadores, mas também as ruas Quente (hoje Rua Fonseca Achaiolli), do Sant’Esprito e do Curral do Concelho, a Praça do Sant’Esprito e o Rossio de Santa Maria. Além destes, deveriam existir ainda a antiga Carreira (atual Rua Condes de Avillez), um dos primeiros arruamentos extramuros de Santiago do Cacém, datado dos inícios do século XIV, ou a Rua Direita (atual Rua Dr. Francisco Beja da Costa), uma artéria definidora da povoação por seguir direito à então entrada principal do castelo (tal como acontecia com as suas congéneres). Já fora dos limites da povoação nascia, pelo menos no início do século XVI, um novo arruamento, a Rua da Olaria (hoje o Largo Almeida Garrett).

A referida visitação dá-nos também descrições de alguns edifícios importantes, como o Paço da Alcáçova do Castelo, residência dos Pantoja; a Igreja Matriz e a Igreja e Hospital do Espirito Santo. Além destes edifícios identificados no documento, existiam ainda as Casas da Câmara e a Igreja da Misericórdia, construída durante o período manuelino, provavelmente ao redor de 1520. Num cerro frente à vila, ficava a capela de Nossa Senhora do Monte, referida nos documentos como Nossa Senhora do Rossio, o mesmo rossio que ainda hoje existe com esse nome e onde nasceu a Feira do Monte.

As visitações referem as ermidas de S. Sebastião e de S. Brás, já existentes à época, apontando algumas propriedades que, pela persistência dos topónimos, sabemos ficarem nas imediações. Os topónimos Escatelares e Valverde já existiam a poente; enquanto a sul, entre o Rio da Figueira, a Fatiota, a Fonte Figueira e os Celões, ficavam várias propriedades num dos reguengos da Ordem, balizado por grandes marcos de pedra que ostentavam a Cruz de Santiago. Entre estas terras da Ordem, passava a estrada que ligava a vila a Nossa Senhora do Loreto, pequeno convento franciscano e único no concelho, ao qual estava muito ligada a família Pantoja. Antes de lá chegar, a estrada atingia a zona dos Chãos onde, apesar de já existir o topónimo, ainda não se tinha formado a aldeia.

O primeiro documento que fala do Loreto é uma bula papal que nos diz que, cerca de 1454, existia no local uma ermida de Nossa Senhora do Loreto habitada por um ermitão, mas de tal forma importante que foi alvo dessa bula concedendo indulgências a todos os que a visitassem, deixando esmolas para obras e paramentos sagrados. A partir de 1477, Pero Pantoja e D. Catalina de Caños instalaram-se em Santiago do Cacém, acompanhados por uma pequena corte de servidores castelhanos, entre os quais estariam dois franciscanos – Frei Francisco e Frei Vicente. Em data desconhecida, nas duas últimas décadas do século XV, estes frades apelaram a D. Catalina para a transformação da ermida em convento. Finalmente, em 1505, o edifício sofreu obras de vulto, sendo então já uma casa conventual.

A Igreja do convento funcionou como panteão dos Pantoja, mas o complexo era de reduzidas dimensões, apenas podendo acomodar, no máximo, doze frades (Fig. 13); no entanto possuía uma grande propriedade ao seu redor. Esta era essencialmente constituída por uma larga mata de sobreiros, adquirida por 300 réis em 1515.

1Garcia de Resende, Lyvro das Obras […],fl. LV-v.

2Gil Vicente, Farsa das Ciganas. Obras de Gil Vicente, p. 196.

3Cf. Fernão Mendes Pinto, Peregrinação, s/d, p. 21.

4Visitação a Santiago do Cacém [Manuscrito], f. 74.

5Visitação a Santiago do Cacém [Manuscrito], f. 74v.

61 Vara correspondia a cerca de 1,10 m, significando portanto que o Reguengo media cerca de 3.080 metros X 1.320 m (4,06 km2).

7Povoação de entre o Tejo e Guadiana no XVI século: II Terras das Ordens. Archivo Histórico Portuguez, p. 333.

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Fig. 6 – Retrato de D. João II. Iluminura do Livro dos Copos da Ordem de Santiago. "Livro dos Copos" mandado fazer por D. João II a Álvaro Dias de Frielas [Manuscrito]. 1484. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Lisboa, Portugal. PT/TT/OSCP/A/001/00272. http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4251394.

Fig. 7 – Retrato da infanta D. Beatriz, duquesa de Viseu. 1678. Museu Regional de Beja/Museu Rainha D. Leonor. http://www.museuregionaldebeja.net/web/4.htm.

Fig. 8 – Portas das antigas Casas da Câmara de Santiago do Cacém. Rui Fragoso/CMSC, 2010.

Fig. 9 – Pormenor de fl. 2 da edição de 1614 de Peregrinação de Fernão Mendes Pinto (passagem que refere Santiago do Cacém). Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto em que da conta de muytas e muyto estranhas cousas que vio […]. Biblioteca Nacional de Portugal. http://purl.pt/82/3/#/10.

Fig. 10A – Trabalhos agrícolas no século XV. Detalhe da iluminura do fl. 3v (março). Très Riches Heures du Duc de Berry. Paul de Limbourg e Jean Colombe. 1412/16. Musée Condé. em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:010_MS_65_F3_V.jpg.

Fig. 10B – Servo pastando uma vara de porcos. Detalhe da iluminura do fl. 11v (novembro). Très Riches Heures du Duc de Berry. Jean Colombe. 1412/16. Musée Condé. http://commons.wikimedia.org/wiki/File:026_MS_65_F11_V.jpg.

Fig. 11 – Nobres a caçar com falcões no século XV. Detalhe da iluminura do fl. 8v (agosto). Très Riches Heures du Duc de Berry. Jean de Limbourg. 1412/16. Musée Condé. http://commons.wikimedia.org/wiki/File:020_MS_65_F8_V.jpg.

Fig. 12 – Planta do Concelho de Santiago do Cacém no início do século XVI. Pedro Bexiga, 2010.

Fig. 13 – Fotografia do início do século XX mostrando o portal do antigo Convento do Loreto e parte das ruínas do mesmo. José Benedito Hidalgo de Vilhena, s/d

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