Pré-história Recente em Odemira

Jorge Vilhena

Túmulos e lugares da ldade do Cobre

No concelho de Odemira, o período Calcolítico ou Idade do Cobre, que decorreu desde inícios do terceiro milénio anterior à era cristã até à transição para a Idade do Bronze (aprox. em 2200 A.C.), é caracterizado por alguns sítios de habitat que se encontram, com especial concentração, na planície litoral junto da foz do Mira, em V. N. Milfontes: ETAR de Milfontes, Vila Formosa 3, Palheirão Furado, Pedra da Atalaia (Fig. 1). Também junto do mar, no limite sul do concelho de Odemira, estão os assentamentos calcolíticos de Montes de Baixo (concheiro) na parte vestibular da ribeira de Odeceixe e, próximo, na planície litoral a norte do vale da ribeira, Assenha. Como a sua situação geográfica indica, verificou-se no litoral ao longo do 3.° milénio A.C. a continuidade do modo de vida dos precedentes períodos Mesolítico e Neolítico, assente na economia dos recursos do mar e dos estuários pesca e marisqueio sazonal , com alguma alteração no padrão de espécies consumidas, provavelmente condicionada pelas alterações paleoclimáticas entretanto ocorrida. Porém, supõe-se que, mesmo no litoral, a componente agrária estaria já consolidada em pleno 3.° milénio A.C., praticando as comunidades uma economia mista de tipo agro-silvomarítimo com largo espectro de recursos. Adiciona-se outra actividade, a metalurgia do cobre, inovação tecnológica que permitiu o fabrico dos primeiros artefactos, funcionais ou não, de metal (Tavares da Silva & Soares, 1997; Dias, 2004; Cardoso, 2004). Pelo que se pôde averiguar por intermédio de escavações arqueológicas realizadas em dois dos locais acima referidos, Etar de Milfontes e Vila Formosa 3 (em ambos os casos, no âmbito da minimização de impactes de obras de grande dimensão e cujos resultados estão em fase de estudo para publicação), eram sítios de habitat abertos, em zonas planas, e com estruturas negativas. Na Etar de Milfontes, um antigo assentamento em local plano adjacente à arriba logo a norte da foz do Mira (Fig. 2); descoberto e sondado na década de 1990 (Tavares da Silva & Soares, 1997), foi recentemente anunciada a escavação (durante a obra de ampliação da ETAR de Milfontes) de uma grande cabana de planta circular com piso de argila e paredes de materiais vegetais fixados entre seixos dispostos em cutelo, datada do Calcolítico Pleno, ou seja 1ª metade do 3º milénio A.C. Associados, recolheram-se artefactos requintados, característicos desse período: cerâmicas, graal de pedra, pequenos ídolos de osso, de tipo andaluz. Já as escavações de Vila Formosa 3 se mostraram praticamente infrutíferas para a clarificação da natureza do sítio. Este parece ter sido um amplo povoado, implantado em dois núcleos contíguos numa cumeada suavemente ondulada na planície litoral, com bom domínio visual sobre a envolvente e o mar interior da parte vestibular do Mira, uma vez que se situa próximo da margem esquerda, ainda a 2 km da foz (Fig. 3). Mas os solos argilo-arenosos do local encontram-se revolvidos até à rocha base por décadas de lavras de agricultura profundas. Apesar da diversas sondagens realizadas, não se descobriram estruturas conservadas, que deverão ser de tipo negativo, como é frequente em sítios pré-históricos deste tipo e período. Ainda que se tenham encontrado alguns materiais arqueológicos (cerâmicas e líticos) revolvidos, o maior lote de antigos artefactos deste sítio foram recolhidos em superfície: vários dos chamados «machados» mirenses (Fig. 4) o utensílio lítico característico da Pré-história do litoral sudoeste, que se pensa ter perdurado até às primeiras idades dos metais (Tavares da Silva & Soares, 1997; Serra etaI., n.p.; Vilhena, 2014; Carvalho, 2007).

Instalados em locais planos e sem condições naturais de defesa, nenhum dos povoados atrás referidos parece ter sido fortificado. Porém, um caso, Palheirão Furado (Fig. 5), com cerâmicas de tipos característicos do início da Idade do Bronze e onde foram obtidas datas de radiocarbono de finais do 3º milénio A.C. (Tavares da Silva & Soares, 1997), parece ter sido delimitado por um singular fosso de planta em meio círculo contra a falésia e o mar (Fig. 6): mais uma vez, aqui se encontram vários “machados” mirenses (Fig. 7) (Vilhena, 2014).

