Características da Carta de Coberto Vegetal

A Carta de Coberto Vegetal (CCV) da área de estudo descreve a vegetação observada e conceptualizada a partir de uma posição mais elevada em relação ao seu copado superior, portanto, visível de uma posição aérea afastada da superfície terrestre. Por definição, a detecção remota das categorias de manchas que constitui uma carta de coberto vegetal, é uma operação que reúne informação sobre os objectos existentes na superfície terrestre sem contacto directo com eles EEA (2012), Reddy (2008). O coberto é conjunto de aspectos biofísicos básicos, uns relacionados com a vegetação arbórea dominante como pinhais, sobreirais e eucaliptais, outros relacionados com a capacidade transformadora humana como as áreas agrícolas e zonas urbanas, outros ainda exprimindo biótopos com pequena cobertura vegetal como praias, áreas dunares, zonas inundadas etc, sem indicar explicitamente quais as espécies dominantes em cada caso (di Gregorio & Jansen., 1997) . Descreve também a vegetação espontânea de matos e relvados se estes não se encontrarem encobertas por formações arbóreas. A descrição da vegetação do ponto de vista dos agregados de plantas requer muito mais informação e contacto com o terreno que aquela que é aduzida pelos sensores ou pela observação e interpretação das imagens a partir do espaço (Bobbe et al., 2001; Jennings et al., 2003). No entanto, com alguma probabilidade de aproximação, é verosímil que estas formações possam ocorrer simultaneamente quando são mapeadas as formações arbóreas, já que se trata da vegetação naturalmente emergente após a prática de acções de gestão florestal. Nesta CCV vocacionada para a descrição dos aspectos biofísicos relacionados com a vegetação, procura-se aumentar a relação entre as manchas dominantes na paisagem e plantas que pela sua abundância e cobertura são mais relevantes para a distinção de tipos de coberto.

Pretende-se como objectivo, que a CCV seja tão representativa quanto possível do bloco tridimensional da vegetação pluri-estratificada, minimizando a incerteza da inferência quanto à vegetação dos estratos inferiores não directamente observada pelos sensores. Apresentam-se duas estratégias de cartografia do coberto vegetal. Uma primeira abrangente da totalidade da área estudo de cerca de 272793 ha, e uma segunda exemplificativa abrangente da Serra de Grândola, definida pelos limites dos solos derivados de rochas xistosas. A mancha correspondente a esta área revela a maior variabilidade altimétrica contida na zona norte da área de estudo. Estes dois mapas divergem na aproximação metodológica. No primeiro caso, considerou-se a cartografia existente do COS’90 procedendo-se à actualização temática e espacial com referência ao objectivo atrás referido. O COS'90 -Carta de Ocupação do Solo de Portugal de 1990 (CNIG, 1990)- caracteriza-se por uma escala original de 1: 25 000 e unidade mínima de representação de 1 ha, produzida a partir da interpretação visual de fotografia aérea. O suporte para a referida actualização decorreu da observação de um streaming correctamente georreferenciado de imagens aéreas de 2010, em cor verdadeira, servido para o software ArcGIS 10 por Web Mapping Service (WMS) a partir do fornecedor Bing Maps (http://www.bing.com/maps/). A actualização temática foi geral para os cerca de 9200 polígonos originais. A actualização espacial foi pontual, gerando no final das operações um total de 11037 polígonos. Pretendeu-se por um lado, maximizar o espectro temático e por outro, ajustar as manchas à sua mais conveniente configuração em virtude da evolução do uso do solo decorrida.

A renovação da vegetação na região com surgimento tardio da precipitação atmosférica a partir do dia 1 de Março de 2012, após um Inverno de 2011/2012 excepcionalmente seco, foi decisivo para a operação de actualização temática.

Na segunda abordagem, optou-se pela segmentação automática e classificação da informação digital referenciada no anterior relatório, produzida pelos sensores do satélite Landsat. A detecção de padrões de vegetação decorreu então da atribuição de diferentes ponderações às bandas atmosfericamente corrigidas do espectro radiométrico do visível e do infravermelho (bandas 4, 5 e 7). A ponderação e o papel das bandas no contexto de limiares espectrais, foi organizado hierarquicamente de modo a gerar maior adaptabilidade às variações da morfologia e altitude do terreno e conteúdo composicional da vegetação. A informação do NDVI e do Modelo digital de Terreno (MDT) foram também utilizadas para melhorar a segmentação e a construção das manchas mapeadas. O princípio operativo fundamental decorre de avançados algoritmos de Machine Learning destinados a OBIA (Object Oriented Image Analysis). Foi utilizado software de análise espectral eCognition Developer 8, da Trimble Germany GmBh. Foi também usado secundariamente, software dotado do mesmo tipo geral de análise, Idrisi Taiga, da Clark Labs. A comparação das duas estratégias de mapeamento procura identificar as vantagens respectivamente em cada um dos métodos, no sentido de melhorar a sua integração. Esse produto orientado para a totalidade da área de estudo, será tornado público em relatórios ulteriores. Nessa altura a CCV adquirirá maior detalhe quer ao nível temático quer gráfico.