Museu do Trabalho Rural – Abela
Inaugurado no dia 1 de maio de 2008, o Museu do Trabalho Rural surge por iniciativa da Junta de Freguesia de Abela em parceria com a Câmara Municipal de Santiago do Cacém, integrado no projecto “Revitalizar A Bella”, cofinanciado pelos programas AGRIS e LEADER + com candidaturas apresentadas à ADL e apoiado pela Caixa Agrícola da Costa Azul.
Instalado num edifício datado da década de quarenta do século passado, pertencente à Junta de Freguesia, onde já funcionou a escola primária, o posto médico e o antigo quartel da Guarda Nacional Republicana, destina-se a mostrar parte da vida rural do Concelho, apresentando a exposição permanente “Memória e Identidade – Alfaia Agrícola Tradicional”, que reúne cerca de duas centenas de peças, tendo como base uma colecção de alfaias agrícolas e outros utensílios ligados aos trabalhos do campo, cedidos ou doados por particulares e algumas instituições.
Espaço dedicado às tradições e à cultura, identificando as diversas vivências da comunidade, este primeiro Pólo Museológico do Museu Municipal de Santiago do Cacém foi criado, para servir em primeiro lugar a comunidade, tentando levar a sua população a tomar consciência dos seus valores culturais, de modo a compreender que são simultaneamente “produto de uma identidade cultural e utentes do seu património cultural coletivo”.
Os objetos apresentados transmitem conhecimentos de uma sociedade rural, pertencente ao passado, mas ainda suficientemente próxima para ser espaço de partilha de memórias e de referência que une e identifica gerações.
O Museu aborda a memória de uma sociedade que, nas últimas décadas, se transformou profundamente, bem como a relação de pertença de uma população com o seu território, contribuindo para uma nova consciencialização no âmbito da preservação e valorização dos recursos naturais, patrimoniais e ambientais e para a proteção dos bens culturais, materiais e imateriais, bem como a sua fruição por parte dessa mesma população.
A Exposição incide sobre o património móvel agrícola, diretamente relacionado com o ciclo dos cereais, acionado manualmente por força braçal de homens e mulheres e pela força dos animais, sendo que, a mecanização apenas é abordada na área das debulhas.
Nos expositores, painéis e vitrinas, as alfaias e os objetos seguem uma sequência que acompanha a do ciclo agro-laboral na vertente cerealífera e as operações específicas associadas a cada fase, como as desmoitas, as lavras e as cavas, o desterroamento, as sementeiras no inverno, as mondas e sachas, outros cuidados com as colheitas na primavera, as ceifas, as debulhas e o armazenamento dos cereais no verão.
Os transportes e sistemas de atrelagem são aqui presença obrigatória merecendo algum destaque pela sua importância em todas as fases dos trabalhos do campo.
Trata-se assim de uma exposição cuja abrangência territorial é a do próprio Município de Santiago do Cacém.
Este vasto território é constituído por unidades geográficas distintas, destacando-se a planície litoral, a serra e a planície interior, com as suas variantes de solos e diferenças climatéricas que, naturalmente influenciam e condicionam o tipo de culturas.
O Homem foi adaptando ao longo dos tempos, as alfaias agrícolas e outros instrumentos de trabalho a estas e outras condicionantes como por exemplo, o tipo de madeiras de que dispunha, os animais que possuía, o isolamento a que por vezes estava votado e em grande parte dos casos, ao que a sua magra economia lhe permitia.
Perante uma área geográfica com quase 1059 Km2 e onze freguesias, à época em que o trabalho de investigação foi realizado, a equipa optou por pesquisas direccionadas, enquadradas numa rede de malha larga, cobrindo todo o território.
Paralelamente à campanha de levantamento no terreno foram efetuadas pesquisas em arquivos, bibliotecas públicas e particulares e algumas metalúrgicas.
O discurso expositivo foi elaborado de forma clara e compreensível, procurando-se o rigor histórico-científico aliado a um equilíbrio cenográfico, adotando-se soluções museográficas simples, que contribuíssem para a valorização das peças.
Passados que são quase sete anos sobre a data da sua inauguração este espaço museológico continua a surpreender o visitante que, por vezes, o considera um “pequeno tesouro” ou “uma cápsula do tempo”, contribuindo para a preservação da memória desta região do Alentejo Litoral, constituindo um pequeno polo de desenvolvimento, com algum impacto no comércio local, nomeadamente na restauração e similares.
Acrescente-se a sua importância pedagógica, cultural e turística, quer ao nível da divulgação dos valores do município e da região, quer junto das unidades de Turismo Rural que, como complemento às suas atividades levam regularmente os seus clientes ao Museu.
Transcrevemos seguidamente o texto de boas vindas existente à entrada do museu.
“A Junta de Freguesia de Abela e a Câmara Municipal de Santiago do Cacém pretendem com este museu homenagear os homens e as mulheres que ao longo de séculos, arduamente rasgaram estas terras, transformando extensas zonas de charneca em magníficas searas de pão.
O Museu do Trabalho Rural será um lugar de afectos, local de encontro do passado, do presente e do futuro, procurando preservar e perpetuar para os vindouros, saberes, tradições, memórias e modos de vida de um quotidiano rural em profunda transformação”.
LOCALIZAÇÃO
Largo 5 de Outubro
7540-011 Abela – Santiago do Cacém
CONTACTOS
Telef. 269 902 048
Museudotrabalhorural.abela@gmail.com
HORÁRIO
JUNHO A SETEMBRO – Quarta a sexta-feira – 14h 00 – 19h 00
Sábados 11h 00 – 13h 00 | 14h 00 – 19h 00
OUTUBRO A MAIO – Quarta a sexta-feira – 14h 00 – 18h 00
Sábados – 10h 00 – 13h 00 | 14h 00 – 18h 00
Encerra aos domingos e feriados e às segundas e terças-feiras
José Matias
Fernanda do Vale
Fig. 1 - Museu do Trabalho Rural – Abela. Vista a partir do Largo 5 de Outubro. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 2 - Fachada principal do Museu. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 3 - Vista parcial da exposição – 1º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 4 - Carta Agrícola de Portugal – Inserção na exposição – 1º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 5 - Vista parcial do 1º piso do Museu. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 6 - 2º Piso - Cavas e Lavouras (pormenor). Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 7 - Vista parcial da exposição – 2º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 8 - Panorâmica do 2º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 9 - Vista parcial – 2º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 10 - Ceifas – pormenor – 2º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 11 - Quadro das Debulhas – parcial – 2º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).
Fig. 12 - Transportes e Sistemas de Atrelagem – parcial – 2º piso. Fotografia: José Matias (C.M.S.C.).