Ainda na Vila Formosa, na margem esquerda da parte vestibular do Mira, foi recentemente escavado, também no âmbito de minimização de impactes da construção de um empreendimento turístico-hoteleiro projecta para a área, parte de um túmulo monumental, provavelmente associado do povoado adjacente de Vila Formosa 3. Designado por Vila Formosa 2; trata-se de um sepulcro megalítico de tipo tholos (estas são construções funerárias do 3º milénio A.C., que se podem sumariamente caracterizar por uma grande câmara funerária, de planta normalmente circular com 3 m de diâmetro, construída com grandes esteios ou muros de pedra, e com cobertura de pedras dispostas em falsa cúpula e/ou materiais vegetais, sendo toda a estrutura pétrea coberta por um monte artificial de pedras e terra batida, designada por mamoa; acedia-se ao interior da câmara por um estreito corredor de pedra subterrâneo sob a mamoa que, na maioria dos casos, era aberto a nascente. No tholos de Vila Formosa 2, expôs-se, em pequena escavação arqueológica, apenas a parte terminal do corredor, já quase completamente destruído (o sítio foi alvo de pilhagens ao longo do século XX), mas que se determinou ser curto e voltado a leste, e o átrio a ele fronteiro, em plano rebaixado na rocha e de chão lajeado (Fig. 8). Os materiais recolhidos (taças fechadas, vasos esféricos, globulares, e lâminas, denticulados, furador em pedra lascada – Figs. 9 e 10) mostram uma utilização deste sepulcro utilização deste sepulcro colectivo no Calcolítico Inicial/Pleno, na primeira metade do 3º milénio A.C. bem como no término do mesmo milénio, na transição do Calcolítico para a Idade do Bronze, testemunhada pela presença de fragmentos cerâmicos com decoração incisa de feição «campaniforme» incluindo uma taça de tipo Palmela (Fig. 11) (Serra et al., n.p.).

Mais para o interior, são conhecidos no concelho de Odemira outros monumentos megalíticos de tipo tholoi, igualmente já muito ou completamente arruinados. Foi completamente destruída, pouco depois da escavação arqueológica no final da década de 1950, o grande tholos de Amendoeira Nova de Colos, em plena planície do Sado a leste daquela vila (integrava, assim, o grupo megalítico de Ourique/Aljustrel investigado nesse decénio), de câmara circular e corredor longo, tendo sido também extraviado o importante espolio nela recuperado (Fig. 12) (Viana et al., 1959; Leisner & Leisner, 1959; Leisner, 1965). Irremediavelmente danificado por maquinaria agrícola está o tholosde Porto da Beiçuda (Castelão, S. Martinho das Amoreiras) (Fig.13); mais recentemente, destino igual esperava o tholosde Monte do Paço Relíquias), após uma primeira violação feita por pesquisadores de tesouro em sonho, algumas décadas atrás. Se do monumento do Porto da Beiçuda não é possível descortinar mais do que a presença dos esteios da estrutura tumular fora de sítio sobre os restos da mamoa, no tholos do Paço viam-se até 2013 alguns ortostatos em posição na câmara circular e de um raro corredor aberto a sul, com inflexão para nascente na parte terminal ou externa. Em melhor estado parece estar o possível tholos de Vale 2 (Sabóia), onde ainda se preservam a mamoa e os esteios fincados em alinhamento semicircular. Sintomaticamente, todos os referidos sepulcros colectivos das primeiras comunidades agrícolas do concelho de Odemira encontram-se em paisagens abertas, em vales de grandes ribeiras. Os grandes túmulos megalíticos indicam o desenvolvimento do culto funerário dosantepassados e seriam marcadores territoriais das comunidades definitivamente ligadas a uma terra, onde construíam uma paisagem cultural pontuada de grandes monumentos. Apontam ainda para uma tendência, que se desenvolveu ao longo do 3.° milénio, de segmentação das sociedades agrárias, visível nos monumentos funerários colectivos onde os enterramentos (por inumação) colectivos seriam, pouco a pouco, reservados a alguns membros da comunidade e, na fase final campaniforme, já sob a forma de sepultamentos individuais em estruturas diferençadas no interior dos tholoi e acompanhados de bens de prestígio. Ao longo do 3º milénio A.C. foram constituídos os primeiros povoados fortificados no vale do Mira. O mais Impressionante assentamento do período Calcolítico do concelho de Odemira situa-se no interior, num dos afluentes do rio, próximo à albufeira de Santa Clara: é o Cerro da Bica, expressivamente dominante sobre o amplo vale de Corte Brique (Fig. 14). Trata-se de um antigo povoado de altura no topo de um esporão cujo acesso é facilitado apenas por um lado, e que provavelmente foi fortificado por uma cintura de muralha. Este sítio parece ter sido, de certa forma, o precedente da série de grandes povoados de Odemira com similar implantação topográfica onde são claras as preocupações defensivas, datados dos subsequentes períodos pré e proto-históricos. O Cerro da Bica, apesar de nunca escavado, parece ter sido uma verdadeira fortaleza em local estratégico e elevado, provavelmente erigida na segunda metade ou finais do 3º milénio A.C.. À superfície do terreno, encontram-se grandes mós de vaivém de sienito oriundo de Monchique (Fig.15), artefactos líticos rudimentares de quartzo e quartzito e fragmentos de cerâmica manual (grandes vasos contentores, taras carenadas) (ViIlhena, 2008; Id., 2014).

Pensa-se que as fortificações calcolíticas foram erigidas em resultado de um processo de intensificação e diversificação socioeconómica das comunidades agro-silvo-pastoris, dotadas de crescente desigualdade e competitividade intra e inter-comunitária pelos territórios e pelos recursos. Tal terá resultado na necessidade de construir fortificações para a protecção de pessoas, bens e terras. Estas fortificações acabariam eventualmente por se tornar em centros proto-urbanos agregadores e socialmente identitários das comunidades e dos seus dirigentes. Verdadeiros marcos na paisagem como a notável fisionomia do Cerro da Bica bem lembra , em alguns casos com arquitecturas defensivas complexas, com o que os sítios de habitat passaram a cumprir um ensejo de edificação monumental antes unicamente expresso pelos monumentos megalíticos funerários. A presença deste sítio isolado no interior montanhoso do território de Odemira será explicável pela forma como se pensa que aconteceu a difusão deste tipo de fortificações por todo o Sudoeste peninsular ao longo do 3º milénio A.C.: primeiramente, resultado de dinâmicas evolutivas das próprias comunidades, num quadro de movimentos de exameamento ou colonização interna de novos territórios, mas também com a presença de estímulos externos devido à circulação de pessoas e difusão de ideias (técnicas, tecnologias, arquitecturas de prestígio) a nível inter e supra-regional.

O pequeno povoado de Telheiro 1, em local não muito alto, próximo de Odemira, mostra as formas menos expressivas da ocupação do território no final da Idade do Cobre no centro do concelho (Informação Arqueológica, 5).

Imediatamente ao lado, uma necrópole de grandes cistas (estas são antigas sepulturas emforma de caixa rectangular mais ou menos alongada feita de lajes de xisto, em que as lajes laterais se prolongam para além das de topo, inseridas em fossas abertas no subsolo) parece apontar, caso tenham sido coevos, para uma grande proximidade entre sítios de habitat e sítios de sepultamento (Fig. 16). A variedade da arquitectura funerária do 3º milénio A.C. na bacia do Mira manifesta-se, portanto, nos grandes monumentos de falsa cúpula de tipo tholoi e nas necrópoles de sepulturas de tipo cista, desprovidas de estruturas de sinalização exterior, que são relativamente mais tardias, tornando-se imperantes na transição do Calcolítico para a Idade do Bronze, nos últimos dois ou três séculos desse milénio. Logo no século XIX haviam sido escavadas por Abel da Silva Ribeiro duas necrópoles com sepulturas do último tipo próximas das margens do estuário do Mira, em Odemira e em Milfontes. Compunham-se de sepulturas de tipo cista construídas com várias lajes xisto fincadas em planta rectangular e trapezoidal (Fig. 17). No seu interior, encontraram-se, na de Milfontes, ossos quebrados, pequenos carvões de cremação, fogos de higienização ou ritual, e oferendas compostas por um par de machado e ponta de seta de tipo Palmela, ambos de cobre; na de Odemira, um par composto por pequena enxó de pedra polida e ponta tipo Palmela de cobre. Estes artefactos metálicos foram considerados demonstrativos do horizonte, designado por Ferradeira, pós-campaniforme, de transição para a Idade do Bronze Inicial, em finais do 3º milénio A.C. e inícios do seguinte (Veiga, 1891; Cartaillac, 1886; Leisner & Leisner, 1959; Schubart, 1971; Schubart, 1975; Cardoso, 2002; Parreira, 2014).

O Bronze Médio do interior

Do final do 3º a inícios do último milénio antes da nossa era, decorreu a Idade do Bronze, que no território de Odemira parece tão pouco, ou até menos, representada do que a antecedente Idade do Cobre. São conhecidas no concelho de Odemira várias outras sepulturas de tipo cista, típicas da forma de enterramento da Idade do Bronze, mas que também podem datar, como se referiu, do final do Calcolítico, ou já da Idade do Ferro; quanto aos sítios de habitat, nenhum foi ainda estudado. Mas, não obstante as dúvidas de Abel Viana sobre as antigas condições de subsistência humana na área, foi a partir de seu tempo, e até do seu trabalho, que a zona do médio Mira, junto da Cola, se tornou num verdadeiro palimpsesto de sítios arqueológicos, numa densidade de estações que tornam a área inestimável na discussão sobre a Pré-história Recente e a Proto-história regional. E foi do médio vale do Mira que resultou, tão somente, a definição do horizonte cultural que, nas últimas décadas, se tem utilizado para caracterizar e individualizar o 2° milénio A.C. no quadrante da Península Ibérica que ocupamos: o designado «Bronze do Sudoeste». O ponto de partida foi a necrópole extensa necrópole de Atalaia, escavada entre 1962 e 1964 por Viana e por H. Schubart. Situada logo após a partição entre os concelhos de Odemira e de Ourique, 1,5 km a norte do Mira e do Castro da Cola (extenso povoado de altura ribeirinho entre dois meandros do Mira, provavelmente fortificado, ocupado na Idade do Bronze Final), esta necrópole ocupa um amplo anfiteatro natural onde, dispostos em sete núcleos, os seus diversos túmulos ocupam pequenos cabeços mais elevados. São túmulos compactos, em que sepulturas de tipo cista ou fossas pouco fundas foram cobertas por lajes e por uma mamoa de terra e pedras pouco alta, delimitada por um grande círculo ou anel de lajes de até 6m de amplitude (Figura 18). Existem também grandes cistas isoladas ou periféricas aos túmulos. Em torno do monumento inicial de cada núcleo, vários outros foram depois agregados, formando «cachos» de túmulos de planta circular, ovalada ou de tendência rectangular/quadrada, de grande monumentalidade e em que a utilização de litologias diversas (xisto azul, grauvaque cinzento ou rosado, quarto branco) como material construtivo conferia grande realce na paisagem. A necrópole, com um tipo de construções funerárias diferente do megalitismo utilizado nos dois mil anos precedentes, alterou culturalmente o vasto espaço que ocupou em um campo de mortos, relacionado com um povoado que se desconhece - possivelmente, o próprio Castro da Cola, que não se sabe se teve ocupação no Bronze Pleno ou Inicial. A necrópole de Atalaia constitui a maior manifestação arquitectónica deste período em toda a região do Mira. Foi utilizada por muitas gerações, entre o Bronze Inicial e o Bronze Pleno, talvez mesmo durante todo o 2° milénio A.C., até ao Bronze Final. Nas suas sepulturas, foram enterrados (em decúbito fetal) pessoas importantes na comunidade, com pertences individuais ou oferendas funerárias em baixa quantidade: adornos de prata e vidro, de procedência mediterrânea, punhais de cobre, vasos e taças de cerâmica, de que um modelo característico é designado tipo Atalaia recipientes que deveriam conter líquidos (naturais ou beberagens fermentadas) e alimentos (Fig. 19) (Viana, 1959; Schubart, 1965; id., 1970; id., 1971; id., 1974; id., 1975; Parreira, 1995; id., 1998; Correia & Parreira, 2002; Vilhena, 2006; id., 2014). Depois de Atalaia, foram escavadas várias necrópoles semelhantes no Sudoeste: Alcaria 1 e 2 também junto do alto Mira na Cola (Fig. 20); Pessegueiro, Quitéria (Sines) e Corte Cabreira (Aljezur), no litoral (Beirão, 1973; Lago, 1995; Tavares da Silva & Soares, 1981; id. 1995; Soares & Silva, 1998; Gamito et al., 1991).

As semelhanças entre cistas mais antigas da necrópole de Atalaia da Cola e as congéneres escavadas no século XIX por Abel da Silva Ribeiro em Odemira e em Milfontes, induzem a pensar numa antiga ligação entre as partes superior e inferior do Mira no Bronze Inicial (Schubart, 1965).

Os povoados do Bronze Pleno de Odemira são ainda menos conhecidos. No Sul do país, praticamente não se conhecem povoados de altura deste período. Um poderá, contudo, estar em Odemira: o Cerro do Castelo de Vale Feixe. que é, claramente, o maior assentamento pré-histórico do concelho (Fig. 21). Ocupa seis hectares, entre um esporão e uma crista esguia unidos por um enorme terraço artificial e ambos delimitados por uma cintura de taludes defensivos. Na base da vertente sobre a ribeira que corre no sopé do Cerro do Castelo, existem duas cortas mineiras (uma dentro e outra fora da área do povoado) que poderão ter tido lavra pré-histórica o próprio esporão do Cerro do Castelo tem ao centro um grande chapéu-de-ferro (gossan). Uma vez que nunca se realizaram escavações arqueológicas neste importante lugar, não se detêm elementos para precisar a cronologia da ocupação pré-histórica; mas a íntima relação espacial e visual com a extensa necrópole de «tipo Atalaia» de Cemitério dos Mouros do Cerro dos Ferreiros (27 cistas, isoladas ou em duas mamoas gémeas com túmulos agregados), já parcialmente escavada e cuja cronologia, aferida pela sua arquitectura tumular, é do Bronze Pleno, pareça corroborar a atribuição cronológica dada ao povoado do Cerro do Castelo, de que dista 700m, sendo apartados por um profundo córrego (Fig. 22) (Vilhena, 2006; Vilhena & Alves, 2008; Vilhena, 2008; Vilhena & Gonçalves, 2011; Vilhena, 2014). No Vale Feixe, vê-se plasmado, na associação espacial existente entre o povoado do Cerro do Castelo e a necrópole do Cemitério dos Mouros do Cerro dos Ferreiros, o modelo de relação entre os maiores lugares dos vivos e os principais sítios dos mortos que, originado no Calcolítico, irá perdurar até à Idade do Ferro: o povoado é muito evidente na paisagem circundante e próximo de uma necrópole de arquitectura monumental que, neste caso, foi também instalada num ponto elevado e destacado do território do grupo que habitou em Vale Feixe , separados por uma linha de água ou um vale pronunciado. Cidade dos vivos de um lado, cidade dos mortos do outro.

Todavia, a este modelo bipolar clássico povoado-necrópole, um terceiro tipo de lugares funerários pode ser adicionado. As necrópoles imponentes da Idade do Bronze, de que Vale Feixe é exemplo, seriam, como os anteriores sepulcros megalíticos, monumentos de grande durabilidade e notabilidade paisagística. Verificou-se na escavação de muitas sepulturas de tipo cista datadas do segundo milénio A.C., evidentes indícios de anomalia ao modelo exclusiva e tradicionalmente admitido para este período pelos pré-historiadores: a suposta regra da inumação primária individual e definitiva (do mesmo modo dos rituais funerários romano e cristão, que perduraram até aos nosso dias). Este paradigma é excessivamente unívoco e linear, e, por isso, simplificador, logo, incorrecto perante a diversidade funerária da Idade do Bronze. Na verdade, perturbação de ambientes funerários, enterramentos múltiplos, seja em conexão anatómica ou apenas de partes esqueléticas (sobretudo crânios), foram desde há muito assinalados em cistas de diversas necrópoles do barrocal algarvio ou Baixo Alentejo central e litoral (Vilhena & Alves, 2008; Parreira, 2014). Convencionalmente, explica-se este fenómeno como excepcional, uma reminiscência do colectivismo funerário calcolítico. Mas também desde há muito que, prudentemente, foi relevado outro aspecto: se inumação e incineração são as práticas funerárias com maior visibilidade para os arqueólogos, tal não impossibilita que outros rituais pudessem ter existido em paralelo, como reenterramentos e reutilização pontual de cistas, ou mesmo que este tipo de sepulturas tenham sido também ossários (Veiga, 1891, p. 115-117, 206; Vasconcellos, 1897: passim).Finalmente, tem-se reconhecido que os rituais funerários da Idade do Bronze devem ser perspectivados na sua diversidade e que, consequentemente, a sua visibilidade arqueológica será múltipla (Vilaça & Cunha, 2005; Weiss-Krejci, 2005). No Cemitério dos Moiros de Vale Feixe, mas também nas cistas de Milfontes e Odemira escavadas por Abel Ribeiro no século XIX e em várias outras do Sudoeste, a presença de carvões indica a prática de algum tipo de ritual com uso de fogo, fosse cremação completa ou parcial (descarnação) ou purificação da câmara funerária (Vilhena & Alves, 2008).

É transcultural, no registos arqueológico e etnográfico, a operação dos quatro elementos da natureza ar (exposição), água (imersão), terra (inumação) e fogo (cremação) como soluções para abreviar, ocultar ou adiar o período de decomposição do corpo que se inicia na morte, pode-se-lhes ainda adicionar a excarnação, com ou sem endocanibalismo (Vilaça & Cunha, 2005). Uma vez concluído o processo de decomposição, era também comum a preservação para culto dos despojos funerários resultantes: armazenamento de cinzas, recolha de ossadas após exposição ou excarnação, e sua mobilização após sepultamento; até a entrega de cadáveres às águas, que parece ter sido mais frequente no Bronze Final e de que não resultariam despojos humanos manipuláveis, não significa privação de culto (os mortos poderiam ser venerados através do próprio local aquático). Para esse período de charneira entre o 2º e o último milénio A.C., documentou-se por todo o Ocidente europeu, que os crânios humanos encontrados, juntamente com objectos de bronze em lagos, rios, etc., parecem ter sido oferecidos às águas só depois de descarnados, pois outras partes do corpo (incluindo maxilares inferiores) são ausentes ou sub-representadas; sugere, por isso, que, de alguma forma, esses ossos humanos circulavam de novo entre os vivos, como se havia feito durante o Neo-Calcolítico, sendo posteriormente redepositados nos seus contextos originais, ou em outros locais (Brück, 1995). É admissível que algo similar tenha sucedido também ao longo da Idade do Bronze do Sudoeste, com mobilização pós-deposicional ou transladação de ossadas e/ou o reuso de sepulturas de necrópole. É, assim, possível perspectivar que se pode ter praticado rituais ou cerimónias que implicassem a abertura pontual ou cíclica de sepulturas, fosse para a sua simples reutilização com deposição de novos enterramentos (não necessariamente inumações primárias ou sequer completas), fosse devido a remobilização de (partes de) ossadas para a circulação cultual/cerimonial, como relíquias, entre os vivos já Leite de Vasconcellos (1897) descortinava um culto dos mortos como característica da Idade do Bronze, um factor de reunião e coesão das comunidades do Sudoeste (Parreira, 2014). Tal prática cultual não só seria consentânea com a utilização de cistas com maior probabilidade, aquelas providas de estruturas envolventes mais monumentais como ossários, sacrários ou relicários, como possivelmente significaria uma utilização e, sobretudo, frequência das necrópoles bem mais duradouro do que normalmente suposto, eventualmente, paralelo aos longos períodos de habitação dos povoados associados. Como é, aliás, sugerido no caso de Vale Feixe pela monumentalidade de ambos os sítios. Nesse caso, cabe a possibilidade de a decomposição inicial de cadáveres se ter processado noutros locais, previamente à sua deposição em necrópoles (Vilhena & Alves, 2008).

O problema reside em identificar que lugares poderiam ser esses. Logo Leite de Vasconcelos evocara o texto de Silio Itálico, Punica XIII, 471-474 (séc. I), acerca da variabilidade dos antigos costumes funerários: «Na terra ibérica é um abutre repelente que consome os mortos, costume que, segundo se diz, vem já de longe. Os Hircanos, quando morrem reis, julgam conveniente entregá-los aos cães»; Claudio Eliano referiu algo similar entre os Váceos da Meseta em Natur. Anim. X, 22: «despeitam os corpos dos cadáveres dos mortos por doença que consideram uma morte cobarde e afeminada, e entregam-nos ao fogo; mas os que perderam a vida na guerra consideram nobres, valentes e dotados de valor e, em consequência, entregam-nos aos abutres porque crêem que são estes animais sagrados» (Vasconcellos, 1897, p. 206; Lorrio, 1997, p. 1026; Marco Simón, 2005, p. 329). Mais antiga, a literatura grega conta como Jasão e os Argonautas se depararam na Cólquida, no Mar Negro, com o ritual de depositar os cadáveres masculinos envoltos em peles de boi nas copas de salgueiros à borda de água, para que fossem consumidos por aves. Tal não significava desconsideração ou abandono dos cadáveres, uma vez que os grandes animais necrófagos abutres, lobos, entre outros eram considerados seres psicopompos, guias ou portadores divinos dos mortos para o Além. Se, face conjuntos ao registo arqueológico das regiões ocidentais da Península Ibérica, o antigo conselho do prudente Leite de Vasconcelos tem sido considerado algo extemporâneo, porque nunca excarnação havia sido documentada na Península Ibérica, eis que, recentemente, foi no preciso centro-oeste desta que surgiram provas bioantropológicas de que tal sucedeu no Bronze Final recuado: aferiu-se que vários indivíduos foram enterrados em Tordillos (Salamanca), nesse período, com conexões anatómicas parciais (portanto, antes de finalizado o processo de decomposição) depois de estarem expostos entre seis meses a um ano aos agentes atmosféricos e a roeduras de canídeos (Esparza et aI., 2012).

Crê-se, devido ao arquivo etnográfico de várias partes do globo, que os locais de descarnamento seriam preferencialmente estruturas ou locais sobrelevadas e em sítios altos e arejados (penedos, plataformas de madeira). Mas situação topográfica inversa seria igualmente adequada. Grutas e abrigos rochosos constituíam ambientes adequados para a descarnação de corpos até à esqueletização, uma vez que permitem livre circulação de ar, mas podem ser ao mesmo tempo resguardadas da chuva, de outros eventos atmosféricos nefastos e de águas correntes. São também sítios onde não é difícil proteger os cadáveres da acção de necrófagos, bastando vedar temporariamente a entrada das cavidades durante o período de decomposição (de meses a poucos anos) (Bradley, 2000: cap. 2; Dowd, 2008). O uso funerário de diversas grutas-santuário do Centro e Sul do país durante a Idade do Bronze (Ibn-Amar ou Ladroeira Grande, Buraco da Moura de S. Romão) tem sido admitido (Gomes e Calado 2007).

Na área onde se encontra a necrópole do Cemitério dos Moiros de Vale Feixe e o seu Cerro do Castelo, junta-se-Ihes, a aprox. 1400 m da primeira, uma outra necrópole de cistas (compõem-na três ou quatro sepulturas de grandes dimensões, com eixo maior alinhado a norte-sul), designada Mesas. Esta está, de novo, no cume de um cerro insulado. E na umbria da base da íngreme vertente norte desse cerro, em pleno vale apertado e muito escavado da ribeira da Tamanqueira, existe o abrigo de Rocha da Hera, local recôndito e de difícil acesso. O abrigo é uma cavidade natural numa parede vertical de rocha de xisto, em cujo interior não se podem acomodar mais que duas ou três pessoas, mas suficientemente penetrante na escarpa e elevado sobre as águas correntes da ribeira (diz-se que nem a maior das cheias entrou na pequena caverna) para que se tenham conservado no tecto e numa parede lateral do interior da cavidade gravações de finas incisões de tipo filiforme que incluem figurações antropomórficas, de tipo esquemático-linear (Figs. 23 e 24). A Rocha da Hera contém, assim, o primeiro registo de arte rupestre próximo do litoral sudoeste. A cronologia desta gravuras rupestres situa-se entre o Calcolítico e a Proto-história, com maior probabilidade na Idade do Bronze. Paralelos para este tipo de pequenas figurações encontram-se em pequenas grutas, abrigos ou em suportes rochosos dissimulados ou pouco destacados entre outros afloramentos proeminentes. Este não era um tipo de "arte pública". Na Rocha da Hera, local quase imperceptível na paisagem circundante e que abriga diminutas figurações incisas, impossíveis de visualizar a partir do exterior, as gravuras apenas são discerníveis após vencer o obstáculo físico da entrada e a penumbra do interior do abrigo. O acesso ao seu interior é difícil, através de sucessivas barreiras físicas, e a visualização plena das superfícies gravadas do tecto quase impossível, a quem não estiver deitado ou agachado no interior do abrigo e a olhar para o tecto. A oclusão e consequente inibição do impacto visual destas gravuras seria intencional e figura como um dos elementos mais característicos da arte rupestre pré-histórica esquemático-linear lavrada através de traços filiformes. O acesso à iconografia seria restrito, excluído a quem não tivesse conhecimento prévio da sua presença (Vilhena & Alves, 2008). Existe também, em muitos destes conjuntos, uma incontornável e estreita relação com o elemento água, ligação também descortinada em relação às grutas com depósitos cultuais ou funerários do Bronze Final do Sul (Gomes & Calado, 2007).

O abrigo da Rocha da Hera é um lugar eminentemente lúgubre. Poderia prestar-se a um propósito funerário, pois é um micro-ambiente subterrâneo semicerrado e sombrio, escurecido pela cor negra dos xistos afloramento e pela penumbra, com constância de humidade elevada e temperatura baixa, onde a propagação do som é invulgarmente distorcido, cavernoso, e é permanente um odor peculiar e característico. Um lugar simultaneamente imperturbável e lúgubre, sensorialmente marcante, que induz, subliminarmente, a ideia de morte, onde a fase horrenda de decomposição dos mortos poderia ser oculta (Vilhena, 2006). Se a abreviação, adiamento ou afastamento da fase de decomposição dos corpos constituem objectivos de todos os rituais de tratamento de cadáveres, é plausível que o abrigo pode ter sido destinado à deposição de cadáveres no seu interior, sobre plataforma feita de material perecível. É possível que neste abrigo escondido no interior de um vale muito fechado se procedesse a descamação de cadáveres, para posterior deposição dos esqueletos nas cistas das necrópoles próximas de Vale Feixe e Mesas, ambas em sítios altos e conspícuos, assinaladas à distância por tumuli que parecem ter sido coroados de quartzos brancos luminescentes, sendo a última no próprio cume do cerro da Rocha da Hera. Este abrigo poderá ter sido escolhido para o efeito pela particular conjugação de características físicas e conceptuais apropriadas: obscuro, húmido, quase inacessível e em recôndito vale fechado, a fisionomia do abrigo recorda, inevitavelmente, as cosmologias de morte e renascimento associadas ao interior uterino da terra, cujo acesso é inegavelmente sugerido pela própria forma vulvar da fenda vertical aberta na formação rochosa (Fig. 25). A recreação artificial dos ambientes de gruta de subsolo seria, aliás, uma das razões porque os sepulcros megalíticos na Pré-história Recente eram edificados com câmaras circulares subterrâneas acessíveis desde o exterior por passagens estreitas (Lewis-Williams & Pearce, 2005, p. 194-195). No abrigo da Rocha da Hera, como grande maioria das antas e tholoi, as pessoas teriam de se agachar e apertar-se para aceder ao interior, onde apenas cabem duas ou três ao mesmo tempo: trata-se, assim, de espaço eminentemente restritos e vedados ao comum. São características naturais que foram reforçadas pela aposição de uma membrana cultural na superfície da rocha do interior do abrigo da Rocha de Hera, visível só em condições excepcionais (Vilhena, 2006; Vilhena & Alves, 2008; Vilhena, 2014).

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Fig. 1 - Planície litoral de Odemira, vista da serra de S. Luís para a foz do Mira, a poente.

Fig. 2 - Área do povoado calcolítico de Eira da Pedra – Bica da Areia, escavado em 2011 devido à ampliação da ETAR de Milfontes (vista para norte, 1998).

Fig. 3 - Área do povoado calcolítico de Vila Formosa 3, sondado em 2013 no âmbito da construção eminente de um complexo hoteleiro no local. Vista de sul (slide, 1998).

Fig. 4 - “Machado” mirense de Vila Formosa 3 (recolha de superfície, núcleo B do povoado calcolítico). Cortesia Miguel Serra (Palimpsesto, Lda.).

Fig. 5 - Localização do povoado do Bronze Inicial de Palheirão Furado (vista de norte).

Fig. 6 - Provável fosso circundante ao povoado de Palheirão Furado (Vilhena, 2014, Fig. 21).

Fig. 7 - «Machado» Mirense sobre macro-Iasca cortical de quartzito, de Palheirão Furado. Foto de Joel Rodrigues.

Fig. 8 – Aspecto da escavação do átrio da tholos de Vila Formosa 2. Cortesia de Miguel Serra (Palimpsesto, Lda.).

Fig. 9 - Vasos cerâmicos in situ recuperados na escavação arqueológica no átrio do monumento megalítico de tipo tholos de Vila Formosa 2 (período Calcolítico). Foto: Miguel Serra/Palimpsesto, Lda ..

Fig. 10 - Conjunto de laminas de rocha siliciosa local de encontrados na escavação arqueológica no átrio do monumento megalítico de tipo tholos de Vila Formosa 2 (período Calcolítico). Foto: Miguel Serra/Palimpsesto, Lda ..

Fig. 11 - Fragmento de taça cerâmica de Vila Formosa 2 com decoração campaniforme. Foto: Miguel Serra/Palimpsesto, Lda ..

Fig. 12 - Planta esquemática e espólio da tholos do Calcolítico de Amendoeira Nova (Colos). ln Leisner, 1965.

Fig. 13 - Monumento megalítico de Porto da Beiçuda (Castelão, S. Martinho das Amoreiras). Vista tomada de norte.

Fig. 14 - Povoado de altura, provavelmente fortificado, de Cerro da Bica (Luzianes, Odemira). Período Calcolítico ou transição à Idade do Bronze. Vista tomada de oeste.

Fig. 15 - Fragmentos de mó de vaivém de granito de Cerro da Bica (in Vilhena, 2008).

Fig. 16 - Povoado de altura aberto de Telheiro 1 (Santa Maria de Odemira), período Calcolítico. Vista tomada de leste.

Fig. 17 - Desenho esquemático e espólio das cista de Milfontes e Odemira, escavadas no séc. XIX por Abel da Silva Ribeiro. Transição Calcolítico - Idade do Bronze. In Veiga, 1891.

Fig. 18 - Túmulos de um dos núcleos da extensa necrópole da Idade do Bronze de Atalaia (Cola, Ourique). ln Correia e Parreira, 2002: 37.

Fig. 19 - Conjunto de taças cerâmicas Idade do Bronze da necrópole de Atalaia (Ourique). Foto: Ippar / Manuel Ribeiro, coI. Museu Regional de Beja.

Fig. 20 - Necrópole da Idade do Bronze de Alcaria 1A (Cola, Ourique). Foto: Ippar / Manuel Ribeiro.

Fig. 21 - Povoado de altura fortificado de Vale Feixe (Santa Maria de Odemira). Vista tomada de norte.

Fig. 22 - Aspecto de escavação de túmulo monumental da necrópole da Idade do Bronze de Cemitério dos Moiros do Cerro do Ferreiros de Vale Feixe (Santa Maria de Odemira). Idade do Bronze Pleno.

Fig. 23 - Abrigo com arte rupestre de Rocha da Hera (Santa Maria de Odemira), Calcolítico ou Idade do Bronze.

Fig. 24 - Pormenor de pequena figura antropomórfica filiforme do tipo esquemático-linear de Rocha da Hera. Calcolítico ou Idade do Bronze.

Fig. 25 - Aspecto frontal do abrigo com arte rupestre de Rocha da Hera.